Explosão de Protestos abalam a ditadura no Irã!

Desde de o dia 28 de Dezembro de 2017, milhares de pessoas pelo país vem protestando contra a liderança religiosa que governa o Irã numa das maiores mobilizações desde 2009. Só que desta vez os protestos são bem diferentes. Em 2009, os atos eram concentrados principalmente na capital Teerã e outras capitais, nesta ocasião as pessoas estavam marchando por mais liberdade política.

Mundo - 9 de janeiro de 2018

Desde de o dia 28 de Dezembro de 2017, milhares de pessoas pelo país vem protestando contra a liderança religiosa que governa o Irã  numa das maiores mobilizações desde 2009. Só que desta vez os protestos são bem diferentes. Em 2009, os atos eram concentrados principalmente na capital Teerã e outras capitais, nesta ocasião as pessoas estavam marchando por mais liberdade política.

Desta vez, os protestos estão sendo principalmente realizados em cidades menores e mais pobres. Este ascenso de lutas começou em oposição às políticas econômicas do presidente Hassan Rohani e evoluíram para confrontar diretamente a ditadura religiosa que afunda o país na miséria.

Nos últimos anos a economia do Irã passou por grandes dificuldades com as sanções impostas pelos EUA, as quais foram suspendidas desde 2015 com o pacto de limitação do programa nuclear iraniano, comumente chamado de “5+1”. Mesmo a mais de 2 anos participando diretamente no mercado mundial, os problemas econômicos ao contrário de serem resolvidos, se aprofundaram em novas contradições.

Nos anos mais recentes na história do Irã, certamente 2013 acabou sendo um dos anos mais catastróficos do ponto de vista econômico que se encontrava no seguinte cenário: retração no PIB na faixa de -4%, inflação na casa dos 30% e o desemprego acima dos 12%. Hoje, a realidade econômica apesar de ser “melhor” quando comparada aos anos passados, não consegue satisfazer as demandas básicas da população em geral. O crescimento do PIB em 2017 superou a faixa dos 10%, a inflação recuou para os 9,6% e contraditoriamente o desemprego manteve-se acima dos 12%. Devido às flutuações inflacionárias ao longo dos anos, no período de 2016 – 2017, os preços estavam em média 22 vezes maiores comparados há 20 anos.

Como resultado da quebradeira do país, as famílias acabam tendo a fome sempre presente no dia a dia. O consumo médio das comidas mais comuns, como pão, leite e carne diminui entre 30% e 50% nos últimos 10 anos. A juventude, mais da metade da população dos 79,9 milhões de habitantes está abaixo dos 30 anos, sofre ainda mais com o desemprego, chegando a 25% no público entre 15 e 24 anos. Seguindo ainda os dados do Ministério do Interior, existem áreas em que o desemprego chega aos 60%.

Sobre esta base econômica que a massa de trabalhadores, mulheres e jovens tomam as ruas no Irã não suportando a inflação, o desemprego e a corrupção. Desta maneira, a reivindicação econômica foi se transformando no chamado pela derrubada do homem mais poderoso no Irã: o supremo líder Ali Khamenei. O movimento também exige o fim da intervenção do Irã em outros países como, por exemplo, na Síria e Líbano.

Dados oficiais informam que até o momento foram aproximadamente 20 mortos e mais de 1000 (mil) prisões feitas por todo o território nacional. Este é o resultado do desespero que um governo que por mais religiosos que seja nunca deixou de ser burguês para melhor explorar a população dentro do capitalismo. A partir do momento em que o governo não consegue convencer as pessoas de submeter-se a deplorável realidade que vivem, a violência acaba sendo o único recurso disponível para enfrentar a massa de explorados que estavam se mobilizando até poucos dias.

Também é evidente que como ficou comprovado que o governo vem fazendo de tudo para mobilizar a base social que sustenta este regime. Ao mesmo tempo que milhares se mobilizavam contra o governo, outros milhares se mobilizavam a favor, numa clara demonstração dos conflitos entre as classes em que setores de massas vão fazendo a experiência direta num vivo processo de luta.

Neste momento é impossível dizer com certeza quais serão os desdobramentos imediatos desta onda de protesto, mas aquilo que se aponta com clareza é de que diversos setores de massas estão rompendo com a ditadura islâmica dos Aiatolás e buscando alternativas seculares sobre as necessidades dos trabalhadores. É a continuação da primavera árabe que neste momento ainda ecoa no oriente médio ameaçando a estabilidade da dominação capitalista na região.

Os revolucionários devem se solidarizar com estes recentes protestos assim como propor a derrubada da cúpulas religiosas, as instituições burguesas que oprimem e exploram o povo iraniano, e defender a retirada das tropas comandadas por Teerã na Síria (milícias xiitas e o Hezbollah) como tarefas imediatas.

Fora Rohani! Fora Khamenei! Por um Irã Laico e Socialista!

Liberdade aos Presos Políticos!

Que os recursos petrolíferos sejam destinados ao bem estar ao conjunto da população!

 Para erradicar o desemprego: escala móvel de horas de trabalho! Para corrigir os salários: escala móvel de salários!

Pela Federação dos Estados Socialistas do Oriente Médio!