Há mais gente sem emprego do que com emprego entre população com idade para trabalhar!

É a primeira vez, desde 2012, que os dados do IBGE mostram índice de pessoas ocupadas abaixo da metade da população em idade de trabalhar. Apenas 49,5% dos brasileiros acima de 14 anos estiveram trabalhando no trimestre encerrado em maio, queda de cinco pontos percentuais em relação aos três meses encerrados em fevereiro. É o mais baixo nível da ocupação desde o início da pesquisa em 2012. O resultado reflete a paralisação quase total da economia nos meses de abril e maio, depois de um mês de março que já terminou bastante ruim.

Nacional - 7 de julho de 2020

É a primeira vez, desde 2012, que os dados do IBGE mostram índice de pessoas ocupadas abaixo da metade da população em idade de trabalhar. Apenas 49,5% dos brasileiros acima de 14 anos estiveram trabalhando no trimestre encerrado em maio, queda de cinco pontos percentuais em relação aos três meses encerrados em fevereiro. É o mais baixo nível da ocupação desde o início da pesquisa em 2012. O resultado reflete a paralisação quase total da economia nos meses de abril e maio, depois de um mês de março que já terminou bastante ruim.

O número total de pessoas ocupadas diminuiu 7,8 milhões de pessoas! Agora, de 173,6 milhões de pessoas acima de 14 anos, há 85,936 milhões de ocupados e 87,6 milhões que estão desempregados, desalentados (já desistiram de procurar emprego) ou sem trabalhar por outras razões. É uma redução inédita na pesquisa e atinge principalmente os trabalhadores informais. Da queda de 7,8 milhões de pessoas ocupadas, 5,8 milhões eram informais.

Desemprego oficial subiu a 12,9%, mas são mais de 80 milhões sem renda.

Além de ter 50,5% de sua população em idade para trabalhar desocupada, dentro destes 87,6 milhões, o número de desempregados oficialmente reconhecidos atingiu 12,710 milhões de desempregados (12,9%). No entanto, o número real de desempregados e desalentados somados é de mais de 40 milhões de pessoas. A divergência de números é por que o IBGE considera desempregado apenas quem procurou emprego nos últimos 30 dias e não conseguiu nem sequer um bico. Quem pintou um muro ou cortou uma grama e recebeu R$ 30 num único dia não é desempregado para o IBGE. Nem o flanelinha que ganha alguns trocados “cuidando” dos carros. Na verdade, desempregado é quem gostaria de ter um emprego e não tem, mesmo que tenha feito algum serviço precário de um ou poucos dias ou que tenha deixado de procurar emprego porque nem dinheiro para a passagem tem.

Se forem somados estes 40 milhões de desempregados reais aos mais de 40 milhões de informais que sobrevivem vendendo picolé, churrasquinho, doces, crepe, cachorro-quente, capas de celular, cosméticos, roupas, etc., são mais de 80 milhões de brasileiros totalmente desamparados diante da pandemia do Covid-19, sem ter o que receber na quarentena. Destes, cerca de 15 milhões ainda não receberam um centavo sequer de auxílio-emergencial.

Apenas 45,5 milhões de pessoas têm emprego no setor privado no Brasil. São 31,103 milhões com carteira assinada, 9,218 milhões sem carteira assinada e 5,074 milhões de trabalhadores domésticos. A elas se somam os trabalhadores do serviço público, militares, agricultores e empresários, somando menos de 86 milhões de pessoas ocupadas com alguma renda.

Menor jornada e emprego para todos!

Defendemos que haja uma redução drástica da jornada de trabalho das atuais 44h semanais para um máximo de 36h semanais (-18,18%), sem que possa haver qualquer redução de salários ou direitos. Categorias que já têm redução de jornada como enfermeiros e bancários, com jornada de 30h semanais, devem ter redução para 25h semanais (-16,66%).

Além disso, é urgente que sejam contratados milhões de trabalhadores da saúde, para que haja profissionais suficientes para atender toda a população que precisa de cuidados, consultas, exames e procedimentos médicos, sem sobrecarregar os atuais trabalhadores, que costumam trabalhar em 2, 3 ou 4 lugares. Da mesma forma, devem ser contratados outros milhões de trabalhadores da educação, para que possa ser oferecido ensino integral (em 2 turnos) para todas as crianças e adolescentes, além de universalizar as creches e diminuir o número de alunos por turma. Estas contratações na saúde e na educação, junto com a redução da jornada e a retomada da economia, já garantiriam o pleno emprego no Brasil.

Também defendemos um plano emergencial de obras públicas, que empregue milhões de trabalhadores de modo imediato, gerando renda e fazendo as obras de infraestrutura, saneamento e moradia que o país precisa.

Não somos a favor de contabilizar adolescentes de 14 anos como pessoas em idade para trabalhar. Entendemos que todos os brasileiros devem poder se aposentar por idade aos 60 anos (além de poder voltar a se aposentar por tempo de serviço, com ou sem contribuição, pois a informalidade não é culpa do trabalhador) e que o trabalho só seja possível a maiores de 18 anos de idade ou, em regime de exceção, a maiores de 16 anos em atividades extraordinárias como bolsistas, estagiários ou pesquisa, com todos os direitos trabalhistas, recebendo ao menos um salário-mínimo e com jornada máxima de 20h por semana.

A implantação de todas estas medidas melhoraria a qualidade de vida da imensa maioria da população, que trabalharia menos tempo, sofreria menos com depressão, estresse, doenças psíquicas, doenças relacionadas ao trabalho, acidentes de trabalho e suicídios; além de garantir renda e dignidade para todos. O desemprego leva a todo tipo de conflito na pessoa que não consegue meios para sobreviver e no seu entorno de família e amigos. O pleno emprego diminuiria a violência social e doméstica, daria maior autonomia às mulheres (maiores vítimas do desemprego e subemprego) e permitiria que as pessoas pudessem se dedicar mais aos filhos, companheiros e companheiras, familiares, amigos e a si mesmas, estudando, tendo lazer, descansando, desfrutando de música, esportes, artes, cultura e ciências.

No capitalismo, entretanto, só haverá o oposto, com mais mortes, violência e sofrimentos. Para a mudança que defendemos, é preciso derrubar Bolsonaro e este Congresso corrupto e dos patrões, romper com o pagamento da dívida pública e expropriar bancos, multinacionais e grandes empresas. Este é um caminho que só os trabalhadores podem impor, através da ação direta, com a luta de milhões nas ruas e da construção de organismo de poder popular que combatam as instituições capitalistas.