O racismo mata! E não há capitalismo sem racismo!

No dia marcado pela morte do grande combatente negro Zumbi dos Palmares, que ensinou o valor da ação direta, da luta armada contra a opressão e do poder da resistência coletiva, os negros seguem morrendo de modo brutal e às dezenas, todos os dias do ano. Hoje, o país inteiro é sacudido mais uma vez por imagens absurdas de um negro assassinado pela rede de supermercados Carrefour. Foi o Carrefour, esta multinacional capitalista, quem matou João Alberto Freitas, e matou porque ele era negro!

Negros - 20 de novembro de 2020

No dia marcado pela morte do grande combatente negro Zumbi dos Palmares, que ensinou o valor da ação direta, da luta armada contra a opressão e do poder da resistência coletiva, os negros seguem morrendo de modo brutal e às dezenas, todos os dias do ano. Hoje, o país inteiro é sacudido mais uma vez por imagens absurdas de um negro assassinado pela rede de supermercados Carrefour. Foi o Carrefour, esta multinacional capitalista, quem matou João Alberto Freitas, e matou porque ele era negro!

A trágica coincidência do registro de câmeras de celular de mais um assassinato violento e covarde com a data que celebra a luta de Zumbi, mostra que o racismo não é algo individual ou localizado. Ele é sistêmico e faz parte do capitalismo de modo indissociável. Como disse Malcom X, “não há capitalismo sem racismo”, e isto é muito nítido sob vários aspectos.

A polícia, os seguranças privados, a Justiça (com suas condenações racistas) e todas as instituições burguesas são violentas contra os negros o tempo inteiro, porque temem que os explorados, com os negros à frente, se rebelem e destruam estas mesmas instituições que sustentam a desigualdade, a fome, os ataques às liberdades individuais, etc. O Estado capitalista precisa do racismo para justificar a contenção violenta de mais da metade da população brasileira e de centenas de milhões de negros e negras mundo afora.

Ao mesmo tempo, o racismo dá lucro! Graças à opressão baseada em critérios de raça, etnia e cor da pele, a burguesia obtém lucros de trilhões de dólares todos os anos. Um trabalhador negro recebe cerca de 30% a menos que um trabalhador branco no mesmo cargo. Uma recente pesquisa da PUC-RS aponta que mesmo quando se comparam negros e brancos que estudaram nos mesmos colégios, tiveram famílias com semelhante nível econômico e cultural, os negros recebem 17% a menos que os brancos. A mulher negra recebe menos da metade de um homem branco. Um branco com ensino superior recebe 159% a mais que uma mulher negra também com ensino superior. São dados indiscutíveis, que mostram que o racismo está muito vivo, e mesmo que tenha surgido antes do capitalismo, sustenta o atual modo de produção de um modo indispensável. Se acabasse o racismo, o capitalismo desmoronaria.

Responder à crise capitalista com a organização e a revolução dos explorados e oprimidos.

A pandemia do Covid-19 já matou mais de 200 mil brasileiros, entre os reconhecidos oficialmente e os subnotificados. A maioria dos mortos são negros, pobres e moradores de periferia, que não puderam ficar em casa fazendo quarentena, e, depois de serem obrigados a se expor muito mais e se contaminar muito mais, foram também os que não encontraram médicos, hospitais e respiradores para lhes atender. Além das dezenas de milhares de mortos, foram as negras e negros os que mais perderam seus empregos e tiveram redução de salário nesta pandemia.

O Brasil vive uma recessão! E o governo Bolsonaro estimula a morte e a destruição dos direitos trabalhistas num momento em que mais os trabalhadores, principalmente os negros, estão sem emprego, sem renda e endividados.

A resposta de toda classe trabalhadora, com as negras e os negros à frente, precisa ser a organização popular e a rebelião social. Por meio das eleições, não vai mudar absolutamente nada, e vereadores negras e negros que se elegeram serão incapazes de mudar qualquer coisa relevante.  A luta contra os assassinatos como o de João Alberto e dos mais de 30 mil negros mortos violentamente todos os anos é com autodefesa negra e mobilização popular, como ensinaram os Panteras Negras e o movimento Black Lives Matter nos EUA, e ensinou Zumbi quando liderou o quilombo de Palmares para lutar de arma na mão contra a violência racista!

Defendemos a construção de grandes mobilizações contra os efeitos mais danosos da crise capitalista, em defesa do emprego, salários, direitos, revogação das reformas trabalhista e da previdência, não pagamento da dívida pública, taxação dos mais ricos, expropriação dos bancos, empresas privatizadas e estratégicas. Os negros são a maioria da classe trabalhadora e poderiam parar o país se paralisarem sua produção numa Greve Geral.

Esta ação direta em defesa da sobrevivência e dos investimentos em áreas sociais precisa andar paralela com a organização de comitês populares e de luta para defender as comunidades e bairros, expulsar a polícia, o tráfico e a milícia, e garantir punição a assassinos racistas como os do Carrefour. Também defendemos a expropriação desta rede capitalista sem indenização, como reparação por todos os crimes que já cometeram no Brasil e pelos recursos que explorou do nosso país. Da mesma forma, todas as empresas que cometem crimes racistas devem ser expropriadas, e colocadas sob controle dos trabalhadores.

É preciso a mais firme unidade na luta dos trabalhadores contra Bolsonaro, o Congresso, a polícia, a Justiça e o capitalismo. Todos eles são os que alimentam o racismo e são alimentados por ele. A saída passa por derrubar este sistema através de uma revolução dos explorados, tendo como protagonistas as negras e negros, as mulheres, os indígenas, os LGBT+ e todos os que mais sofrem com a exploração e a opressão.

Dia 20/11 não é dia de festa nem só de consciência. É dia de luta!