Estados Unidos: epicentro da pandemia e da crise mundial

O país mais rico do mundo e também a maior superpotência militar e líder do capitalismo mundial, agora também ostenta outro título: é o epicentro da pandemia mundial de coronavírus. Os Estados Unidos já têm mais de 70 mil mortos e 1,2 milhão de infectados! E isso, infelizmente, é só o começo.

Mundo - 5 de maio de 2020

O país mais rico do mundo e também a maior superpotência militar e líder do capitalismo mundial, agora também ostenta outro título: é o epicentro da pandemia mundial de coronavírus. Os Estados Unidos já têm mais de 70 mil mortos e 1,2 milhão de infectados! E isso, infelizmente, é só o começo.

Um modelo da evolução da pandemia utilizado pela própria Casa Branca, chefiada pelo até pouco tempo atrás negacionista Donald Trump, previa 72.433 mortes de Covid-19 anteriormente. O modelo, obviamente, estava errado, pois este número de mortos deve ser ultrapassado em mais 1 ou 2 dias. Agora, o mesmo estudo foi refeito e prevê quase o dobro de mortos em decorrência da doença nos Estados Unidos: 134 mil. Mas é bastante provável que este número também esteja subestimado e que os mortos vão ser muito mais. De acordo com um documento obtido pelo The New York Times, os Estados Unidos podem registrar cerca de 3.000 mortes diárias até 1º de junho.

A multiplicação de mortos já é uma realidade, e pode se aprofundar com o relaxamento no distanciamento social e da quarentena nos EUA. Estados como Flórida, Colorado, Indiana, Nebraska e Carolina do Sul diminuíram as restrições da quarentena, em nome dos interesses das empresas privadas, que cada vez mais pressionam para a economia ser reaberta.

Mais de 30 milhões de novos desempregados

Além de dezenas de milhares de mortes e milhões de infectados, os trabalhadores norte-americanos sofrem com o desemprego em massa, numa economia liberal que mostra o quanto o capitalismo é selvagem contra a maioria da população. Todas as semanas, milhões de novos desempregados solicitam o auxílio-desemprego, sendo o reflexo de demissões que se espalham pelo comércio, serviços e indústrias.

Por semana, os pedidos de auxílio-desemprego estão na média de 4 milhões nas últimas 7 ou 8 semanas. E não há nenhum sinal de recuperação. Ao contrário: deve haver novas demissões, e o exército de desempregados dificilmente conseguirá os antigos ou novos empregos antes de muito tempo. Já são mais de 30 milhões de novos desempregados desde

21 de março, aproximadamente 18,4% da população em idade ativa. Os crescentes índices de desemprego implicam um salto na taxa de desemprego para acima de 15% desde o começo de abril.

O problema é tão grave, que até os trabalhadores que seguem empregados sofrem com a crise. Muitos deles tiveram redução dos salários ou de ganhos por comissão, como é muito comum nos serviços e no comércio. Por causa disso, os gastos dos consumidores dos EUA tiveram a maior queda já registrada em um único mês, em mais de 60 anos.

O Departamento do Comércio informou que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica do país, despencaram 7,5% em março, e provavelmente caíram muito mais em abril. A queda foi mais de três vezes maior do que o recorde anterior de 2,1% em janeiro de 1987. O Departamento do Comércio começou a compilar os dados em 1959.

PIB despenca 4,8% no 1º trimestre

O PIB norteamericano também já sente com força os efeitos da crise. No primeiro trimestre, a economia dos EUA encolheu 4,8% e registrou maior queda desde a Grande Recessão em 1929. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registrou queda anualizada de 4,8% nos 3 primeiros meses e foi pior até do que os 4% previstos pelos analistas, conforme a Bloomberg. Esta também foi a primeira queda do PIB dos EUA desde o recuo de 1,1% no primeiro trimestre de 2014.

Já é quase inevitável uma recessão no país (dois trimestres seguidos de contração da economia), pois o mês de abril foi ainda pior que os anteriores e dificilmente vai haver recuperação em maior e junho.

A crise é do capitalismo

Antes dos Estados Unidos, a Europa toda está ou entrará em recessão. Na Alemanha e na França, maiores economias da Zona do Euro, houve quedas nos seus PIBs no 1º trimestre deste ano nos valores de 6% e 5,8%, respectivamente. Na Espanha, o PIB caiu 5,2%, maior queda desde a Guerra Civil espanhola na década de 30 do século passado. Na Itália, o PIB caiu 4,7%. É um verdadeiro colapso da economia mundial capitalista.

Estes números, em especial nos países centrais do capitalismo mostram que esta é a maior crise deste modo de produção de todos os tempos, e não é mais possível que o capitalismo se recupere para o patamar anterior à crise. O imperialismo e as burguesias de todos os países pretendem recuperar da classe trabalhadora cada centavo perdido nesta crise ou gasto em programas de recuperação econômica. Já há inúmeros ataques em curso, mas o que virá depois da reabterura total das economias, será uma brutal ofensiva capitalista para destruir as conquistas sociais da maioria da população, no mundo todo.

Mas esta crise não é nossa, e já vem de antes do coronavírus, que a agravou. Precisamos dar uma resposta dos trabalhadores a esta crise anterior e sistêmica do capitalismo, e fazer com que sejam os bilionários a pagar por ela. As medidas em defesa do emprego, do salário, dos direitos trabalhistas, sociais e democráticos são  urgentes, e devem ser parte da luta para derrubar este sistema, expropriar a propriedade capitalista dos meios de produção e do sistema financeiro, e para construirmos um governo revolucionário dos trabalhadores.

A crise nos EUA só revela que nos países mais pobres o desespero vai se rmaior ainda, e temos que reagir imediatamente.