Fora Temer, Fora Todos! Pela mobilização de massas e construção de uma saída revolucionária.

A medida prática mais importante neste sentido é agitar junto as massas a necessidade de mais e mais mobilizações contra os ataques, a superlotação de hospitais, o desemprego, a miséria e as dívidas. São as lutas em torno dos problemas mais sentidos pelos explorados, junto da denúncia do governo e do capitalismo, exigindo o Fora Todos, que podem aglutinar os setores mais combativos e dialogar com a maioria da população, já cansada e repudiando as eleições.

Nacional | Sindical - 1 de setembro de 2017

O governo Temer completou um ano de exercício pleno, além de alguns meses de interinidade, e acelera sua natureza de ataques aos trabalhadores. Depois de aprovar a Reforma Trabalhista, Temer e o Congresso tentam mudar as regras eleitorais e abocanhar R$ 3,6 bilhões do orçamento público para suas campanhas. Fazem isto ao mesmo tempo em que tentam acabar com a Lava-Jato, articulam com o STF o impedimento para haver prisão dos condenados, mesmo em 2ª instância (claramente para preservar Lula) e ainda esperam a oportunidade para aprovar a Reforma da Previdência, desde o começo o maior ataque planejado pelo governo.

Neste período de Temer, todos os efeitos da crise econômica recorde e da corrupção desenfreada dos governos do PT foram mantidos. O desemprego permanece nos mais altos níveis da História, as dívidas nunca foram tão altas (tanto das famílias como dos governos), os cortes de áreas sociais se multiplicam e até a fome e a miséria voltaram com força. Temer foi eleito junto com Dilma, em base ao dinheiro da corrupção, e tenta acabar o legado que ela deixou interrompido. Apesar de suas flagrantes debilidades, que fazem seu governo recuar sistematicamente da maioria das propostas que apresenta, muitos ataques ainda estão prestes a serem desferidos, e a derrubada de Temer e do Congresso é a maior prioridade dos trabalhadores.

A popularidade de Temer em torno de 5% e as enormes manifestações de massa, que incluíram um grande e radicalizado ato em Brasília e duas greves gerais em 60 dias, ação direta que não ocorria com força desde o final dos anos 80, mostram que há condições de derrubar Temer. A classe trabalhadora repudia não apenas o governo, mas o Congresso, a cúpula do Judiciário e o conjunto das instituições. Os de cima estão em crise e os debaixo já não suportam mais a condição precária de vida, vivendo um ascenso, com lutas generalizadas no último período. As condições objetivas e subjetivas estão dadas para lutar pela derrubada do governo e do regime, mas ainda falta algo essencial.

A direção de massas dos trabalhadores brasileiros comprovou que, mesmo alegando ter havido “um golpe” contra Dilma, que não existiu, e supostamente tendo Temer como inimigo mortal, não é capaz nem tem interesse em mobilizar para romper com a ordem e prefere manter tudo como está, acumulando forças para as eleições de 2018. CUT, CTB, MST, UNE e a imensa maioria das entidades sindicais, populares e estudantis se mantiveram apartadas da ação direta, com exceções pontuais de atos em que a base impôs a necessidade de convocar ações, até mesmo para melhor tentar controlá-las. Iniciativas como a Frente Povo sem Medo e a política de defesa do mandato burguês e neoliberal de Dilma, acabaram por unificar, na prática, de partidos burgueses a setores da CSP-Conlutas. Do PT e PCdoB ao PSOL e grupos menores, incluindo o MAIS, o futuro de todas as atividades está subordinado às eleições de 2018, seja com Lula ou uma “alternativa de esquerda” dentro dos limites institucionais.

Nós defendemos o oposto. É urgente combater a traição de todas as centrais, sindicatos e partidos ligados ao antigo governo, lutando pelo Fora Temer de verdade, algo que todos eles impedem que avance. A luta precisa ser conjunta contra Temer, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, STF, Lula, Aécio e todos os partidos burgueses. Pelo Fora Temer e Fora Todos, incluindo o Congresso e a cúpula do judiciário. Estas bandeiras hierarquizam toda a luta contra as reformas, os cortes de verba e as privatizações, que foram anunciadas em larga escala neste último mês. Pelo fato de que, mesmo sem apoio popular, este governo só assumiu e ainda se mantém por conta da promessa de garantir a aprovação deste pacote de arrocho. A luta por derrubá-lo, portanto, é o eixo do combate para impedir os ataques.

Neste sentido, não são as eleições o caminho para mudar coisa alguma. Não o eram as “eleições diretas” a saída para derrubar o governo, pois sempre foi a consigna aparente de uma estratégia de fundo de recompor o regime e preparar a volta do PT. E muito menos é uma saída a eleição de 2018, sob regras sob medida, mantidas ou modificadas meticulosamente para manter tudo como está, seja uma ou outra a sigla que estiver na presidência do país.

Os cerca de 40% de não-votos nas últimas eleições, as greves em número e força recordes, as Greves Gerais históricas e as manifestações com de massa e radicalizadas já existiram, e mostraram que existe espaço para uma saída de ruptura com tudo que existe hoje. A tarefa é transformar esta negação do sistema em uma afirmação de uma saída dos trabalhadores, revolucionária e socialista.

A medida prática mais importante neste sentido é agitar junto as massas a necessidade de mais e mais mobilizações contra os ataques, a superlotação de hospitais, o desemprego, a miséria e as dívidas. São as lutas em torno dos problemas mais sentidos pelos explorados, junto da denúncia do governo e do capitalismo, exigindo o Fora Todos, que podem aglutinar os setores mais combativos e dialogar com a maioria da população, já cansada e repudiando as eleições. Devemos defender a Greve Geral, mas, enquanto isso, construir greves em cada setor em que for possível, bem como lutas populares, e articular estas lutas em torno de comitês populares.

São estes comitês, em fábricas, bairros, escolas e empresas que devem impulsionar um caminho por fora da institucionalidade. Só assim será possível tentar convencer os trabalhadores que romperam com o PT, mas rejeitam a antiga direita, e mostrar que eles são todos iguais e que a saída não é mais do mesmo, nem disputar o capitalismo por dentro, e sim apontar uma saída de ruptura, em total oposição a todos os projetos burgueses, mais à esquerda ou à direita, que se apresentam para manter tudo como está. Este é o desafio da CSP-Conlutas e da esquerda revolucionária.

Minoria da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e MRS