Resolução do MRS sobre o Haiti

Em reunião nacional da coordenação da Central Sindical e Popular, CSP-Conlutas, por proposta do Movimento Revolucionário Socialista, foi aprovada as seguintes resoluções de apoio à luta dos povos do Haiti e do Afeganistão, baseada nos manifestos assinados pelos partidos que compõem o CRIR – Comitê pelo Reagrupamento Internacional dos Revolucionários.

Sindical - 30 de novembro de 2021

Em reunião nacional da coordenação da Central Sindical e Popular, CSP-Conlutas, por proposta do Movimento Revolucionário Socialista, foi aprovada as seguintes resoluções de apoio à luta dos povos do Haiti e do Afeganistão, baseada nos manifestos assinados pelos partidos que compõem o CRIR – Comitê pelo Reagrupamento Internacional dos Revolucionários.

Resolução do MRS sobre o Haiti

O Haiti continua sofrendo a ingerência do imperialismo, sendo utilizado por países estrangeiros para explorar seus recursos naturais e seus trabalhadores em regime de semi-escravidão. Com a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), entre 2004 e 2017, essa exploração foi direta, sob ocupação militar, o que deixou um rastro de destruição, morte, doenças, fome, miséria e estupros, incluindo crimes de violência sexual contra mulheres e crianças pela MINUSTAH.

Lula foi o responsável por fazer do Brasil um agressor e ocupante deste país, inclusive liderando as tropas que levaram a cólera ao Haiti, e mataram milhares de haitianos, via fome, balas e doenças, além de realizarem estupros e todo tipo de violência e ataques às liberdades e direitos humanos da população do Haiti. Após Lula, Dilma e Temer mantiveram as tropas brasileiras agredindo os haitianos.

Mas nem a saída das tropas de ocupação resolveu o problema nem devolveu a soberania ao Haiti. Há 4 anos, tudo continua com a mesma essência, mas com uma aparência diferente. Agora, quem governa o Haiti, embora tente ocultar, é o Core Group, formado pelos embaixadores dos Estados Unidos, França, Espanha, Brasil, Alemanha, Canadá, Uniao Europeia, além de representantes da ONU e da OEA. O Core Group não governa o Haiti diretamente, mas seus membros o fazem por meio de seu poder diplomático, com o qual mantêm o controle de todas as decisões políticas mais importantes do país, incluindo a nova Assembleia Constituinte, quais serão os líderes do Haiti, o seu regime de exploração econômica, etc.

As tropas MINUSTAH chegaram ao Haiti após o golpe contra o presidente Aristides, e depois a ONU assumiu a fachada de ocupação, para disfarçar o intervencionismo das nações imperialistas, em nome de quem a ONU agiu. O Core Group, agora, faz o mesmo, dirigindo os governos do Haiti a partir do exterior, impondo presidentes que o povo não reconhece como legítimos, e que massacram os trabalhadores deste país.

Estas forças estrangeiras impuseram o ditador Jovenel Moise, morto recentemente, e, depois de sua morte, decidiram novamente quem seria seu sucessor. O Core Group é o cartel de nações que continuam controlando as instituições e as leis que o capitalismo e a burguesia internacional definiram para o Haiti, sem nenhum poder popular ou democracia.

Neste exato momento, tropas imperialistas estão na fronteira da República Dominicana com o Haiti, apoiadas pelo governo dominicano, para invadir novamente o Haiti, a pretexto de libertar norte-americanos que estariam sequestrados.

É urgente expulsar o imperialismo e o Core Group do país e garantir que os haitianos definam seu futuro. Expulsar o Core Group significa exigir a dissolução desta organização internacional e de todas as suas reuniões ou resoluções, além de expulsar todos os agentes militares e assessores estrangeiros que ainda se encontram no país, rejeitando todas as leis impostas sem voto popular e garantindo imediatamente o direito do povo haitiano de escolher seu governo, fazer suas leis e controlar suas riquezas e defesa militar, sem aceitar qualquer decisão estrangeira.

Por isso, a CSP-Conlutas resolve:

  1. Defender o povo haitiano denunciando a presença do imperialismo, do Core Group e dos governos fantoches que eles escolhem sem participação popular, exigindo a expulsão de todos eles.
  2. Abaixo qualquer nova invasão do Haiti, independente do pretexto.
  3. Que as fronteiras de todos os países sejam abertas aos imigrantes haitianos.
  4. Que o povo haitiano decida seu próprio destino.
  5. Todo apoio aos organismo de luta dos trabalhadores haitianos. Abaixo o governo corrupto e ilegítimo. Por um governo dos trabalhadores e explorados.

Resolução sobre o Afeganistão

-Desde os ataques às Torres Gêmeas em 2001, 38 milhões de pessoas tornaram-se refugiadas como resultado direto das guerras perpetradas pelo imperialismo norte-americano. Entre eles estão mais de seis milhões de afegãos, e esse número está crescendo rapidamente.

-Os Estados Unidos intervieram no Afeganistão muito antes de invadir o país com seus aliados em 2001 e de lançar a “guerra contra o terror” em nome da “democracia”.

-Na década de 1980, os Estados Unidos financiaram e apoiaram fundamentalistas que depois criaram o Talibã, sempre de olho nos interesses geopolíticos da região e na riqueza dos recursos naturais afegãos. Em 2001, as forças da OTAN se juntaram, igualando-se às dos Estados Unidos em sua brutalidade.

-As poderosas forças do imperialismo desencadearam vinte anos de massiva carnificina enquanto a indústria armamentista contabilizava seus lucros. 164.000 afegãos foram mortos – dos quais 47 mil civis – e inúmeros outros feridos. Tudo isso enquanto as forças dos Estados Unidos e OTAN cometiam crimes de guerra com total impunidade.

-Antes mesmo das forças de ocupação se retirarem em agosto de 2021 o governo fantoche entrou em colapso e o presidente Ashraf Ghani fugiu. Os Estados Unidos, a OTAN e todos os regimes cúmplices da política externa norte-americana são os responsáveis ​​pela crise que hoje se desdobra no Afeganistão, hoje em situação muito pior do que em 2001.

-Em seu lugar, um outro inimigo dos direitos operários e populares, o Talibã, ressurgiu. O Ministério para a Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício voltou, tentando recuperar o controle sobre todos os aspectos da vida de meninas e mulheres. O preço dos bens essenciais dispararou. O desemprego é alto e a fome ameaça em meio ao caos político e uma forte seca.

-A interferência dos EUA na região não terminou, apenas assumiu uma nova forma. O secretário de Estado Antony Blinken declarou uma política militar “além do horizonte”, que é um novo capítulo nas relações dos Estados Unidos com o Afeganistão. Os Estados Unidos continuarão a usar ataques de drones contra alvos civis e militares que atrapalharem os objetivos imperialistas na região.

-O povo afegão deseja a paz depois de vinte anos de guerra e ocupação militar. A expulsão dos Estados Unidos e das tropas estrangeiras é uma vitória das massas afegãs, que o Talibã se beneficia, se apropriando da resistência popular que tornou insustentável a presença do imperialismo por mais tempo, assim como ocorreu antes no Iraque, de onde os EUA também tiveram que sair fugindo.

-Mas para haver a paz desejada pelos trabalhadores é preciso lutar contra o novo governo teocrático dos talibãs, pelos direitos democráticos, contra a opressão às mulheres e aos LGBTQIA+, pela reforma agrária e contra o capitalismo, que os talibãs mantêm intacto, apenas sob um novo regime.

-Neste momento, há muitos ativistas perseguidos e sofrendo violência no Afeganistão, entre eles membros da Esquerda Radical do Afeganistão, que contribuem com uma publicação chamada Eteraz ou “O Protesto”, que vinha sendo distribuído entre estudantes, professores, ativistas contra a ocupação, e pessoas que se opunham ao regime de Ashaf Ghani, incluindo mulheres e a oposição anti-Talibã na maioria das províncias do país. Hoje, a equipe e os escritores do Eteraz e suas famílias estão escondidos. Apesar da perseguição contra eles pelo Talibã, eles mantêm sua revista online.

A CSP-Conlutas se solidariza com os lutadores afegãos, em especial as mulheres que estão resistindo, e defende:

  • Fora imperialismo do Afeganistão e de toda a região
  • – Indenizações de guerra ao povo afegão pagas pelos Estados Unidos e pela OTAN. Sem nenhum condicionamento.
  • – Abrir imediatamente as fronteiras dos Estados Unidos, das nações da OTAN e de qualquer país capaz de receber refugiados do devastado Afeganistão
  • – Fim dos ataques de drones dos EUA e de qualquer outra forma de intervenção imperialista
  • – Abrir as escolas para todas as meninas no Afeganistão e permitir que as mulheres trabalhem fora de casa
  • – Apoiar a resistência de trabalhadores, jovens, LGBTQIA+, socialistas, mulheres, ativistas dos direitos humanos e lutadores em geral contra o Talibã.
  • – Abaixo o regime talibã. Por um governo dos trabalhadores.
  • – Por um Afeganistão livre, soberano, socialista, laico e sem machismo e LGBTfobia.