Metalurgicos de Itaúna – Minas Gerais – contra a Reforma Trabalhista

Reproduzimos a entrevista realizada por um dos nossos partidos irmãos argentinos (a Convergência Socialista de Combate) sobre as tarefas necessárias para resistir à implementação da reforma trabalhista no Brasil, assim como a necessidade de lutas internacionais coordenadas para enfrentar os demais ataques dos Governos.

Mundo - 8 de novembro de 2017

Reproduzimos a entrevista realizada por um dos nossos partidos irmãos argentinos (a Convergência Socialista de Combate) sobre as tarefas necessárias para resistir à implementação da reforma trabalhista no Brasil, assim como a necessidade de lutas internacionais coordenadas para enfrentar os demais ataques dos Governos.

“Uma delegação da Convergência Socialista de Combate visitou Itaúna, no estado brasileiro de Minas Gerais, para participar do congresso de nosso partido irmão, o Movimento Revolucionário Socialista. Lá, nos encontramos com o presidente do sindicato metalúrgico da região, o camarada Marcelo Almeida, que faz parte do MRS.

Como está a situação dos metalúrgicos devido à reforma do trabalhista?

“A reforma trabalhista de Temer procura intensificar mais a exploração do trabalho e prejudicar o nível de vida dos trabalhadores. No nosso caso, aqui em Minas Gerais, o salário dos companheiros é muito baixo. Portanto, o que eles propõem com esta medida é avançar em direção a uma terceirização maior da força de trabalho, que liquidaria ainda mais o escasso poder aquisitivo dos metalúrgicos.

A reforma por agora não avançou, porque as bases estão resistindo de todas as maneiras possíveis. Nas fábricas, conversamos com os trabalhadores, que nos dizem que não é a mesma coisa uma reforma ser aprovada e ser implementada, assumindo que ela ainda pode ser interrompida.”

No Brasil, não existem muitos comitês ou comissões de fábricas como na Argentina?

“Isso mesmo. Embora que, na nossa seção, estamos tentando organizar alguns comitês. Por exemplo, começamos um no setor automotivo, devido às condições de trabalho precárias e ao baixo salário, que empurraram os colegas a criar esta ‘célula’ embrionária dentro de sua fábrica. Através disto, eles discutem e se organizam. Para o Sindicato, constitui um elemento de vanguarda, que surgiu espontaneamente e como resposta aos ataques dos patrões. Tem uma lógica de progredir passo a passo para lutar todos os dias para conquistar mais direitos para os colegas.”

Qual é a política do Sindicato para as fábricas com uma alta concentração de mulheres?

“No setor metalúrgico, existem concentrações em que 95% do pessoal são mulheres. O problema que temos é que não há companheiras em nossa direção. É por isso que estamos tentando promovê-las e avançar nesse sentido. Para isso, começamos a editar alguns materiais do sindicato na luta contra a violência e o feminicídio, que é uma situação lamentável que cresce todos os dias no país.”

Como militante da esquerda, quais são as tarefas que você acredita que os revolucionários devem encarar aqui no Brasil?

“Temos enormes desafios que foram discutidos em nosso congresso, uma vez que a situação política mudou após a greve geral, provocando muitos conflitos parciais. Há reivindicações radicalizadas, de conteúdo político, por parte dos trabalhadores. Devemos aproveitar a existência deste campo ‘fértil’ para ‘semear’ as ideias da revolução, impulsionando a luta contra Temer e o PT, mas para uma alternativa verdadeiramente socialista.”

O que você diria aos trabalhadores argentinos que enfrentarão a reforma trabalhista?

“Que devem se organizar, porque somente a luta pode impedir os ataques dos governos. Aproveitando o fato de que na Argentina os trabalhadores estão mais avançados e possuem mais organismos, que devem se tornar ferramentas revolucionárias, não se deve aceitar passivamente esta reforma, porque, se for adiante, seria um verdadeiro retrocesso. Assim como aqui, também digo que uma coisa é que a reforma seja votada e outra, muito diferente, que possa ser aplicada, já que tudo dependerá da resistência dos trabalhadores.

Nossa luta não pode acontecer apenas aqui no Brasil, em Mina Gerais e mais precisamente em Itaúna, que é a região em que somos metalúrgicos. A luta dos trabalhadores deve ser internacional, porque se isso não acontecer, não seremos capazes de avançar, já que os mesmos ataques sofridos na Argentina e no resto do mundo são sofridos aqui, ordenados pelos mesmos chefes que dominam todos os países do planeta . Como classe trabalhadora, devemos realizar uma luta unificada.”