Mais um 8 de março sem motivos para comemorar! É preciso lutar!

Apesar das mulheres não serem uma “minoria”, pois são 51,8% da população do país, elas sofrem uma opressão cotidiana, seja recebendo menores salários (20 a 25% a menos), tendo piores cargos no mercado de trabalho, maior desemprego, maior jornada nas tarefas domésticas (média de 21 horas semanais contra 11h dos homens), nas questões básicas de saúde pública, na educação, na segurança e até mesmo diante de uma pandemia mundial.

Mulheres - 13 de março de 2021

Apesar das mulheres não serem uma “minoria”, pois são 51,8% da população do país, elas sofrem uma opressão cotidiana, seja recebendo menores salários (20 a 25% a menos), tendo piores cargos no mercado de trabalho, maior desemprego, maior jornada nas tarefas domésticas (média de 21 horas semanais contra 11h dos homens), nas questões básicas de saúde pública, na educação, na segurança e até mesmo diante de uma pandemia mundial.

As mulheres são oprimidas e muito mais exploradas! E os números são ainda muito piores entre as mulheres negras, pobres e trans.

Um recente estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que aumentou a discrepância na participação no mercado de trabalho entre homens e mulheres. 73,7% dos homens estão inseridos no mercado de trabalho, enquanto apenas 54,5% das mulheres também estão, e a diferença que era de 19,2 pontos percentuais em 2019, passou a ser de 19,7 pontos após 1 ano de pandemia.

Uma explicação das mulheres serem afastadas da luta por emprego é que muitas estão presas ao trabalho doméstico. As mulheres dedicam-se em média 21,44 horas semanais aos afazeres domésticos, cerca de 10 horas a mais que os homens. Esta “dupla jornada”, para muitas, não é remunerada. Segundo a entidade Oxfam, este trabalho não pago equivale a US$ 10,8 trilhões, 3 vezes mais do que produz toda a indústria tecnológica.

As mulheres são as mais atingidas com o desemprego, chegando a 16,9%, enquanto os homens atingiram a taxa de 11,8%. A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou que, para o período de 2019-2021, esperava-se uma redução de 2,7% da taxa de pobreza das mulheres. Porém, como consequência da pandemia, estima-se que esta taxa subirá em 9,1%.

Sendo maioria na linha de frente da atual crise sanitária que vivemos, o salário das mulheres profissionais de saúde é 11% menor que o dos homens. Não diferente do atual cenário no mercado de trabalho, no qual as mulheres têm salário 20% inferior ao dos homens.

Segundo um estudo da ONU a equivalência de salários entre homens e mulheres seria possível apenas em 2059. Para nós, estas análises de um órgão burguês e imperialista, apesar de parecerem críticas, servem apenas para tentar convencer as mulheres de que, “cedo ou tarde, a igualdade virá”. E isto é uma grande mentira. No capitalismo, sem luta, a igualdade nunca virá, nem sequer sobre os salários. A desigualdade não está sendo reduzida aos poucos. Ela está aumentando em muitos locais. E sendo reduzida em outros pois existem lutas! Não existe um processo natural de melhorias para as mulheres – o que existe são conquistas arrancadas á força pela mobilização, mas que podem ser retiradas novamente.

Além de todas as desigualdades, opressão, exploração e preconceitos enfrentados pelas mulheres, elas também são as que mais sofrem violências, seja sexual, psicológica, física, moral ou patrimonial. O índice de violência contra a mulher aumentou 30% apenas em 2020! Um absurdo!

A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil! E as mulheres são violentadas de todas as formas! São, em média, 5 mulheres mortas por dia desde o começo do ano! Mortas por serem mulheres, pelo machismo estrutural e pela sociedade patriarcal! Mortas pelo capitalismo, que necessita do machismo para se manter!

O machismo e o capitalismo matam milhares de mulheres todos os anos. E não há capitalismo sem a exploração das mulheres.

Não houve o que comemorar neste 8 de março! Os ataques às mulheres continuam e se agravaram ainda mais no último ano, devido à pandemia que enfrentamos. Só a luta juntamente com a classe trabalhadora é capaz de destruir este sistema que violenta e oprime as mulheres. A única saída das mulheres é a ação direta! A luta nas ruas, na ação combativa, a AÇÃO FEMINISTA! A luta das mulheres é de toda a classe trabalhadora e de todos os oprimidos que são vítimas do capitalismo!

É necessário combater o governo Bolsonaro, o Congresso Nacional, as igrejas fundamentalistas, a Justiça burguesa e todo o sistema machista, patriarcal e capitalista! Enquanto houver capitalismo, haverá opressão dos mais vulneráveis!

– Creche pública para todas as crianças até a idade escolar, em tempo integral e com turno inverso!

– Políticas públicas para que as mães possam ter trabalho. Pleno emprego para as mulheres.

– Criação de lavanderias e restaurantes públicos e gratuitos, pela libertação do trabalho doméstico.

– Assistência social e saúde de qualidade às famílias.

– Legalização do aborto. Pelo aborto legal, seguro e gratuito.

– Liberdade reprodutiva, com contraceptivos para não engravidar, apoio à mulher que quiser ter sua gestação (pré-natal, acompanhamento médico e condições financeiras garantidas) e acesso público e gratuito ao direito de laquear.

– É urgente um levante das mulheres e de toda a classe trabalhadora!

– FORA BOLSONARO!

Texto da Ação Feminista Benedita Farias