Tragédia da Covid-19 mata Agnaldo Timóteo, cantor e político que defendia a ditadura, Lula e Maluf.

O cantor e político Agnaldo Timóteo faleceu neste dia 3/4, aos 84 anos, por complicações da covid-19, após ficar internado desde o dia 17 de março. Considerado um cantor com uma voz marcante, há muito tempo ele não produzia nada relevante como artista, sendo um dos últimos representantes de um estilo brega que perdeu público nas últimas décadas. Mas, além de um cantor discutível, Timóteo era um reacionário indiscutível.

Nacional - 5 de abril de 2021

O cantor e político Agnaldo Timóteo faleceu neste dia 3/4, aos 84 anos, por complicações da covid-19, após ficar internado desde o dia 17 de março. Considerado um cantor com uma voz marcante, há muito tempo ele não produzia nada relevante como artista, sendo um dos últimos representantes de um estilo brega que perdeu público nas últimas décadas. Mas, além de um cantor discutível, Timóteo era um reacionário indiscutível.

Como vereador em São Paulo, ele atacou uma proposta da então ministra do Turismo, Marta Suplicy, de combater o turismo sexual. Para Agnaldo Timóteo, um turista que veio ao Brasil em busca de prostituição infantil e pedofilia não podia ser considerado criminoso. Timoteo disse: “Agora, assume a Marta Suplicy e a primeira proposta dela é para acabar com o tal do turismo sexual.

Pelo amor de Deus minha gente, vai prender um turista porque ele levou pro motel uma menina de 16 anos? É brincadeira! As meninas com um popozão desse tamanho, os peitos como uma melancia e rodando bolsinha, aí o turista pega e passa a ripa. Tenha piedade”, afirmou (matéria do colunista Leonardo Sakamoto, em UOL). “O cara [turista] não sabe por que ela está lá. Ele não é criminoso, tem bom gosto”, disse. Acusado por colegas de relativizar a exploração sexual de adolescentes, ele pediu para que os comentários fossem excluídos dos registros da Câmara. Mas provocou uma das vereadoras, perguntando quando tinha sido o seu primeiro relacionamento. Dias depois, com a polêmica instalada, negou que tivesse defendido o turismo sexual .

Além de defender a exploração sexual de menores por turistas sexuais, Agnaldo Timóteo, assim como Bolsonaro, já defendeu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo como torturador durante a ditadura. Durante uma reunião da Comissão da Verdade do município, criticou o trabalho de busca de ossadas em valas clandestinas de cemitérios: “é insuportável a maneira parcial com que todos que vão lá e falam do regime”. “Se acharam 1.000 corpos lá [no cemitério de Perus], e descobriram que um era vítima do regime, deveriam perguntar: era inocente ou um terrorista disposto a matar? Então, tem que estar disposto a morrer”, completou. No mesmo ano de 2012, ele já havia exaltado a ditadura e defendido os militares que mandaram “meter porrada” em opositores. “É uma lástima que os meios de comunicação não se disponham a contar as coisas maravilhosas que foram realizadas neste país pelo regime militar.”.

Sobre a homossexualidade, em 2017, em depoimento para o documentário “Eu, pecador”, sobre sua vida, Agnaldo Timóteo revelou que teve alguns “romances com homens”, mas, apesar disso, não apenas se dizia heterossexual, como era extremamente homofóbico. “Isso não existe, isso é uma mentira”, disse ele sobre a cantora Daniela Mercury ter assumido ser homossexual, e se casar com sua companheira. “Casamento é só entre macho e fêmea. Não existe casamento entre dois homens ou duas mulheres.”

Um político inimigo dos trabalhadores.

O político Agnaldo Timóteo era o típico oportunista. Foi deputado federal em dois mandatos, vereador pelo Rio de Janeiro por quatro anos e em São Paulo por mais oito anos. Foi filiado ao PDT, PDS, PPR, PPB, PP, PR e MDB, além de quase se filiar ao PT, para o qual foi convidado por Lula.

Timóteo sempre foi apoiador do ex-governador de SP Paulo Maluf (PP), ícone da direita mais corrupta do país e candidato da ditadura nas eleições indiretas de 1985, vencidas pela chapa Tancredo/Sarney. Com o passar dos anos, Maluf terminou sendo aliado do PT e grande parceiro de Lula, com ambos lançando Haddad à prefeitura de SP. Agnaldo Timóteo embarcou junto, e até sua morte era grande amigo e apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com o petista presidente, Timóteo passou a se auto intitular “autêntico socialista” e a defende-lo continuadamente. Seus discursos na Câmara de São Paulo, onde passou oito anos, eram marcados por esse dualismo: elogiava Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, então no cargo, mas não deixava de fazer referências ao período de ditadura militar, aclamando a educação básica da época, e a Paulo Maluf. Em 2019, declarou: “Eu morro pelo Lula (…) e o Lula disse: ‘se um dia você quiser ir para o PT, eu assino a ficha’. Eu já assinei, estou indo”, completou.

É curioso como, após a morte, todos viram “santos” no Brasil. Foi assim até com ditadores como Geisel e Figueiredo, elogiados após morrerem até mesmos por políticos de “esquerda”, como Lula.

A morte de Agnaldo Timóteo é uma grande dor para seus familiares, amigos e fãs, e faz parte da maior tragédia brasileira nos últimos séculos, com mais de 330 mil pessoas mortas por Covid-19 no país! Mas isso não pode apagar o papel lamentável que muitas pessoas tiveram, ainda mais quando se foi uma figura pública por mais de 50 anos e político por muitos mandatos, como foi o caso de Agnaldo Timóteo.