Mulheres em luta no mundo todo em 8 de março! Greve Geral é o caminho!

Em 8 de março de 2018, tivemos o maior dia de lutas contra o machismo da História. Sem dúvida alguma, pode-se dizer que nunca houve um dia internacional da mulher com tantas lutas em tantos lugares do mundo ao mesmo tempo. A manifestação mais impressionante ocorreu na Espanha, onde, além de um ato ter reunido centenas de milhares de mulheres ao final do dia, uma poderosa Greve Geral sacudiu o país!

Mulheres | Mundo | Opressões - 5 de abril de 2018

Em 8 de março de 2018, tivemos o maior dia de lutas contra o machismo da História. Sem dúvida alguma, pode-se dizer que nunca houve um dia internacional da mulher com tantas lutas em tantos lugares do mundo ao mesmo tempo. A manifestação mais impressionante ocorreu na Espanha, onde, além de um ato ter reunido centenas de milhares de mulheres ao final do dia, uma poderosa Greve Geral sacudiu o país!

A greve geral feminista não aconteceu pela 1ª vez na História, e já havia sido uma arma de luta em outras ocasiões. Até mesmo no ano passado foi chamada uma ação neste mesmo sentido. Mas nunca havia sido tão bem sucedida e ampla, com a Espanha tendo boa parte da produção interrompida por meio de uma das greves mais fortes que o país já viu. A paralisação das espanholas teve apoio dos principais movimentos sindicais e sociais, e a adesão foi massiva. No comércio, em bancos, escolas, órgãos públicos e empresas em geral, a maioria das mulheres não trabalhou e houve mais de 120 manifestações.

Na praça Porta do Sol em Madrid

As espanholas ganham em média 14,9% a menos do que os homens para realizar o mesmo trabalho, segundo dados do Eurostat, instituto de estatística da Comissão Europeia. Apesar de a Espanha estar em uma posição melhor do que a média europeia (a desigualdade salarial no bloco é de 16,3%), a exploração ainda é altíssima, e a reação das mulheres espanholas mostrou o exemplo: quanto mais luta, menos ataques. Até por que as mulheres não apenas ganham menos pelos mesmos trabalhos, como têm piores trabalhos, fazendo com que, no geral, as mulheres recebam 23% a menos, em média, que os homens. Os dados da exploração e o sucesso da manifestação mostram que só a ação direta pode acabar com o machismo e a opressão, e as trabalhadoras mostraram que a Greve Geral é a grande ação contra o machismo capitalista!

08M em Barcelona

08M em San Sebastian

08M em Milão – Itália

No mundo inteiro, apesar de em menor escala, houve manifestações poderosas. Na Arábia Saudita, por exemplo, as mulheres vêm de conquistas recentes, como o direito a dirigir, a assistir a jogos de futebol em estádios e a participar de alguns esportes, e realizaram uma corrida e concentração feminina que, por menos que possa significar, mostra o avanço das mulheres e a incapacidade da ditadura teocrática de barrar a organização feminina.

Hala al-dakheel tira selfie com mulheres sauditas após corrida em Jedah

Mulheres em Manila, Filipinas, se mobilizaram contra o Governo Duterte.
Na faixa: “Lutem contra a Ditadura”

Na Turquia, mulheres compareceram à manifestação no bairro de Besiktas, junto ao Estreito de Bósforo, para exibir cartazes com lemas feministas e contra a violência, desafiando as proibições a manifestações impostas pela ditadura de Erdogan, em vigor desde 2016, quando um autogolpe deu poderes ditatoriais ao presidente genocida que governa o país. As mulheres denunciaram que 409 foram assassinadas por homens apenas em 2017, e que, apenas em fevereiro de 2018, já foram registradas outras 47 mortes violentas. No centro de Istambul, cerca de cinco mil mulheres foram às ruas com gorros e cachecóis roxos, bandeiras da mesma cor, guarda-chuvas de arco-íris e cartazes feitos à mão, frequentemente com um tom sarcástico ou irônico, para denunciar a igualdade de direitos e o fim da violência de gênero. A polícia isolou a Praça Taksim, habitual ponto de encontro para as organizações cívicas de esquerda, mas não pôde impedir as mulheres de marchar pelas ruas. A manifestação feminista foi a primeira grande passeata a romper a proibição de ações coletivas de rua desde a deflagração da ditadura em 2016. Ao todo, foram 14 cidades da Turquia com manifestações.

Milhares tomaram as ruas na Turquia

Na Coreia do Sul, houve passeata e ato em Seul, com a palavra-de-ordem de “Me Too” (“Eu também”, em inglês) em referência à campanha que começou em Hollywood para denunciar abusos sexuais. Durante o protesto, também foram exibidos cartazes a favor do movimento chamado “With You” (“Com você”, em inglês), que surgiu na Coreia do Sul inspirado pelo “Me too”. A campanha “With You” pretende criar uma rede de apoio às vítimas de abusos sexuais em um país muito marcado pela tradição confuciana, que até agora tende a isolar e criticar aquelas que ousam denunciar superiores.

Seul – Coreia do Sul

#Metoo na Coreia do Sul

Na Argentina, milhares de manifestantes marcharam da Plaza de Mayo, onde está a sede da presidência, em direção ao Congresso da Argentina, com as bandeiras da legalização do aborto, educação sexual e fim da violência contra mulheres sendo os eixos do protesto.

Centenas de milhares se mobilizaram na Argentina

Na Índia, centenas de mulheres saíram às ruas para protestar contra a violência doméstica, crimes sexuais e a discriminação no mercado de trabalho. A violência contra as mulheres continua em alta na Índia, apesar de novas leis mais severas, e o país registra 40 mil estupros por ano. Na França, Alemanha e por todo o mundo houve protestos semelhantes.

Mulheres se mobilizam em Nova Deli, Índia

Legalizar o aborto e construir um movimento feminista de combate no Brasil!

No Brasil, também houve inúmeros protestos, mostrando que o ascenso da primavera feminista segue com muita força.  Infelizmente, os movimentos feministas oportunistas e ligados ao PT, CUT e UNE tentaram destruir a luta por direitos das mulheres se apropriando dos atos para defender o corrupto condenado Lula, e fazer campanha eleitoral. Da mesma forma, nem mesmo a maioria dos sindicatos e associações mais à esquerda, ligados à CSP-Conlutas, por exemplo, aproveitaram data do 8 de março para levantar com força bandeiras fundamentais como a legalização do aborto, e tampouco chamaram ações radicalizadas, com os atos se reduzindo a concentrações com intervenções políticas.

Cerca de 416 mil mulheres brasileiras abortaram em 2015, segundo a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA 2016), realizada pela Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero) e pela Universidade de Brasília (UnB), sendo que, no mesmo período, apenas 1.667 abortos foram realizados oficialmente por médicos no Brasil, ou seja, 0,4% do total de procedimentos, conforme o Ministério da Saúde. Isto mostra o tamanho e a gravidade de uma proibição que leva mulheres à morte, a mutilações, sequelas e traumas para a vida toda. Ao mesmo tempo, a PEC 181 quer proibir até mesmo os poucos casos em que o aborto é legal no Brasil. Nos atos, muito pouco ou quase nada foi levantado sobre esta realidade, por parte das principais organizações feministas.

Em relação à violência contra a mulher, a implementação da Lei Maria da Penha de 2006 não foi capaz sequer de garantir delegacias especializadas da mulher na maioria das cidades, além de que as que existem, em geral, fecham durante a noite e aos fins de semana, exatamente quando costumam acontecer as agressões. A maioria dos casos de violência doméstica permanecem impunes e, apenas em 2016, 4.657 mulheres foram mortas no Brasil! O Ministério Público apresentou denúncia de que, em ao menos 2.904 destes casos ( o número deve ser bem maior), as mortes decorreram de feminicídio, definido em lei de 2015 como o homicídio contra a mulher “por razões da condição de sexo feminino”. Outra vez, pouco de concreto foi agitado nos atos sobre este tema.

Apesar da traição e do eleitoralismo majoritários das organizações feministas brasileiras, e do machismo fortíssimo que tenta esconder as vozes das mulheres e se apropriar de seus corpos, as mulheres saíram às ruas e o feminismo mostra que os machistas não passarão e que as mulheres não ficarão mais caladas nem paradas.

Os trabalhadores como um todo devem apoiar com todas suas forças e recursos a luta pela emancipação das mulheres, pelo fim do machismo e das opressões como um todo, combinando a defesa das pautas de gênero com a luta anticapitalista e contra a exploração das mulheres proletárias, a razão máxima para a manutenção do machismo como parte indissociável do capitalismo. A libertação das mulheres depende da revolução socialista! Mas a revolução socialista só poderá existir com a luta das mulheres! E elas estão nas ruas mostrando o caminho. A Greve Geral da Espanha é o exemplo a ser multiplicado!