Fora as tropas invasoras da Rússia da Ucrânia. Pelo direito à soberania nacional e autodeterminação do povo ucraniano.

A Rússia invadiu a Ucrânia e, neste momento, está prestes a ocupar o controle da capital do país, Kiev. Este ataque, com bombas, tanques e tropas de ocupação, precedido de meses de ameaças, já levou à morte de centenas de ucranianos e é uma agressão a um país independente (mesmo que submetido ao imperialismo, como a maioria dos países) e aos trabalhadores do país. É fundamental prestar apoio incondicional ao povo da Ucrânia para derrotar os invasores russos e sua guerra de opressão nacional e exploração. Esta defesa do território e do povo ucranianos deve ser assumida pelos próprios trabalhadores, que precisam ser armados imediatamente.

Internacional - 1 de março de 2022

A Rússia invadiu a Ucrânia e, neste momento, está prestes a ocupar o controle da capital do país, Kiev. Este ataque, com bombas, tanques e tropas de ocupação, precedido de meses de ameaças, já levou à morte de centenas de ucranianos e é uma agressão a um país independente (mesmo que submetido ao imperialismo, como a maioria dos países) e aos trabalhadores do país. É fundamental prestar apoio incondicional ao povo da Ucrânia para derrotar os invasores russos e sua guerra de opressão nacional e exploração. Esta defesa do território e do povo ucranianos deve ser assumida pelos próprios trabalhadores, que precisam ser armados imediatamente.

Mesmo que Putin fosse um governo capitalista de “esquerda”, a agressão da Rússia sobre um vizinho independente seria inadmissível e um crime internacional, a ser repudiado por todos os revolucionários socialistas. Mas Putin não é de esquerda. Ele é um ditador de direita, um assassino burguês, inimigo da esquerda, dos trabalhadores e dos oprimidos. Sob o governo Putin, a homossexualidade foi criminalizada e a população LGBTQIA+ é perseguida, assassinada e agredida por grupos de direita e por forças policiais. Os opositores ao regime são executados (muitos deles até mesmo no exterior) ou presos. Não há eleições livres e muito menos liberdade sindical ou de atuação política. Qualquer grupo revolucionário que pretenda atuar na Rússia teria que fazê-lo de forma clandestina e Putin faria de tudo para exterminá-lo.

O governo Putin é de extrema-direita, inimigo dos direitos trabalhistas, das liberdades democráticas, das mulheres, dos homossexuais e dos povos oprimidos. A Rússia mantém a opressão violenta sobre chechenos e outras minorias étnicas, além de já ter se envolvido em guerras de ocupação contra outros territórios independentes, como ocorreu na Ossétia do Norte.

Além da interferência militar, Putin agride a soberania nacional e o direito de lutar dos povos vizinhos apoiando os ditadores que controlam a Belarus e o Cazaquistão. Nestes dois países, lutando contra o desemprego, a falta de direitos sociais e de liberdade, milhões de trabalhadores se rebelaram contra seus governos, fizeram verdadeiras revoluções e tentaram tomar o poder. Em ambos casos, os governos locais massacraram a população, sempre com apoio do governo russo, que age como uma submetrópole na região, oprimindo as nacionalidades vizinhas baseado no seu poderio político, econômico e principalmente militar. No restante do mundo, a Rússia de Putin sustenta ditaduras burguesas de direita na Nicarágua, Venezuela, África e Ásia, com destaque para sua intervenção na Síria, onde bombardeou combatentes curdos e sírios, protegendo o governo genocida de Assad, e, indiretamente, ajudando até mesmo os fundamentalistas do Estado Islâmico, que estava sendo esmagado pelas guerrilhas revolucionárias curdas. Sob todos os aspectos, é necessário condenar integralmente a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Tratando apenas de uma hipótese, o revolucionário russo Leon Trótsky, nos anos 30, disse que, se a Inglaterra “democrática” invadisse o Brasil “semifascista” de Getúlio Vargas, os trabalhadores deveriam apoiar incondicionalmente o Brasil. Da mesma forma, num caso real, os revolucionários apoiaram a Argentina em 1982, mesmo governada por uma ditadura sangrenta de direita, contra a mesma Inglaterra, na Guerra das Malvinas. Portanto, não caímos na simplificação burguesa de apoiar a Ucrânia “democrática” contra a Rússia “ditatorial”. Não é este o critério que determina o lado dos revolucionários num conflito. Tanto que, se a agressão fosse oposta, da Ucrânia contra a Rússia, estaríamos apoiando a Rússia, mesmo sob o governo Putin. Mas o invasor é a Rússia. E esta ocupação deve ser repudiada com todas nossas forças, diplomática, política, econômica e militarmente.

Outro argumento falacioso e antimarxista para justificar algumas posições de capitulação à ditadura burguesa e agressora de Putin é que a Ucrânia estaria repleta de nazistas e Putin estaria desnazificando o país. Isso é completamente ridículo. Putin é a expressão do chauvinismo grão-russo, uma política nacionalista de massacre sobre povos da região em nome de um povo “superior” russo. Esta concepção justificou muitas ações da época czarista do país e, depois, do stalinismo, incluindo um violento antissemitismo, assassinato de judeus, progroms e medidas racistas contra inúmeras regiões e minorias étnicas e religiosas como muçulmanos. Além disso, Putin e seu governo são profundamente anti-comunistas e inimigos mortais da esquerda russa e mundial, incluindo a eliminação física de ativistas. Também são completamente machistas e homofóbicos, mantendo os gays do país sobre perseguição absoluta. Então quem é próximo do nazismo?

A Ucrânia é governada por grupos de direita, sim. E há setores de extrema-direita ou neonazistas que apoiam o governo. Como também há setores fascistas apoiando Putin. Ele próprio utiliza métodos fascistas o tempo inteiro e apoia governos semi-fascistas e semi-nazistas pelo mundo, como o de Bashar Al-Assad na Síria, responsável por limpezas étnicas e genocídio contra curdos. Além disso, Putin nunca se importou com o suposto “governo nazista” da Ucrânia até arranjar o pretexto da ocupação em base à possibilidade de ingresso do país na OTAN. Se a Ucrânia fosse mesmo dominada pelos nazistas, teria sido um crime imperdoável permitir tal situação por tantos anos. De fato, o objetivo da Rússia é fazer da Ucrânia e demais países da região suas semicolônias, explorando sua mão-de-obra e controlando a economia e a política destes países.

Mas, por conta da crise econômica mundial do capitalismo, com o aumento do desemprego e crises sociais mundo afora, as revoluções se multiplicaram pelo mundo e milhões de trabalhadores saíram às ruas para derrubaram inúmeros governos no mundo árabe (a Primavera árabe), na África, nas Américas e na Ásia. Diante destes levantes, o papel da Rússia foi o de ajudar a matar os ativistas e esmagar as revoluções em todos os países onde tinha governos nacionais aliados dela. Foi assim na Síria, Belarus e Cazaquistão. Na Ucrânia, tentou fazer o mesmo, mas foi derrotada junto com o governo ucraniano subalterno à Rússia, na revolução de 2004-2005.

O desfecho desta revolução, como na maioria das revoluções acontece, por ausência de uma direção revolucionária, infelizmente foi a ascensão de um novo governo burguês, tão inimigo do povo como o anterior, em razão da derrota do povo que fez a revolução nas ruas. Porém, o fato de haver uma revolução, sem uma direção socialista coerente, e do processo ser apropriado por dirigentes burgueses oportunistas, não anula o fato de ter havido um processo de levante popular que tem que ser apoiado. Para os stalinistas e os neosstalinistas atuais, no entanto, se uma luta operária ou popular for derrotada e vier um governo burguês no seu lugar, o processo inteiro deve ser condenado. Baseado nisso, estes renegados do marxismo e traidores dos trabalhadores não apoiam revoluções nem lutas contra nenhum governo burguês “de esquerda”, por mais que eles massacrem os trabalhadores. São contra derrubar  – e dão apoio – os governos de Assad, Kadhafi, Putin, Maduro, Ortega, Lopez Obrador, Dilma, dos Kirchner, etc. O oposto absoluta da política revolucionária de defender a derrubada de todos eles e a mobilização popular para isso.
 
Abaixo o imperialismo e o governo de Volodymyr Zelensky! Fechar as bases dos EUA a Fora OTAN!

O futuro da Ucrânia deve ser decidido pelos próprios ucranianos. Para isto, a tarefa mais imediata é expulsar as tropas invasoras russas. Não pode haver nenhuma independência com soldados, tanques e bombas russas sobre a Ucrânia. Mas não adianta apenas expulsar os agressores. É necessário derrubar o governo de Volodymyr Zelensky! E expulsar todos os soldados, espiões e  “assessores” da CIA, dos EUA, da Alemanha, da França, da Inglaterra e de todos os demais países imperialistas, sob a bandeira da OTAN.

O imperialismo nunca trouxe nada de positivo aos trabalhadores e é o principal inimigo dos trabalhadores no mundo. Mas não podemos apoiar ou pretender ser neutros diante de uma agressão militar que são os russos que estão cometendo. Se quisesse combater governos “nazistas”, Putin deveria lutar contra o governo sionista e terrorista de Israel, apoiando a luta palestina. Ou poderia ter atacado os Estados Unidos de Biden ou de Trump. Nunca fez nada disso. A Rússia de Putin é uma ditadura contra os povos, a começar por ser contra o povo russo.

E o governo da Ucrânia também é inimigo da classe trabalhadora do país e do mundo todo, inclusive tendo sido conivente o tempo todo com a preparação da ocupação russa sobre o país. Para expulsar as tropas russas, deve-se lutar em unidade militar com todos que querem repelir a agressão, mas, simultaneamente, lutar pelo fim do governo pró-imperialista da Ucrânia, que foi incapaz de defender a autodeterminação do país.

Em todo o mundo, setores de massas saem às ruas, lutando contra seus governos e o imperialismo, combatendo seus ataques a direitos, o desemprego e os efeitos da crise econômica mundial. Agora, é preciso unificar estas lutas de forma nacional e internacional, para fortalecer os protestos y coordenar a derrota dos agresores, sem confiar em nenhum país burguês, muito menos nos imperialistas, ou em seus aparatos como OTAN e ONU.

– Fora as tropas de ocupação russas da Ucrânia.

– Lutar contra a agressão russa, apoiando a resistência ucraniana.

– Pela unidade da classe operária em luta e pelo armamento do proletariado para enfrentar as tropas de Putin e construir um governo dos trabalhadores e soldados.

– Pela dissolução da OTAN e a expulsão de todas as tropas imperialistas ao redor do mundo, e fechamento de todas as bases dos EUA no exterior.

– Pela Dissolução da aliança militar CSTO, utilizada pela Rússia para impor seu controle político e militar sobre os países da región, além de masacrar os protestos e revoluções dos povos vizinhos.