Equador: insurreição popular coloca em xeque o governo, a assembleia nacional e todas as instituições burguesas. É necessário por Lenin Moreno pra fora e construir um governo do povo, a partir de seus organismos de luta

Se encaminha para 30 dias de protestos no Equador. Com o anúncio do aumento em 123% no preço dos combustíveis, o país enfrentou fortes protestos e indignação por parte da população. No dia 3 de Outubro o presidente Lenin Moreno decreto estado de exceção no país tamanha a grandiosidade dos protestos, e na tentativa de conter os mesmos.

Mundo - 26 de outubro de 2019

Se encaminha para 30 dias de protestos no Equador. Com o anúncio do aumento em 123% no preço dos combustíveis, o país enfrentou fortes protestos e indignação por parte da população. No dia 3 de Outubro o presidente Lenin Moreno decreto estado de exceção no país tamanha a grandiosidade dos protestos, e na tentativa de conter os mesmos.

Essa alta no preço dos combustíveis é uma medida acertada diretamente com o FMI, e a postura do presidente foi a de que não recuaria. A exigência foi a de que o estado deixasse de subsidiar os combustíveis, gerando assim um aumento absurdo no custo de vida da população.

A postura repressora somente elevou o nível dos protestos. Com centenas de prisões, alguns mortos pela repressão do governo. Lenin Moreno faz o discurso de que o que ocorre no país é um golpe contra o seu governo, que estes seriam influenciados pelos sindicatos que manipulariam os movimentos indígenas.

Lenin Moreno é um governo considerado tradicionalmente de direita. E na verdade está enfrentando o descontentamento popular que está tomando conta da América Latina e do mundo. Seria cômico se não fosse trágico, mas o governo acusa os manifestantes de golpistas. Discurso idêntico ao do PT no Brasil quando também enfrentou protestos de descontentamento contra a situação econômica e de vida da maioria do povo no país.

Os que são acusados de serem golpistas no Brasil, estão acusando de serem golpeados no Equador. Na verdade isso só demonstra que não há golpe nenhum. O que há são governos que seguem a risca a cartilha do FMI, anti povo e que apresenta a austeridade como saída. Foi assim no Equador de Rafael Correa (supostamente de esquerda) e á assim agora com Lenin Moreno.

Nas ruas, nas praças, nos piquetes e barricadas o que se vê na verdade é um povo tentando resistir da forma que pode. Se vê também que as direções sindicais e indígenas enfrentam uma violenta adaptação ao sistema democrático burguês sendo incapazes de apresentar uma saída real para o Equador.

Manifestantes ocupam a assembleia nacional e obrigam governo a transferir sede do governo

Manifestantes, em sua ampla maioria indígenas, no dia 8 de outubro tomaram a sede do parlamento equatoriano. De forma exemplar o recado que está sendo dado, mesmo que de forma inconsciente é que este tipo de democracia de fachada não funciona mais. Como forma de tentar salvar as instituições de estado que vivem uma profunda crise no país, sendo deslegitimadas pelos organismos que vão sendo criados durante a luta, o governo transferiu sua sede de Quito para Guayaquil.

Isso é uma clara demonstração de que o que vive o Equador chega a uma crise revolucionária. No sentido de que os povos, em especial os indígenas, estão gerindo novos organismos de poder e questionando o poder burguês vigente.

Naturalmente a reação do governo veio com mais violência, prisões e mortes. A imprensa mundial ao mesmo tempo tenta dar um ar de que o país vive um caos de insegurança e violência. Mas na verdade o que se vive é a demonstração de indignação de um povo que está cansado de viver sob a opressão do capitalismo.

Essa postura repressora e intransigente levou a que no sétimo de dia de protestos uma greve geral fosse organizada no país. Como forma de se autodefender da violência estatal burguesa, os manifestantes organizados também conseguiram deter policiais e militares que atuavam como agentes de repressão.

Em resumo, o processo do Equador deixa bem notório de que essas convulsões sociais se dão de forma frequente pois não há saídas por dentro destes sistema e regimes apodrecidos. O capitalismo, seja administrado pela esquerda ou pela direita, não tem mais condições de garantir avanços para a classe trabalhadora de nenhum país.

Governo recua da medida de retirada dos subsídios na tentativa de conter as manifestações

O governo foi obrigado a suspender a medida que dava fim aos subsídios aos combustíveis, e tentar discutir com as direções indígenas e sindicais um plano alternativo. Com certeza o recuo do governo é uma vitória da luta, e não seria possível se não houvesse a resistência a altura. Porém é clara a manobra do governo. Como não conseguiu impôr a base da força os planos do FMI agora adota uma postura bem conhecida, tradicionalmente usada pelos governos de frente popular como o PT no Brasil, Evo Morales na Bolívia ou até mesmo o ex presidente Rafael Correa no Equador.

É a tentativa de fazer um pacto social, e dentro disso se passa por cooptar as lideranças dos movimentos no sentido de manter a ordem social, restabelecer a governabilidade e tentar trazer alguma moral ao exército e a polícia que saem muito fragilizados enquanto órgãos de defesa do estado burguês e dos governos de plantão.

A saída para o Equador é uma só: é preciso derrubar o governo, por abaixo a assembleia nacional e reorganizar o país através dos organismos do povo rompendo de vez com o FMI e o banco mundial.

Ainda que o governo tenha sido obrigado a recuar, a luta no equador segue em curso. As saídas que tentam humanizar o capitalismo, ou que busquem algum pacto, onde mesmo que os subsídios estatais não sejam cortados, são saídas irrisórias e momentâneas.

A experiência de enfrentamento contra o governo deixou nítido que a polícia, o exército, a assembleia nacional, o sistema judiciário do país de democráticos somente tem a fachada. São parte do mecanismo que a anos e anos impõe uma situação de precarização no nível de vida do povo equatoriano.

Entendemos que a América Latina inteira e todos os países do mundo devem se solidarizar com a luta no Equador. Devemos tomar o exemplo dos povos tradicionais indígenas que demonstram mais do que nunca que para termos paz e direitos de verdade é necessário travar uma guerra de morte contra a classe que nos explora e nos oprime, derrotando também os governos de plantão que prestam serviços aos FMI e ao Banco mundial.

Viva a luta do povo Equatoriano!