#ELESNAO! A enxurrada de 40 milhões de não-votos mostram que uma grande parte população já entendeu que o problema maior não é um candidato ou outro: é o sistema! [3ª Parte]

O fenômeno de não-voto e de voto no "diferente", no "novo", também tem seus limites. Não-votar mas não lutar também não serve para nada. Assim como votar para "mudar" colocando políticos novos com as mesmas opiniões dos velhos. Entretanto, se só a luta muda a vida e as urnas não são capazes de mudança para melhor, a intenção dos eleitores ficou clara: o desejo de acabar com a situação terrível que vivemos hoje e mudar de alguma forma. Os políticos, os partidos tradicionais e o sistema como um todo estão em crise e profundamente criticados pela imensa maioria da população.

Nacional - 11 de outubro de 2018

3ª parte da série “balanço das eleições 2018”.

A população rejeitou todo o sistema e os políticos tradicionais. Recorde de mulheres eleitas e não-reeleição em massa das bancadas ruralista e da bala.

O fenômeno de não-voto e de voto no “diferente”, no “novo”, também tem seus limites. Não-votar mas não lutar também não serve para nada. Assim como votar para “mudar” colocando políticos novos com as mesmas opiniões dos velhos. Entretanto, se só a luta muda a vida e as urnas não são capazes de mudança para melhor, a intenção dos eleitores ficou clara: o desejo de acabar com a situação terrível que vivemos hoje e mudar de alguma forma. Os políticos, os partidos tradicionais e o sistema como um todo estão em crise e profundamente criticados pela imensa maioria da população.

Neste sentido, entraram para a Câmara e para as assembleias legislativas uma série de candidatos conservadores e até bizarros. Mas isso não significa que já não houvesse centenas deles, e que o eleitor tenha promovido o maior número de renovações e não-reeleição dos últimos tempos contra esta turma. O Congresso que foi eleito, por exemplo, teve um índice amplamente majoritário de derrotas eleitorais de ruralistas, militares e pastores. A chamada bancada BBB viu quase 70% de seus candidatos fracassarem nas urnas.

A bancada ruralista atualmente conta com 233 membros, e, conforme a própria associação que eles possuem para a atuação parlamentar, apenas 54 deles foram reeleitos. Conforme sites de notícia como o G1, o número seria maior, de 79 deputados reeleitos. De toda forma, 77% ou 66% dos atuais ruralistas foram mandados embora pelos eleitores. Da bancada da bala, formada por policiais, militares ou políticos ligados à área da segurança público ou forças de repressão em geral, dos atuais 299 integrantes (alguns são também ruralistas), apenas 82 foram reeleitos. Ou seja, 73% desta bancada foi enxotada da Câmara.

Na chamada bancada da bíblia, o grande nome, Eduardo Cunha, está não só cassado, como preso, e não conseguiu eleger sua filha. O novo líder máximo da bancada, Magno Malta, não conseguiu se reeleger. Idem Missionário José Olímpio, Bispo Antônio Bulhões (líder da Universal), o conhecidíssimo e fascistoide Valdir Raupp (RO), Irmão Lázaro e o líder da bancada evangélica, Takayama, ambos do PSC, partido que encolheu pela metade e não atingiu sequer a cláusula de barreira, rumando para a extinção.

Por outro lado, a bancada feminina nunca foi tão grande. O número de deputadas eleitas deu um grande salto, de mais de 50% de uma eleição para a outra. Nas assembleias legislativas de todo o país, o aumento também foi expressivo, de 35% em relação a 2014. Entre as mulheres eleitas, estão 3 candidatas ligadas à ex-vereadora Marielle Franco, também pelo PSOL-RJ. Mas a esquerda eleitoral não fala disso, mesmo sendo 3 mulheres negras, enquanto não se cansa de falar do fascistoide que se elegeu depois de quebrar a placa em homenagem à vereadora assassinada. Uma das mulheres eleitas também é a 1a indígena eleita na história do Congresso, pela Rede, e um discurso em defesa dos direitos humanos.

Outra vez, repetimos: isso não necessariamente muda o congresso para melhor. A maioria das mulheres eleitas antes e agora, assim como dos homens, é formada por burguesas. A classe trabalhadora e as pessoas vítimas de opressão não vão avançar por meio de mandatos, como não avançaram no mandato de Dilma, uma mulher que governou para o machismo e os opressores.

No entanto, estes números mostram, outra vez, que a intenção dos eleitores é dar mais voz às mulheres. E colocam mais um ponto de interrogação sobre as afirmações de que avança o fascismo. Mais de 70% das bancadas mais reacionárias não conseguem ser reeleitos, mais mulheres se elegem… Onde está a onda parlamentar fascista, se não apenas em exemplos particulares (que existem num sentido e noutro), que não se transformam em hipótese alguma em números coletivos?