Prisão para Bolsonaro e todos os golpistas.

Neste dia 8 de janeiro, 2 anos e 2 dias depois da invasão do capitólio por milhares de manifestantes golpistas nos EUA, centenas de seus similares brasileiros tentaram repetir a ação ocupando o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso. Um ataque patético, isolado das massas e que também dá a dimensão do isolamento de um setor da direita radical abandonado por todos os congressistas, burgueses e qualquer setor das Forças Armadas.

Nacional - 9 de janeiro de 2023

Neste dia 8 de janeiro, 2 anos e 2 dias depois da invasão do capitólio por milhares de manifestantes golpistas nos EUA, centenas de seus similares brasileiros tentaram repetir a ação ocupando o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso. Um ataque patético, isolado das massas e que também dá a dimensão do isolamento de um setor da direita radical abandonado por todos os congressistas, burgueses e qualquer setor das Forças Armadas.

Como escreveu Marx, a História acontece pela primeira vez como tragédia e se repete como farsa. A versão brasileira do já fracassado e quixotesco ataque ao Capitólio nos EUA é mais uma prova disso.
As diferenças do “putch” norte-americano começam pelo fato de que o “assalto ao poder” em Brasília se deu num domingo! Diferente dos EUA, quando a invasão ocorreu num dia útil, com os congressistas presentes e com o objetivo (alcançado) de interromper a sessão parlamentar, no Brasil não havia deputados nem sessão nem absolutamente nada no domingo da invasão.

Afora móveis e vidros, a ação da extrema direita não confrontou diretamente ninguém. Nos Estados Unidos, os criminosos não passavam de poucos milhares, e não conseguiram ser expressão de algum setor de massas; mas no Brasil eram em número ainda muito menor, e só puderam ocupar os prédios porque os policiais lhes permitiram. Estes são tão ou mais culpados do que os que provocaram a invasão.
Os golpistas de agora repetem o que Sara Winter e suas dezenas de seguidores fizeram contra o STF no início do mandato de Bolsonaro, atirando rojões em direção ao prédio, e depois sendo dispersados e tendo sua liderança presa.

Seja como for, a ação de centenas de pessoas da direita radical deve ser punida com força, e assim com todos os que financiaram a atividade e os políticos que dirigiram este movimento, a começar por Bolsonaro. Todos eles precisam ser presos e, no caso dos que têm mandato, devem ser cassados. Os golpistas devem ter seus bens expropriados e a rede de direita radical a qual pertencem precisa ser destruída.

Uma ação descolada da burguesia, das Forças Armadas e do imperialismo, que deve isolar ainda mais a direita radical.

A ação dos golpistas foi uma atitude completamente incompatível com a atual correlação de forças entre as classes sociais e mesmo em relação à posição amplamente hegemônica da burguesia nacional e imperialista, de deixar que Lula governe. Os principais setores da burguesia mundial estiveram com Lula desde o começo, e estão ainda mais fechados com ele. A começar pelos burgueses e governo dos Estados Unidos. Da mesma forma na Europa e na China.

Bolsonaro e o intento golpista de uma parte bastante minoritária de seus apoiadores não têm o apoio de nenhum governo burguês. Internamente, os banqueiros e principais burgueses donos de indústrias, empreiteiras, grandes comércios, redes de televisão; estão com Lula desde o início da eleição. Os demais burgueses, incluindo a maioria da burguesia do campo e dos transportes, apoiou Bolsonaro nas eleições mas, diante da sua derrota, quer apenas que o novo governo mantenha seus benefícios e possam lucrar “em paz”. Nem os deputados e senadores próximos de Bolsonaro respaldam a ação golpista, porque isso atrapalha seus próprios mandatos e negócios. Ou seja, a ação deste 8/1 foi um gesto isolado das massas, sem qualquer sustentação social e que acabou se transformando num “presente” para Lula e o PT.

O feito golpista serviu apenas para que Bolsonaro corra o risco de ser expulso dos Estados Unidos; e a burguesia e as instituições do Estado burguês se unificarão ainda mais em torno da estabilidade democrática-burguesa e da defesa do mandato de 4 anos de Lula.

Lula e o seu governo com Alckminn, patrões, milicianos e traidores da esquerda se fortalecem neste momento, pois, aparentemente, ganha peso seu discurso exigindo o voto e o apoio nas eleições, em razão de serem a “barreira contra o fascismo”. Na realidade, a ação isolada e fracassada de alguns poucos golpistas coloca abaixo a tese da “frente ampla burguesa contra o fascismo”, mas o PT e seus partidos apêndices tentarão demonstrar o oposto.

Lula e o governo sabiam do ataque e também foram coniventes.

É impossível que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), todos sob o comando e ordens do PT, não soubessem que este ataque ocorreria. Aliás, a imprensa divulgou isso. Os grupos de WhatsApp falavam disso há semanas. Tudo foi monitorado. Os ônibus levaram dias para chegar a Brasília. Seus integrantes postaram cada detalhe do que iriam fazer. Então, além da cumplicidade da Polícia Militar do Distrito Federal, que só faltou distribuir café aos golpistas, as forças policiais e institucionais ligadas diretamente ao governo Lula também permitiram a ação. Sabiam e deixaram acontecer. Por quê?

Justamente por que não havia risco nenhum. Os prédios estavam praticamente vazios, sem nenhuma autoridade, sem funcionar… E, depois da invasão e depredação realizadas, absolutamente inócuas e sem nenhuma perspectiva de levar a algo novo, o governo que recém assumiu recebeu o salvo-conduto para prender os golpistas de Brasília, finalmente dissolver os acampamentos bolsonaristas nos demais estados, intervir sobre o DF – cujo governador é opositor de Lula-, e usar a Força Nacional de Segurança com menos de 15 dias de governo, apoiado pela imprensa e até por adversários… Neste contexto, foi muito conveniente deixar acontecer as invasões e quebras de vidraças.

Com este precedente, Lula poderá e deverá usar uma repressão ainda mais contundente nas próximas vezes, para combater quem for, caso ameace a conclusão do seu mandato ou suas medidas. Ou seja, os fanáticos bolsonaristas acabaram dando um grande “tiro no pé”, que também respingará sangue na esquerda combativa, que será chamada e tratada como terrorista na primeira ação direta que venha a efetuar contra o governo burguês e inimigo dos trabalhadores de Lula/Alckmin. E o PT, que criou a FNS e a Lei Antiterror, e criminalizou ainda mais as lutas sociais, agora poderá agir ainda mais livremente em seu plano neoliberal, alegando a defesa do “Estado Democrático de Direito”.

A capitulação criminosa da esquerda reformista ao Estado burguês.

Rechaçamos de forma absoluta e imediata o simulacro de “putch” ou tentativa de chamar a atenção para que alguém desse um golpe, ocorrido neste dia 8. Mas temos que dizer a verdade: nunca houve, e ontem menos ainda, a possibilidade de um golpe antidemocrático no Brasil, e muito menos a instalação de um regime fascista. A ação de um grupo reduzido de golpistas não muda em nada esta realidade. Na prática, a confirma. Neste dia 8 ficou explicitado quem são os golpistas brasileiros: nenhum divisão do exército, marinha ou aeronáutica. Nem sequer um único batalhão. Ninguém. Zero apoio efetivo entre as

Forças Armadas. Nenhum setor burguês. Nenhum congressista. Nenhum setor de trabalhadores. Nenhum setor de massas. A ação se resumiu a poucos golpistas radicalizados que não dirigem absolutamente nada no movimento nem conseguem mobilizar setores mais amplos. A demonstração deste domingo provavelmente vai representar o fim dos acampamentos que até então existiam em dezenas de cidades e o esfacelamento desta articulação de um golpe que nunca esteve colocado como uma possibilidade concreta.
Neste sentido, somos favoráveis à construção de atos no dia 9/1 e faremos parte deles. Exigindo punição severa aos golpistas e o esmagamento dos acampamentos e grupos bolsonaristas que estão nas ruas.

Mas não estaremos nas ruas para defender o governo burguês e patronal de Lula/Alckmin, e muito menos para defender o Estado burguês ou a democracia-burguesa. Sim, os defenderiamos diante de um golpe autoritário que caminhasse para uma ditadura, e mais ainda contra um perigo fascista real. Mas não é este o caso. O imperialismo, a burguesia nacional, a mídia e todas as instituições burguesas estão com Lula. Não existe nenhum golpe.

Vivemos a democracia-burguesa, que é uma das faces da ditadura de classe do Estado burguês. Seremos a linha de frente do combate a qualquer golpe real que se tente dar, mas não podemos, em nome de um golpe imaginário, justificar um injustificável apoio ao governo burguês de Lula. PT, PSB, PCdoB, PSOL e UP se somaram e são parte deste governo burguês, ao terem participado do governo de transição ou dos cargos definitivos do novo governo. Isto coloca estas organizações no campo dos inimigos de classe dos trabalhadores, e, por isso, cumprem mais uma vez seu papel de utilizar as ações do dia 8 para reforçar o adesismo ao governo burguês atual.

Se houvesse um golpe fascista real em curso, lutariamos junto aos governistas contra o golpe, mas não lhes daríamos nenhum apoio político. O que as organizações e partidos reformistas estão fazendo agora é o oposto: abraçam o governo burguês de Lula e defendem as instituições burguesas de qualquer ameaça, passando ao campo da burguesia e da defesa de seu Estado.

Pela dissolução das Policias Militares e pela autodefesa popular

Desde 2018, quando começaram as discussões sobre a candidatura de Bolsonaro e o risco dela representar o fascismo no Brasil, dizíamos que, além desta avaliação ser desprovida de elementos da realidade, caso a intenção fosse realmente combater fascistas, o que se teria de fazer era armar o proletariado e organizar comitês de luta nos bairros, fábricas, escolas, etc.

Já deveríamos ter piqueteiros e ferramentas coerentes com quem diz ter medo de uma ascensão fascista. Se os explorados estivessem organizados desta forma, bastariam alguns grupos militantes para ter expulsado os bolsonaristas que vêm acampando nos quartéis há semanas, e impedido a ação do dia 8. A cumplicidade criminosa da PM do DF também mostra que os trabalhadores não podem ter nenhuma confiança em forças da repressão.

A PM só existe para espancar e matar pobres, negros, grevistas, sem-teto, trabalhadores, manifestantes de esquerda, e qualquer um que ameaça a dominação burguesa. Quando se tratam das ilegalidades da direita, no entanto, as polícias são surdas e cegas.

Por isso, dentre outras coisas, a PM tem que ser abolida! Tem que acabar e, em seu lugar, que os trabalhadores garantam sua própria segurança.

Enquanto isso não ocorre, os trabalhadores não podem mais esperar e precisam se organizar em comitês de autodefesa, contra a delinquência, mas também contra as própria polícias.
O fracasso no combate aos golpistas não mostra que precisamos de mais polícia, e sim de menos. Porque, para os nossos interesses, ela já não serve para nada positivo.

Pela formação de comitês populares de luta, para combater os ataques do governo Lula/Alckmin e da facção bolsonarista.

É preciso tomar em nossas mãos a luta contra a direita, os patrões e os governos. Sem nenhuma confiança nas instituições burguesas. Os trabalhadores tampouco podem esperar que as eleições mudem suas vidas ou que qualquer governo irá garantir melhorias. Ao contrário. Lula/Alckmin irão governar para os inimigos dos trabalhadores, e tentarão atacar nossos empregos, salários e direitos.

Somos oposição de esquerda a este governo! E, no momento em que somos parte das ações contra os golpistas., não nos tornamos menos oposição, e sim mais ainda!

É hora de sair às ruas! Lutar pela própria classe trabalhadora, e não por nenhum patrão ou governo. Pela expropriação da burguesia. E pela construção de organismos de poder popular, para que sejamos nós, em milhões nas ruas, os trabalhadores e trabalhadoras, a ocupar todas as instituições burguesas, destruir o capitalismo e ter um governo, pela primeira vez, da ampla maioria da população, da classe trabalhadora. Com democracia direta e pela construção do socialismo e o fim da exploração.