Não há capitalismo sem racismo! Dia 20 de novembro é dia de luta!

No dia da consciência negra, não há motivos para festejar. O (des)governo de Bolsonaro esmaga os trabalhadores, rechaça a cultura negra e a História do líder combatente Zumbi dos Palmares, um exemplo da importância do poder da resistência coletiva, da luta armada e da ação direta.

Negros - 20 de novembro de 2021

No dia da consciência negra, não há motivos para festejar. O (des)governo de Bolsonaro esmaga os trabalhadores, rechaça a cultura negra e a História do líder combatente Zumbi dos Palmares, um exemplo da importância do poder da resistência coletiva, da luta armada e da ação direta.

Zumbi dos Palmares e sua companheira Dandara, lideraram um dos maiores símbolos de resistência negra à escravidão, o Quilombo dos Palmares. Um ponto de resistência no qual os negros poderiam se refugiar, resistindo ao regime da escravidão. Zumbi tinha conhecimento que somente a luta dos oprimidos poderia libertá-los e acabar com a escravidão. Para ele, a única saída era a luta coletiva, sem esperar que esta liberdade fosse concedida por qualquer burguês benevolente. Tornou-se assim, símbolo da resistência negra no país.

No dia 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares foi morto. 326 anos depois da morte de Zumbi dos Palmares e 133 anos depois da assinatura da Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão, os negros continuam sendo explorados. Seja no Império, seja na República, as mazelas do período da escravidão apresentam reflexos na desigualdade social até os dias de hoje.

Em 2019, o IBGE lançou uma pesquisa chamada “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça” que mostra que pretos e pardos, que são 56% da população brasileira, têm os piores indicadores de renda, moradia, escolaridade, serviços, etc. A taxa de homicídios entre negros cresceu 11,5% de 2008 a 2018, enquanto a de não negros caiu 12%. Ao todo, os negros somam 75,9% dos assassinados. Para cada indivíduo branco morto, 2,7 negros são assassinados. E os números também são alarmantes quando analisamos apenas as vítimas mulheres: 68% das mulheres mortas eram negras. Para cada mulher não negra morta, morrem 1,7 mulheres negras. As mulheres negras são as maiores vítimas de violência no Brasil (violência doméstica, assédio, estupros e feminicídios).

As mulheres negras compõem 28% da população brasileira, mas apenas 47% delas estão no mercado de trabalho. O desemprego das mulheres, que era de 17,6% em 2019, chegou a 22% ao longo de 2020. O racismo e o machismo andam de mãos dadas, explorando e oprimindo as mulheres negras mais do que qualquer outro setor.

Enfrentar os racistas e a burguesia!

Vivemos um ascenso na luta contra o racismo, como mostrou a massiva reação popular diante do assassinato de George Floyd, quando milhares de pessoas saíram às ruas e houve protestos que se multiplicaram por cidades inteiras nos Estados Unidos, durante semanas. Este é o caminho: a mobilização e a luta nas ruas, contra os racistas e o sistema capitalista, que depende do racismo, do machismo e da LGBT+fobia para manter sua taxa de lucro.

No Brasil, vivemos ataques diários de um governo que tenta deslegitimar a luta contra o racismo e a luta em geral do povo negro. Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, nomeado pelo presidente Bolsonaro, apesar de negro, publicou textos insultando e questionando a veracidade dos fatos sobre o líder da resistência negra, Zumbi dos Palmares.

Sérgio chegou a ter a nomeação suspensa por ter defendido a extinção do movimento negro e dizer que o Brasil tem um “racismo nutella”, destacando as teses da democracia racial de uma racista e suposta teoria da “integração harmônica” entre negros e brancos no país. Sérgio chegou a afirmar que a escravidão foi benéfica para os descendentes. Mas a suspensão não durou muito tempo, visto que tratamos de uma justiça burguesa, a qual cumpre, vergonhosamente, o papel de blindar as ações racistas de Bolsonaro e de seus comandados.

Estamos diante de um governo que ataca, exaustivamente, os trabalhadores, para salvar os grandes empresários da maior recessão da História; com índices de desemprego, insegurança alimentar e inflação batendo recordes e mais recordes.

E os setores oprimidos, como mulheres, negros e LGBTQIA+, são os primeiros a perderem o emprego, a terem salários reduzidos e a sofrerem com o aumento exorbitante da inflação, que já é alta, mas para os oprimidos e pobres é mais alta ainda. Além disso, são os oprimidos que mais sofrem os efeitos do corte das verbas sociais e do aumento da violência. Estamos diante de um (des)governo genocida, feminicida, racista e opressor.

Cenas de racismo, com negros sendo agredidos, explorados e mortos pelas polícias, Justiça e governos em todos os lugares, são cada vez mais comuns. O capitalismo é racista, e ele mata. O Estado capitalista precisa do racismo para justificar a contenção violenta de mais da metade da população brasileira e de centenas de milhões de negros e negras mundo afora.

Da mesma forma que o racismo, o machismo é intrínseco ao capitalismo, que quebraria sem eles. Assim, o machismo e a misoginia são expressões ideológicas que acarretam não apenas mais exploração e sofrimento a mais da metade dos indivíduos do planeta, mas a manutenção do próprio capitalismo e da exploração de toda a classe trabalhadora. E a luta imediata contra o racismo e o machismo devem estar combinadas com a luta estratégica, mas também imediata, pelo fim do capitalismo, do patriarcado e da burguesia, que é quem se beneficia das opressões e nunca permitirá que elas acabem pacificamente.