Europa tem mais de 150 mil mortos por Covid-19 e pior recessão em séculos

A Comissão Europeia avaliou que a economia da zona do euro vai cair um recorde de 7,7% em 2020. Um ano que também deverá ter inflação próxima do zero, dívida pública subindo muito e déficits orçamentários imensos. "A Europa está passando por um choque econômico sem precedentes desde a Grande Depressão", disse o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Financeiros, Paolo Gentiloni.

Mundo - 8 de maio de 2020

A Comissão Europeia avaliou que a economia da zona do euro vai cair um recorde de 7,7% em 2020. Um ano que também deverá ter inflação próxima do zero, dívida pública subindo muito e déficits orçamentários imensos. “A Europa está passando por um choque econômico sem precedentes desde a Grande Depressão”, disse o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Financeiros, Paolo Gentiloni.

Os investimentos deverão despencar 13,3% este ano e os déficits orçamentários na zona do euro deverão ser de 8,5% do PIB da região este ano, após terem sido de 0,6% no ano passado. O pior indicador será o salto na dívida pública, que deverá subir dos atuais 86% para 102,7% do PIB da zona do euro ao final de 2020. O PIB da Grécia deve cair 9,7%, a Itália cairá 9,5% e a Espanha, 9,4%.

O colapso econômico da União Europeia terá amplitude e velocidade “sem precedentes em tempos de paz”, afirmou Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu. Todas as principais economias da zona do euro terão quedas impressionantes em suas economias em 2020 e já tiveram quedas muito fortes no 1º trimestre: Alemanha (6%), França (5,8%), Espanha (5,2%), Itália (4,7%). França e Itália, que já vinham de queda no PIB nos últimos três meses do ano passado, já estão oficialmente em recessão!

A Alemanha é o motor da Europa, e terá a maior recessão anual desde a Segunda Guerra Mundial e encerrar dez anos de crescimento de um PIB que fechou 2018 perto de 4 trilhões de euros (cerca de R$ 24 trilhões), segundo o Banco Mundial. A Alemanha teve menos mortos que os demais grandes países europeus, mas sua economia, por ser a mais poderosa e que mais relações possui com a China, é uma das que mais foi atingida pela crise. O país sofre com a falta de componentes importados da China, e com a recessão global, que diminuiu suas exportações, que devem cair 11,6% neste ano.

Na França, segunda maior economia do bloco, a queda do PIB no trimestre também foi a maior desde a Segunda Guerra Mundial e o país já está em recessão. Os investimentos provados franceses recuaram 11,4% e o consumo das famílias caiu 6,1%. Na Itália, terceira economia do bloco, a redução foi a maior já calculada e também já está em recessão, a 4ª vez que isso acontece nesta década, numa economia mais fraca, que já tem um endividamento de 135% do PIB e deve superar 150% do PIB neste ano. Na Espanha, a quarta maior economia do bloco, o PIB teve a maior queda desde a década de 1930, e foi o dobro da queda registrada (2,6%) no primeiro trimestre de 2009, após a crise capitalista mundial de 2008. Caiu o mercado imobiliário (9,6%), o consumo das famílias (7,5%) e o investimento privado (3,5%).

Os 27 países da zona do euro já adotaram medidas que somam 540 bilhões de euros para combater os efeitos da paralisação da produção, comércio e serviços na região, mas não há recursos suficientes para impedir o colapso das economias capitalistas.

Zona do Euro afunda e o Reino Unido está pior ainda.

A economia britânica deverá encolher 14% em 2020! As previsões são do Banco de Inglaterra (BoE, em inglês), e, se isso realmente ocorrer, será a maior recessão no Reino Unido desde 1706.

O Reino Unido é parte da Europa mas não faz parte da zona do euro (moeda que nunca adotou) e se prepara para sair da União Europeia, da qual ainda faz parte, mas deve se retirar após a vitória do chamado “Brexit” num plebiscito popular. Pois a maior “autonomia” da Inglaterra e de seus países satélites no Reino Unido não a impediu de sofrer ainda mais do que a Europa continental nesta crise.

A economia deverá encolher em 14% em 2020, e 25% apenas no segundo trimestre. É um número pior do que o de economias em guerra! Segundo uma análise histórica reconstruída do Banco de Inglaterra, que recua até ao século XVIII, esta queda anual do PIB será a maior desde 1706. E o desemprego deverá crescer para 9%, maior do que ocorreu na crise capitalista de 2008/09.

Mais de 150 mil mortos, e subindo…

Ao mesmo tempo em que a economia europeia está destroçada, o continente já se aproxima dos 200 mil mortos! Já são 4 países com cerca de 30 mil mortos cada um (Reino Unido, Itália, Espanha e França). Outros tantos com milhares de mortos e uma contagem macabra que aumenta todos os dias. 

Os horrores das 2 Guerras Mundiais (incluindo a Gripe Espanhola como conseqüência da 1ª Guerra, tendo sido disseminada em países destruídos e com uma população faminta) são inigualáveis e incomparáveis. Nada se aproxima dos milhões de mortos destes momentos de crise total do capitalismo imperialista. Mas, afora estes momentos terríveis, esta é a maior mortandade em mais de um século no continente, e devemos reagir com a máxima indignação, tristeza e ódio de classes contra a burguesia, que é responsável por este massacre.

Todos os trabalhadores do mundo precisam lutar imediatamente para impedir a continuidade desta catástrofe que, além dos mortos pelos vírus, matará milhões pela fome e pobreza, que crescem na mesma velocidade da pandemia. Os revolucionários precisam ser a linha de frente desta luta para destruir o capitalismo, em que o lucro e a propriedade privada sejam mais importantes do que a vida e construir uma nova sociedade socialista.

O capitalismo é um sistema de morte e 2020 será lembrado como o ano em que a crise capitalista que se mantém ininterrupta desde 2008 se somou a uma pandemia terrível, cujos efeitos são resultado da falta de investimentos em saúde. As vítimas disso tudo são os trabalhadores, e é urgente que a luta de classes tome outro rumo neste ano! Chega de saídas de conciliação de classes com este sistema assassino. Que a maior crise da História do capitalismo sirva para impulsionar com toda força a revolução pela vida dos trabalhadores.