Volta às aulas em Manaus expõe alunos, trabalhadores da educação e famílias inteiras à morte por Covid-19

Nesta 2ª-feira, 24/8, os alunos do ensino fundamental da rede estadual do Amazonas voltarão às aulas em Manaus. São 107 escolas do Ensino Fundamental, com dezenas de milhares de alunos, centenas de professores, centenas de funcionários de escola, além de mães, pais e demais familiares que voltarão a ter contato, se expor ao contágio do Covid-19 e agravar ainda mais a pandemia na capital, que foi uma das cidades mais gravemente atingidas pela pandemia

Nacional - 22 de agosto de 2020

Nesta 2ª-feira, 24/8, os alunos do ensino fundamental da rede estadual do Amazonas voltarão às aulas em Manaus. São 107 escolas do Ensino Fundamental, com dezenas de milhares de alunos, centenas de professores, centenas de funcionários de escola, além de mães, pais e demais familiares que voltarão a ter contato, se expor ao contágio do Covid-19 e agravar ainda mais a pandemia na capital, que foi uma das cidades mais gravemente atingidas pela pandemia.

O retorno dos alunos do fundamental, onde estão as crianças e adolescentes mais jovens, é gravíssimo, pois manter o distanciamento social nesta idade é ainda mais improvável. Mas esta medida criminosa é apenas a última etapa de um processo irresponsável e inadmissível.

Há mais de um mês e meio, em 6 de julho, já iniciou-se a volta às aulas de 60 mil alunos de escolas particulares, em mais de 200 instituições. No dia 10 de agosto, foi a vez de voltarem às aulas 110 mil estudantes em Manaus, 123 escolas da capital. Foram os alunos do Ensino Médio regular e da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Agora, voltarão ás aulas outros 110 mil alunos, do total de 220 mil.

Ainda não há previsão para retorno das aulas nas 62 cidades do interior do estado, e o governo do Amazonas alega que o retorno das aulas presenciais da rede pública estadual em Manaus segue as medidas de segurança em saúde. Pura mentira! Apenas Manaus, a capital do estado, tinha mais de 100 mil infectados e 2 mil mortos quando as aulas da rede estadual começaram a voltar, em 10 de agosto. E os números não param de crescer. Voltar as aulas neste momento é um crime, que pode se transformar num massacre.

Bolsonaro, Wilson Lima e Arthur Virgílio são farinhas do mesmo saco e agem como criminosos.

O governador Wilson Lima é o maior responsável pelo crime de impor a volta as aulas a mais de 220 mil alunos, colocando em risco a família de cada um deles, além dos milhares de trabalhadores da educação e também as famílias de todos eles. Mas Wilson Lima comete esta ação porque o presidente Bolsonaro, com quem fez dobradinha na eleição, estimulou o descaso com a pandemia e o desprezo pela vida dos brasileiros. Bolsonaro disse que as aulas nunca precisariam ter sido suspensas e pressiona governadores e prefeitos a reabrirem tudo que podem.

Por fim, também devemos responsabilizar o prefeito de Manaus, Arthur Virgilio. Virgilio, ao contrário de Wilson Lima, sempre foi adversário de Bolsonaro e chegou a atacar firmemente o presidente durante os piores momentos da crise dos hospitais em Manaus, pelo descaso de Bolsonaro. Mas Virgilio não é diferente de Wilson nem de Bolsonaro e também tem as mãos sujas de sangue. Além de ser um governo burguês e inimigo dos trabalhadores como os outros dois, Virgilio, no caso da reabertura das escolas de Manaus, poderia e deveria ter impedido. Mesmo que os alunos sejam da rede estadual, o prefeito poderia ter editado um decreto proibindo as aulas no município. Não fez isso e foi cúmplice da volta às aulas nas escolas privadas e agora nas públicas.

Eles são todos iguais e os trabalhadores devem impedir este retorno dos alunos às escolas, e preparar a luta para derrubar Arthur Virgilio e Wilson Lima, se somando à luta pelo Fora Bolsonaro/Mourão. Eles são todos genocidas e inimigos da educação, da saúde, dos trabalhadores, da infância e da vida da população de Manaus.

Infelizmente, a reação dos trabalhadores da educação deixou muito a desejar. Apesar de professores e funcionários terem realizado várias manifestações contra a volta às aulas, e do medo de serem expostos, o sindicato que representa os trabalhadores foi incapaz de chamar uma greve e impedir o retorno das aulas. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam) se manifestou contra o retorno das aulas na capital e pediu ao menos mais 30 dias de isolamento para que houvesse maior redução da taxa de infecção pelo novo coronavírus (um prazo completamente insuficiente), mas nem isso obteve, e nem assim chamou a greve.

Esta omissão é imperdoável e torna urgente a necessidade de uma nova direção para os trabalhadores da educação, que precisam de um sindicato combativo de verdade, de luta e que dirija a categoria com firmeza, sem aceitar que as vidas de professores e funcionários sejam expostas desta forma, junto com todos os alunos.