#ELESNAO! A enxurrada de 40 milhões de não-votos mostram que uma grande parte população já entendeu que o problema maior não é um candidato ou outro: é o sistema! [2ª Parte]

Além dos cerca de 30% de eleitores que já se recusam a tentar mudar a podridão das eleições por dentro, a grande maioria dos demais que compareceu às urnas votou pela mudança. As assembleias legislativas do país inteiro tiveram um índice de renovação altíssimo, com pesos pesados da política não sendo reeleitos e a renovação no Congresso nacional passou dos 50%. Nas eleições para governador, também houve inúmeras surpresas e candidatos de 1ª eleição ou, ao menos, mais novos ou sem experiência no executivo, sendo os mais votados.

Nacional - 10 de outubro de 2018

2ª parte da série “balanço das eleições 2018”.

Renovação recorde de políticos e maior quantidade de mulheres na História não será capaz de renovar práticas políticas. Mas a população tentou…

Além dos cerca de 30% de eleitores que já se recusam a tentar mudar a podridão das eleições por dentro, a grande maioria dos demais que compareceu às urnas votou pela mudança. As assembleias legislativas do país inteiro tiveram um índice de renovação altíssimo, com pesos pesados da política não sendo reeleitos e a renovação no Congresso nacional passou dos 50%. Nas eleições para governador, também houve inúmeras surpresas e candidatos de 1ª eleição ou, ao menos, mais novos ou sem experiência no executivo, sendo os mais votados.

Romeu Zema em MG é o exemplo mais marcante disso, mas em quase todos os estados houve votações em pessoas novas, seja até então não-políticos, ou políticos com apenas um mandato. Do outro lado, nos casos em que não havia muita novidade em termos dos candidatos, todos mais ou menos velhos conhecidos, como a eleição presidencial, o voto foi majoritário em quem mais falou em mudança e se apresentou contra tudo; mesmo que não passasse de retórica e discurso vazio. O próprio Bolsonaro, de modo muito distorcido, por se tratar de um velho bandido, de mais de 20 anos atuando como inimigo dos trabalhadores, também surfou nesta onda de voto pela mudança. O que significa que votar para mudar não resolve coisa alguma. Mas é preciso reconhecer que houve este fenômeno em massa e que aqueles que ainda não romperam com a ilusão eleitoral, ao menos forma votar querendo que as coisas mudem.

Como expressão prática da não-reeleição de centenas de políticos tradicionais, ficaram de fora nomes como Romero Jucá (ministro no governo do PT e ex-líder do governo Temer), Eunício Oliveira (presidente da Câmara), Beto Richa (ex-governador do PSDB do PR, que espancou professores em greve), Requião (ex-goveernador do PR), Fernando Pimentel (governador de MG – um dos chefes da quadrilha do PT), Dilma Roussef (a candidata que mais teve tempo na TV e dinheiro para campanha e fracassou num 4º lugar para o Senado de MG), Roseana Sarney (MA), Edson Lobão (ex-ministro do PT e de Temer), Cássio Cunha Lima (PB), Mendonça Filho (PE – ex-ministro da educação de Temer), Eduardo Araujo (SP – ex-ministro das Cidades), Magno Malta (ex-base do PT, um dos líderes de Temer e apoiador entusiasmado de Bolsonaro), André Moura (SE – líder do governo Temer) etc.

Além de uma infinidade de oligarcas, coronéis e políticos corruptos em geral: Antonio Imbassahy (BA), Benito Gama (BA), José Carlos Aleluia (BA), Lucio Vieira Lima (do clã do Geddel, o ex-ministro do PT e de Temer, cujo apartamento tinha mais de R$ 50 milhões), Augusto Carvalho (DF), Roberto Freire (PE), Leonardo Quintão (MG), Paes Landim (PI), Luiz Carlos Hauly (PR), Osmar Serraglio (PR), Cristiane Brasil (filha de Roberto Jeferson, que nunca conseguiu ser nomeada como Ministra do Trabalho), Leonardo Picciani (RJ – do clã Picciani, cujo patriarca era o presidente da Assembleia Legislativa e chefe da quadrilha de Sérgio Cabral), Marco Cabral (RJ – filho do ex-governador), Danielle Cunha (RJ – filha do preso Eduardo Cunha) Beto Rosado (RN), Rogério Marinho (RN – pai da reforma trabalhista), Darcisio Perondi (RS – um pos porta-vozes de Temer), Yeda Crusius (RS – ex-governadora pelo PSDB), Beto Mansur (SP), Cristovão Buarque (DF), Zeca do PT (MS – ex-governador), Raimundo Colombo (SC- ex-governador),  José Agripino (RN), Antonio Jacome (RN), Garibaldi Alves (RN), Robinson Faria (RN), Vanessa Grazitin (AM), Tião Viana (AC), Lindberg Farias (RJ), Cesar Maia (RJ), Sarney Filho (MA), Marconi Perillo (ex-governador de GO) e outras centenas de políticos conhecidos que não há folha para tanto nome rechaçado nas urnas e colocado para fora pelos eleitores. Além de políticos que nem chegaram a concorrer, de tanta rejeição, como os ministros de Temer, Carlos Marum, Eliseu Padilha e Moreira Franco, além de Gilberto Kassab e outros.

No Senado, 54 vagas estavam em disputa (já que 27 só serão renovadas em 2022). Destas 54 vagas, houve 8 reeleições e 46 novos senadores. Uma renovação de 85,18%! Na Câmara dos Deputados, a renovação foi de 52%! Na Assembleia de SP, de 56%. E assim pelo país inteiro. O PSDB foi desmontado em SP, caindo de 19 deputados para 8! O PMDB foi arrebentado no RJ, caído de 15 eleitos em 2014 para 5 agora.

Nacionalmente, os 5 maiores partidos na Câmara dos Deputados perderam muito peso. O PT caiu de 69 para 56. O PMDB caiu de 65 para apenas 34. O PSDB caiu de 54 para 29 e deixou de ser um grande partido. PP (de Maluf e Ciro Nogueira), PSD (de Kassab) e PR (do ex-vice de Lula, José Alencar) também perderam deputados federais e encolheram nos estados. O PTB (de Roberto Jéferson), então, virou pequeno, caindo de 25 para meros 10 deputados. Em compensação, cresceram partidos inexpressivos como o PSL, ou o Novo, que nem existia. Houve ainda maior fragmentação eleitoral e o voto claramente foi contra os grandes partidos, identificados como o que existe hoje e precisa ser combatido.

Nunca houve uma vassourada deste porte, em termos quantitativos e da representação dos nomes colocados para fora pelos eleitores. Infelizmente, nada disso vai melhorar a situação do país, pois em seus lugares entrarão outros tão corruptos e burgueses quanto eles. Mas não se pode ignorar o sentimento explícito e gritante de mudança que veio das urnas. Aqueles que ainda acreditam em eleições fizeram, na sua maioria, o que puderam para mudar a política eleitoral e votar em novos nomes.