Fora a polícia e o exército dos morros do Rio! Pelo fim da PM! A solução é emprego, salário e investimento social.

Após mais uma série de episódios de violência no Rio de Janeiro em pleno carnaval, data em que a cidade recebe mais turistas e olhares do mundo inteiro, o presidente Michel temer encontrou o factoide que queria para criar uma cortina de fumaça que desviasse o assunto de mais uma acusação que poderia lhe cassar o mandato, assim como tentar “sair por cima” depois da enorme derrota que foi ter que abandonar sua Reforma da previdência, prioridade máxima desde que assumiu o governo, após Dilma fracassar no mesmo propósito.

Nacional - 5 de abril de 2018

Após mais uma série de episódios de violência no Rio de Janeiro em pleno carnaval, data em que a cidade recebe mais turistas e olhares do mundo inteiro, o presidente Michel temer encontrou o factoide que queria para criar uma cortina de fumaça que desviasse o assunto de mais uma acusação que poderia lhe cassar o mandato, assim como tentar “sair por cima” depois da enorme derrota que foi ter que abandonar sua Reforma da previdência, prioridade máxima desde que assumiu o governo, após Dilma fracassar no mesmo propósito. Temer já havia, poucos dias antes da decretação da intervenção, se dirigido a Roraima para, em pleno carnaval, tratar da situação dos milhares de refugiados venezuelanos que estão se refugiando no Brasil e sofrendo com inúmeras necessidades econômicas e sociais. Um problema gravíssimo, sem dúvida, mas que Temer ignorara até tentar encontrar um pretexto para mudar o foco da derrota na Previdência e sobre as acusações de que é alvo. Mas ainda era um tema de menor apelo midiático. Então, vieram arrastões em plena orla de Copacabana. Temer ganhou seu assunto!

Após grande estardalhaço e cobertura subserviente da imprensa (tal como ocorreu no começo das UPPs), Temer conseguiu, de fato, uma ou duas semanas de folga no noticiário e até mesmo algum pequeno apoio, dada a gravidade real do problema de segurança pública no RJ e no Brasil inteiro. Não aconteceu nada de novo no carnaval, que já não ocorresse o ano inteiro, mas, apesar da farsa da intervenção se basear num factoide, como se algo inédito tivesse acontecido, é um fato que a violência está fora de controle, e as pessoas foram induzidas a acreditar outra vez numa “solução mágica”. Por pouco tempo…

Cerca de 2 meses depois, a intervenção mostrou-se, como era óbvio, um desastre. Ninguém foi preso, nenhuma quadrilha foi desbaratada, não existiu nenhuma grande apreensão de armas; nada. Ao contrário, novos trabalhadores foram mortos, policiais seguem assaltando os moradores das favelas através das milícias e o tráfico segue seus negócios tranquilamente. Ao mesmo tempo em que não resolveu absolutamente nada no sentido de combater a violência, a intervenção serviu para criminalizar e aterrorizar ainda mais a população pobre e negra das favelas. A intervenção nasceu como uma cortina de fumaça, mas, do ponto de vista do governo, acabou unindo o útil ao agradável. A burguesia, os governos e as forças policiais já promovem um genocídio contra a juventude negra há anos, e a intervenção deu mais poderes para que a repressão aos pobres seja intensificada.

Em 2 meses, foram trocadas as chefias das polícias civil e militar, e só. O número de assassinatos e demais crimes segue o mesmo, inclusive as mortes de policiais e as mortes de trabalhadores por policiais. Como se não bastasse não melhorar nada, a execução da vereadora Marielle Franco revelou uma ousadia da criminalidade, provavelmente policial, ainda mais explícita. Ninguém respeita o exército, e, na verdade, se sabe que as forças armadas só se preocupam em reprimir protestos ou estão elas mesmas envolvidas com o crime e o narcotráfico. Na sequência da execução de Marielle, ocorreram rebeliões em cadeias, tiroteios e novos arrastões. O Rio de Janeiro continua sendo… o mesmo lugar abandonado e atacado pelos governos.

A polícia e o exército vêm tirando fotos de todos os moradores das favelas, revistando de modo constrangedor crianças indo para a escola, mulheres e trabalhadores em geral. Da mesma forma, a tentativa de expedir “mandados de prisão e de busca e apreensão coletivos”, que permitiriam prender e invadir casas sem qualquer explicação, são elementos de medidas autoritárias e criminosas contra o povo.

Ao mesmo tempo, o interventor, general Braga Netto, disse que o RJ é “um laboratório para o Brasil” e o ministro do recém criado Ministério da Segurança Pública, Raul Jungmann, prometeu que o resultado positivo virá em 4 meses. Metade do prazo já passou e já é possível ter certeza que a intervenção foi uma mistura de palhaçada, diversionismo para blindar Temer e justificativa para avançar na repressão aos pobres e negros e restringir ainda mais os direitos civis.

Lula e Dilma usaram o mesmo expediente, abrindo caminho para a atual intervenção de Temer.

De outubro de 2008 para cá, as Forças Armadas estiveram no Estado do Rio de Janeiro para “reforçar a segurança estadual” em 12 oportunidades. A intervenção federal de Temer é a 13ª atuação do Exército no RJ em 10 anos. Antes, foram 2 intervenções no governo Lula, 6 no governo Dilma e 4 com Temer. As demais 12 intervenções das Forças Armadas foram:

 

  • Out/2008 – Eleições municipais/governo Lula
  • Dez/2010 a jun/2012 – ocupação do Complexo do Alemão/governo Lula e Dilma
  • Jul/2011 – V Jogos Mundiais Militares/governo Dilma
  • Jun/2012 – Rio+20/governo Dilma
  • Out/2012 – eleições municipais/governo Dilma
  • Jul/2013 – Jornada Mundial da Juventude/governo Dilma
  • Jul/2014 – Copa do Mundo/governo Dilma
  • Abr/2014/jun/2015 – ocupação do Complexo da Maré/governo Dilma
  • Ago/2016 – Olimpíadas/governo Temer
  • Out/2016 – eleições municipais/governo Temer
  • Fev/2017 – votação do pacote de austeridade/governo Temer
  • jul a dez 2017/ – Plano Nacional de Segurança no Rio/governo Temer

 

Com a intervenção de Temer, o Exército passou a ter responsabilidade sobre as polícias, os bombeiros e a área de inteligência do estado. Na prática, o Exército vai substituir o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), na área de segurança. A decisão do governo federal contou com o aval de Pezão, mas, apesar de acordada, é um grave ataque democrático, pois introduz o método da substituição de um governante eleito por uma força militar de cima para baixo, com poderes de suprimir liberdades civis e democráticas da maioria da população.

Nós defendemos a derrubada imediata do decreto de intervenção de Temer e a derrubada e prisão de Temer e de Pezão por estarem atacando desta forma os trabalhadores. O exército e a PM devem ser colocados para fora das favelas e a PM ainda deve ser extinta. Não há como garantir segurança aos trabalhadores com a presença de militares, seja eles das Forças Armadas ou policias, apontando armas para os estudantes e moradores pobres. Eles são parte da violência, do crime e os principais assassinos nas periferias do país.

É urgente que sejam os próprios trabalhadores a poderem se defender, através de destacamentos de autodefesa, garantidos por organismos populares, da juventude e de mulheres. A polícia mata! E nossa segurança só vai existir por meio de nossa própria organização.