Renda média do trabalhador é a mais baixa em 10 anos, e inflação segue crescendo.

Conforme apurado pelo boletim Desigualdade nas Metrópoles, a renda média nas regiões metropolitanas do Brasil segue despencando e nunca foi tão baixa nos últimos 10 anos. No segundo trimestre de 2021, a renda domiciliar per capita do trabalho foi estimada em R$ 1.326 nas regiões metropolitanas.

Nacional - 7 de outubro de 2021

Conforme apurado pelo boletim Desigualdade nas Metrópoles, a renda média nas regiões metropolitanas do Brasil segue despencando e nunca foi tão baixa nos últimos 10 anos. No segundo trimestre de 2021, a renda domiciliar per capita do trabalho foi estimada em R$ 1.326 nas regiões metropolitanas.

Após 600 mil mortes por Covid-19 serem contabilizadas oficialmente no Brasil (o número real é muito maior), e mesmo com toda a economia aberta e o avanço da vacinação, a economia segue no fundo do poço. A política neoliberal e genocida do governo Bolsonaro pregava que valia a pena deixar alguns “milhares de velhinhos morrer” em nome de fazer a economia crescer. Mas, após 1 ano e meio de pandemia, morreram centenas de milhares de “velhinhos”, adultos e crianças, e a economia nunca esteve tão destruída. 

A inflação chegou aos 10% no último um ano. O número de desempregados e subempregados é de quase 80 milhões de pessoas, sendo que a informalidade dos que têm algum tipo de renda é recorde, sendo 40,8% dos trabalhadores. O boletim que identificou a pior renda média em 10 anos utilizou micro dados da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A renda domiciliar per capita corresponde ao rendimento total do trabalho dividido pela quantidade de pessoas em cada residência. Os números levam em conta a inflação e refletem apenas os ganhos com atividades profissionais. Ou seja, recursos de benefícios sociais, como auxílio emergencial e aposentadorias, não entram no cálculo.

Além da média de rendimentos estar caindo, são os mais pobres os que mais perderam renda. Os mais ricos, por sua vez, tiveram uma perda menor de rendimento no último ano. No segundo trimestre de 2021, a renda dos 40% mais pobres foi estimada em R$ 177 nas regiões metropolitanas. A marca está 22,1% abaixo do patamar do primeiro trimestre de 2020. Se viver com a média geral de R$ 1326 já é muito difícil, o que dizer de 40% das pessoas, que têm que viver com uma média de R$ 177? É por isso que passou a existir fila até para receber osso, e a fome está se multiplicando.

Enquanto, em um ano, os mais pobres perderam 22% do pouco que já recebiam, os 10% mais ricos da população tiveram perdas também, mas bem menor. O rendimento médio deste setor caiu 8,3% em um ano, e hoje é de R$ 6.430. Podemos ver que, no Brasil, até a grande maioria dos “10% mais ricos” é, na verdade, formada por trabalhadores explorados, que ganham pouco e estão ganhando cada vez menos. O 0,1% desta camada “mais rica” é quem, de fato, é rico. E, para estes, não houve perda nenhuma, pois seguem explorando os outros 99,9%.

O boletim contempla 22 metrópoles brasileiras. O maior rendimento médio foi registrado na região metropolitana de Florianópolis (R$ 2.129), e o menor, na Grande São Luís (R$ 699), mostrando que o empobrecimento é geral, em todo o país, mas ainda muito pior em alguns estados e regiões. Esta concentração de riqueza de um lado e a disseminação da pobreza, da fome e das dívidas para o conjunto da classe trabalhadora exige uma resposta urgente, que passa pela luta nas ruas, pelo Fora Bolsonaro/Mourão, Fora Todos e pela construção de um governo dos conselhos populares, das organizações de luta dos bairros, dos sindicatos combativos e da democracia direta dos explorados, com as mulheres, negros, LGBTQIA+ e demais setores oprimidos à frente.

Não há saída por dentro do capitalismo e muito menos através da farsa eleitoral que a democracia burguesa oferece a cada 4 anos. Ganhe quem ganhar as eleições de 2022, a vida vai seguir piorando. A única saída é uma revolução dos 99% de explorados, ao mesmo tempo em que se construa uma direção revolucionária capaz de estar junto das massas em luta para destruir o atual sistema.