Inflação de maio bate recorde de 25 anos e trabalhadores perdem renda!

O mês de maio apresentou a maior inflação para este mês em 25 anos. Nos últimos 12 meses, a alta de preços acumula 8,06%, e os mais pobres são os que mais sofrem. Muitos trabalhadores estão desempregados, e os que têm emprego não conseguem mais pagar suas contas, com salários congelados e inflação em disparada. A alta de 5,37% das contas de luz puxou a subida dos preços, mas as carnes subiram 38% em um ano e os preços do gás de cozinha e dos combustíveis também explodiram.

Nacional - 12 de junho de 2021

O mês de maio apresentou a maior inflação para este mês em 25 anos. Nos últimos 12 meses, a alta de preços acumula 8,06%, e os mais pobres são os que mais sofrem. Muitos trabalhadores estão desempregados, e os que têm emprego não conseguem mais pagar suas contas, com salários congelados e inflação em disparada. A alta de 5,37% das contas de luz puxou a subida dos preços, mas as carnes subiram 38% em um ano e os preços do gás de cozinha e dos combustíveis também explodiram.

A inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,83% em maio foi a maior neste mês desde 1996. Mas ela é apenas a ponta do iceberg. Desde o ano passado, a inflação do Brasil vem subindo e já está claro que, em 2021, ela vai terminar muito acima da meta de 3,75% ao ano, estabelecida pelo governo Bolsonaro. Esta meta pode variar 1,5% para menos ou para mais, no intervalo entre 2,25% e 5,25%. Mas até este teto de 5,25% vai ser superado com sobra. É a economia brasileira voltando ao descontrole dos preços! E quem paga a conta é a classe trabalhadora, principalmente os mais pobres.

O Brasil tem mais de 80 milhões de desempregados, subempregados ou trabalhadores por conta própria, que vivem há mais de 1 ano os piores efeitos da recessão capitalista no país, que reflete a situação terrível anterior à pandemia, agravada pela queda do PIB de mais de 4% em 2020. A maioria destes setores segue sem obter uma renda mensal que possibilite pagar as contas de comida, aluguel, transporte e vestuário. Não sobra nada, e as dívidas só aumentam, ao mesmo tempo em que o auxílio-emergencial do governo foi liquidado.

E a população que mantém seus empregos sofre com salários congelados, enquanto todo o resto sobe de preços, em especial os produtos mais básicos. No acumulado de 12 meses, o óleo de soja (usado em todo preparo de alimentos da classe trabalhadora) subiu 86,87%, o feijão subiu 58,04% e o arroz 51,83%. Quem ainda consegue comprar carne, está pagando 38% a mais por ela. Esta é a base da comida do brasileiro e, somando estes reajustes e o do gás de cozinha, a inflação passou dos 50% em 1 ano!

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), outro índice de inflação do governo, que é usado para reajustes de alugueis, acumula alta de 8,90% em 12 meses. Ou seja, mesmo o brasileiro que manteve sua renda, está numa situação horrorosa, sem dinheiro para pagar o aluguel, a comida, a luz da sua moradia…

O PIB retoma parte do que caiu, mas a renda do brasileiro despenca 10%!

A renda média domiciliar por pessoa foi de R$ 1.065 no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 10% em relação à média de R$ 1.185 do primeiro trimestre de 2020. Esse foi o quarto trimestre seguido de queda da renda na comparação anual.

Enquanto analistas burgueses e o governo Bolsonaro festejam que a economia brasileira cresceu 1,2% entre janeiro e março, após cair muito mais em 2020, os trabalhadores seguiram perdendo. A grande razão da queda do salário de quem está empregado é que há muitos desempregados dispostos a trabalhar por menos ainda. O que Karl Marx denominou de “exército industrial de reserva”.

O capitalismo permanentemente joga parte dos trabalhadores no desemprego, para ameaçar os empregados de que, se exigirem reajustes salariais ou melhores condições de trabalho, podem ser demitidos e substituídos. Em épocas de crise, este mecanismo é ainda mais brutal, e o Brasil é o exemplo claro de que o crescimento do número de desempregados nos últimos meses andou lado a lado com a redução dos salários pagos a quem tem emprego.

Segundo o boletim Salariômetro da Fipe-USP (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo), de janeiro a abril deste ano, 61,6% das negociações salariais coletivas entre patrões e empregados resultaram em reajustes abaixo da inflação. É o peso do desemprego do lado de fora, do desespero de quem está empregado, da subida geral dos preços e das traições das direções sindicais, que aceitam tudo sem lutar.

Apenas 25,4% dos acordos coletivos conseguiram reajustes iguais à inflação e apenas 13% das negociações foram maiores. Mesmo nestes casos, temos que lembrar que é em comparação à inflação oficial, que é muito mais baixa da inflação da vida real que atinge as famílias mais pobres, onde o preço do aluguel subiu mais de 20% em um ano e os combustíveis e os alimentos subiram mais ainda.

A situação é péssima e deve piorar, pois a economia brasileira só não quebrou de vez porque os governos fizeram ainda mais dívidas para manter a maior parte de seus pagamentos, mas agora a rolagem desta dívida custa mais caro, e a taxa de juros já aumentou e aumentará mais. O resultado será ainda mais inflação, ao mesmo tempo em que os ataques sociais contra a classe trabalhadora também aumentarão.

A luta pelo Fora Bolsonaro/Mourão é urgente! Queremos vacinas para todos já! Mas não bastam vacinas: é preciso comida, direito ao transporte e à moradia digna.

A inflação é o “imposto do pobre”, pois o salário fica parado, mas perde valor todos os dias. Não podemos esperar 2022 para mudar esta realidade nas eleições. Porque podem morrer mais meio milhão de brasileiros até lá, e porque nenhum candidato ou partido irá romper com este ciclo de exploração e opressão. Todos os partidos que hoje estão na oposição já foram governo, e são responsáveis pela situação de crise e ataques que já vem de antes do governo Bolsonaro, que deu continuidade e aprofundou estes ataques.

É necessário derrubar este governo e o Congresso nas ruas, com poderosas mobilizações e com a organização da classe trabalhadora, da juventude e dos setores oprimidos. Na crise, mais ainda foram as mulheres, os negros e os jovens os maiores atacados. É hora de reagir com toda força!

Derrubar Bolsonaro e todas as instituições, para que se possa aplicar um plano emergencial sob controle de um governo dos trabalhadores, que garanta pleno emprego, reajuste geral dos salários, ampliação de todos os direitos sociais, revogação dos ataques trabalhistas e previdenciários, e controle da inflação por meio da expropriação da grande propriedade privada e da planificação econômica sob controle da maioria da população e de seus organismos de luta.