Pela Independência do Povo Catalão! Por uma Autodeterminação Revolucionária e Socialista!

Nos últimos dias, diversos vídeos e fotos demonstraram ao mundo que dentro dos marcos das instituições burguesas não existe a possibilidade de avanços consistentes na autodeterminação dos povos e muito menos no reconhecimento de mecanismos democráticos que coloquem em xeque o domínio dos de cima sobre os de baixo.

A Catalunha entrou em cena novamente com milhões nas ruas exigindo e exercendo o seu legítimo direito de escolher o futuro que acham melhor. No 1 de outubro de 2017, mesmo com tendo que enfrentar diversos conflitos com a polícia, sequestro de cédulas para o voto, invasões nos colégios eleitorais, a participação popular neste referendo foi equivalente a 42% dos eleitores habilitados (em números absolutos dos que votaram: 2.262.424). Desses mais de 2 milhões de votos, 90% votaram “SIM” a favor pela independência.

Um novo capítulo na história da Espanha e da União Europeia toma formas inéditas com a realização deste referendo que combina os séculos de luta do povo catalão contra a opressão e a radicalização das lutas dentro do imperialismo europeu contra os planos austeridades.

A quebradeira geral de 2008 colocou em marcha o questionamento da governabilidade nos Estados Nacionais chegando ao ponto de colocar em risco a integridade da Zona do Euro, recentemente agravada pela saída da Grã-Bretanha. Seguindo esta tendência, a monarquia parlamentaria espanhola não consegue resolver os problemas que assolam o país! São mais de 17% de desempregados, um endividamento público superior a 99% e nenhuma perspectiva de melhora possível de ser observada no horizonte. Estes são os elementos concretos que condicionam as lutas do povo espanhol e, em especial, promove o crescimento do movimento separatista catalão.

A sintonia de efervescência se verifica por todo o planeta: as guerrilhas curdas, as greves gerais Francesas e Gregas, as milicias populares no México, os enfrentamentos contra os governos na America Latina. Estes são os processos reais que demonstram de forma cabal o ascenso da classe trabalhadora que longe de recuar, avançam em novas dimensões de lutas.

Há 169 anos, a frase que fazia a abertura do Manifesto Comunista revelava o terror sofrido no íntimo da vigorosa burguesia do século 19. Na atualidade, esta mesma frase consagra a situação revolucionária que abala as grandes potências: “Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo.”

Abaixo às ilusões do Nacionalismo Burguês! Por uma independência revolucionária e anti capitalista!

A greve geral de 3 de outubro se realizava numa grande unidade entre a classe trabalhadora Catalã junto a maioria do povo, enfrentando as medidas totalitárias impostas pelo governo central da Espanha por meio da ação direta. O sucesso desta mobilização resultou na expulsão da polícia nacional e uma grande desconfiança com os partidos vinculados parlamento catalão que pediam mediação internacional para voltar a dialogar com Mariano Rajoy – Presidente da Espanha.
Outras lideranças, como PODEMOS, PSOE, CIUDADANOS que foram contrários ao referendo, se pronunciaram a favor das negociações, a busca pelo consenso não para atender as demandas dos catalães, mas por oportunismo político em desgastar Rajoy numa clara perspectiva eleitoreira.
Carles Puigdemont – líder do governo catalão – já declarou que “este momento pede mediação” e ainda destacou que é necessário “reestabelecer a normalidade institucional” com Madri. O cinismo e a completa incapacidade das direções burguesas ficam escancaradas com essas declarações. Como é possível “reestabelecer a normalidade institucional” com um governo que unicamente utilizou da repressão policial? Ou, como é possível uma “mediação” quando se é alvejado por acusações de ilegalidade e perseguições?

Por mais que às vezes esses líderes pronunciem frases de efeito sobre a defesa da independência catalã são estes os fazem de tudo para promover uma mudança que mude absolutamente nada nos fundamentos da sociedade. A Catalunha é responsável por 20% do PIB espanhol que conta com uma indústria manufatureira expressiva, alto nível de infra estrutura e urbanização, além de diversos pontos turísticos. Torna-se evidente que pela importância econômica a burguesia espanhola jamais ira ceder este território.

Do outro lado, a burguesia catalã se apropria da reivindicação histórica das massas pela autodeterminação para melhor ter controle sobre a economia que atualmente é apropriada pelo governo central espanhol. É a seguinte lógica: nós pagamos impostos que não retornam pros nossos interesses. O mesmo discurso foi utilizado na Grã-Bretanha só que em ambos os casos esta ruptura não será para atender os interesses dos trabalhadores (em saúde, educação, moradia) mas de um setor burguês que esta vendo despencar a taxa de lucro ao longo dos anos!

Foi graças à crise econômica que estamos observando conflitos entre setores burgueses na constante busca por uma fatia maior da economia. Ou seja, permanecendo na Espanha ou se separando com a atual direção de nada ira resolver os problemas do povo catalão. É verdade que os elementos históricos são importantíssimos para entender a luta deste povo: séculos de opressão combinada recentemente à ditadura de Franco, mas são as atuais mazelas que o capitalismo impõe aos catalães que sustenta o movimento independentista.

O povo da Catalunha somente terá emprego, saúde, educação, moradia, qualidade de vida com uma revolução socialista! Somente com a expropriação da burguesia, a democracia direta, a planificação da economia que o trabalho da maioria da população serviar aos interesses desta maioria. Somente mediante a Ruptura total com o capitalismo é que será possível a plena autodeterminação deste povo.

Fora Rajoy! Fora Carles Puigdemont!
Pela Autodeterminação dos Povos!
Solidariedade Internacional ao Povo Catalão!
Por uma Independência Revolucionária e Socialista!