Quem foi Benedita Farias?

Nosso coletivo surgiu em março de 2021 no intuito de ser ferramenta para impulsionar mais ainda a luta das mulheres e, em particular, a luta da mulher da classe trabalhadora. Essa mulher está no cotidiano da fábrica, nas escolas, nos hospitais prestando infinitos serviços importantes à sociedade. Muitas vezes são serviços e trabalhos precarizados como os  serviços de entrega via aplicativos. Benditas mulheres trabalhadoras... E para bem dizer tantas mulheres, vamos apresentar a trabalhadora que dá nome ao nosso coletivo Ação Feminista Benedita Farias.

Mulheres - 1 de maio de 2021

Nosso coletivo surgiu em março de 2021 no intuito de ser ferramenta para impulsionar mais ainda a luta das mulheres e, em particular, a luta da mulher da classe trabalhadora. Essa mulher está no cotidiano da fábrica, nas escolas, nos hospitais prestando infinitos serviços importantes à sociedade. Muitas vezes são serviços e trabalhos precarizados como os  serviços de entrega via aplicativos. Benditas mulheres trabalhadoras… E para bem dizer tantas mulheres, vamos apresentar a trabalhadora que dá nome ao nosso coletivo Ação Feminista Benedita Farias.

Este será o 1º Dia do Trabalhador sem a presença dessa companheira valorosa, determinada, alegre, leve, solidária e revolucionária. Nessa data, a companheira muitas vezes organizou a Feijoada do Trabalhador, evento que acontecia após os atos de 1º de Maio em Belém no intuito de promover lazer àqueles que lutam, mas que também precisam confraternizar com os seus para renovar as forças. Para ela, um mundo melhor só existiria com uma Revolução que derrubasse o capitalismo com toda a exclusão e miséria que esse sistema carrega. Assim cremos também.

Maria Benedita Ribeiro Farias (07/07/1964-14/09/2020) paraense, nasceu “menina única” em meio a três irmãos. Por mais de 30 anos, foi servidora pública, atuando como técnica de enfermagem em hospitais e unidades de saúde tanto no município de Belém quanto na rede estadual. Foi uma das fundadoras do primeiro sindicato de enfermagem da capital do Pará. Em sua atuação política, Benedita participou da fundação do Movimento Revolucionário Socialista (MRS), agrupamento político no qual militou em âmbito regional e nacional, sendo uma de suas lideranças.  Ainda como militante do MRS, reivindicava a CSP-Conlutas e, por dentro desta central, fez parte da executiva do MML ( Movimento Mulheres em Luta).

Bena conhecia bem o descaso dos governos com os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, por isso sempre estava a postos para as reivindicações de direitos para sua categoria. Como exemplo de sua atuação, em 2008, ela esteve à frente de uma das maiores greves da área de saúde do município de Belém. Naquele momento  inúmeros agentes de saúde estavam sendo demitidos. Enquanto isso acontecia, as comunidades tinham seu acesso aos atendimentos básicos de saúde mais limitados com a precarização do Programa Família Saudável. Bena lutou para que tudo isso se revertesse.

Esteve, também, à frente da greve estadual pela oposição à majoritária do SINDSAÚDE  no ano de 2017; esta greve, que não acontecia há 26 anos, fez trabalhadores e trabalhadoras enfrentarem não só o governo, mas também a CUT ( majoritária), que não aceitava  o movimento paredista. Infelizmente essa greve foi traída.

Como liderança, Benedita Farias conquistava o respeito das pessoas, a amizade delas, mas principalmente as ganhava para a luta. Foi o que aconteceu com Josieli Pereira e Nílvia Batista, ambas técnicas de enfermagem.  Colegas e amigas de trabalho de longa data, contam terem sido ganhas para a luta sindical por causa da atuação de Benedita na luta direta contra as más condições de trabalho e em defesa da dignificação do trabalhador da saúde e também em prol da integridade do serviço público prestado à comunidade.

Onde havia luta por direitos, lá estava ela com sua solidariedade de classe ajudando companheiros fossem eles da educação, dos bancários, dos correios ou de outra categoria que precisasse de seu esforço militante. Muitos a consideravam uma guerreira por lutar por direitos, sem esquecer seus deveres, e isso significou para a camarada sair direto de plantões para reuniões, atos, assembleias, movimentos; criando tempo onde não havia para atuar politicamente.

As três ou quatro horas que deveriam ser destinadas ao descanso, Benedita as empregava no movimento social, sindical e nos cuidados com os pais idosos os quais não deixava de visitar um dia que fosse. Esse lado da vida de Benedita revela uma realidade comum a milhares de mulheres trabalhadoras que precisam escolher entre descansar ou cuidar da casa; descansar ou cuidar dos pais, dos filhos; lembrar de si ou esquecer dos outros enquanto se deslocam de um ponto a outro nas cidades do Brasil. Essas são as “guerreiras”, no sentido falso da palavra, pois é o nome que o Capitalismo dá às mulheres exploradas dupla ou triplamente até a  exaustão.

Sabendo disso, Benedita buscou do jeito que pôde conscientizar muitas mulheres trabalhadoras (ou não) sobre a exploração e a opressão que sofremos independentemente do lugar que ocupamos na sociedade. Em 2020, Benedita acabou contraindo Covid-19. Ficou doente, mas otimista, acreditou em sua recuperação. E de fato, melhorou; festejou aniversário em julho de 2020. Mas as sequelas da doença levaram nossa camarada depois de longo período de internação.

Benedita (ou Bena) ainda hospitalizada, disse à sua amiga Josieli uma frase da qual desconhecemos a autoria, mas que caracteriza todos os lutadores: “guerreiro tomba, mas não morre.” Não morre mesmo, né? “vira escudo para os que continuarão a luta”. Ficamos honradas de sermos parte das que continuarão carregando o nome dela em nossas bandeiras: Benedita Farias! PRESENTE!

Ação Feminista Benedita Farias