#ELESNAO! A enxurrada de 40 milhões de não-votos mostram que uma grande parte população já entendeu que o problema maior não é um candidato ou outro: é o sistema! [13ª Parte]

Contra o fascismo, a saída da classe trabalhadora passa, necessariamente, por uma resposta armada; militar, no sentido do povo em armas, com a força da classe sendo posta em movimento através da ação direta, com greves, manifestações e auto-defesa. A unidade que é possível e inclusive correta, contra um fascismo real, é a Frente Única militar antifascista, com o engajamento armado de todos os setores dispostos a combater os assassinos e o terror fascista, mesmo que em comum com setores burgueses democráticos.

Nacional - 25 de outubro de 2018

13ª Parte da série “Balanço das Eleições 2018” 

Frente Única militar e não Frente Popular ou apoio eleitoral a burguês

Contra o fascismo, a saída da classe trabalhadora passa, necessariamente, por uma resposta armada; militar, no sentido do povo em armas, com a força da classe sendo posta em movimento através da ação direta, com greves, manifestações e auto-defesa. A unidade que é possível e inclusive correta, contra um fascismo real, é a Frente Única militar antifascista, com o engajamento armado de todos os setores dispostos a combater os assassinos e o terror fascista, mesmo que em comum com setores burgueses democráticos. Foi a unidade militar havida na 2a Guerra Mundial, por exemplo, e que os trotskistas foram os impulsionadores, quando o stalinismo se recusava a enfrentar o nazi-fascismo de verdade, e ainda fazia o tristemente famoso acordo Hitler-Stálin, ou Ribbentrop-Molotov.

Então, somos aqueles que mais sabem e aplicam a unidade, quando ela é útil e adequada aos interesses da classe trabalhadora. Acordos pontuais e unidades de ação, para derrubar um governo corrupto e burguês como o de Dilma, por exemplo, quase sempre não se restringirão aos marcos da classe trabalhadora. A luta pelo Fora FHC teve setores burgueses junto, como a presença do então Partido Liberal na marcha dos 100 mil pelo Fora FHC em 1999. da mesma maneira, a luta pelo Fora Collor, pelo Fora Sarney e pelo Fora Temer, quando o próprio PT já é um partido burguês.

Podemos e estivemos com setores burgueses em todos estes momentos, e foi corretíssimo; como foi uma unidade de ação entre inúmeros setores proletários, mas ainda mais organizações burguesas a luta pelas Diretas Já nos anos 80, onde a direção da luta era claramente burguesa. Unidades de ação sempre foram corretas e seguem sendo, desde que mantenhamos nossa independência política e, junto da unidade pontual no terreno da luta direta, nas ruas, mantenhamos, também, as críticas aos que estarão do nosso próprio lado, a chamada unidade-enfrentamento, obrigatória e ainda mais importante quanto mais em unidade estivermos. Neste mesmo sentido, estivemos nos atos de repúdio às declarações fascistóides de Bolsonaro, por exemplo, os atos do #elenao, ao mesmo tempo em que fizemos críticas ainda maiores ao PT e acrescentemos “#nemosoutros”.

Unidade pontual e no campo da luta direta, entretanto, é completamente oposto de fazer Frente Única com setores burgueses ou, mesmo que sem burgueses, em nome de um programa burguês. Estivemos na luta militar conjunta contra Kadafi na Lìbia e estamos junto das barricadas para derrubar a ditadura de Maduro na Venezuela. Estivemos na luta das ruas para derrubar Dilma e igualmente para derrubar Temer. Mas, sob hipótese alguma, poderíamos estar numa frente política, eleitoral, com Caprilles na Venezuela, com o PSDB numa eleição anti-PT, ou com o PT contra Bolsonaro.  Isto é um escândalo!

Ou seja, em relação a setores que são da burguesia, nosso programa é destrui-los! Porém, circunstancialmente, e desde que mantendo e até aprofundando nossa independência de classe e o enfrentamento a eles, a classe trabalhadora pode e deve ter algumas unidades. Quais são elas? No campo da luta política, podemos ter acordos e unidades de ação, pontuais e no terreno da ação direta. No campo da luta antifascista, que é essencialmente militar, frente única militar! Entretanto, em nenhum caso, sob nenhuma hipótese, frente única política com qualquer setor burguês. Aliar-se a setores burgueses politicamente é o caminho para a desmoralização da classe trabalhadora e o caminho mais rápido para a vitória de burgueses ainda mais à direita ou até mesmo de fascistas.

A frente anti-Bolsonaro que existe hoje cumpre este papel nefasto, pois não é uma frente de luta, e sim uma frente policlassista, oportunista e de conciliação de classes, política e eleitoral, subordinada a um partido burguês, neoliberal e corrupto, que é o PT. O fascismo não está colocado na atual realidade brasileira, mas, se vier a se desenvolver, será derivado deste tipo de traição por parte da esquerda, que se abstém de enfrentar aos diferentes blocos burgueses e resolveu aderir de mala e cuia a um destes blocos dos inimigos da nossa classe.

Mais uma vez, leiamos o que escreveu Trotsky em O Programa de Transição: “Não há a menor razão para ver a causa dessas derrotas no poderio da ideologia fascista. Mussolini, na verdade, nunca teve a menor ideologia. A ideologia” de Hitler nunca influenciou seriamente os operários. As camadas da população que o fascismo, em certo momento ganhou, antes de mais nada as classes médias, já tiveram tempo de perder as ilusões a seu respeito. Se, apesar de tudo, uma oposição, mesmo que pouco notável, se limita aos meios clericais, protestantes e católicos, a causa não se encontra na força das teorias semi-delirantes, semi-charlatanescas da “raça” e do “sangue””, mas a falência estarrecedora das ideologias da democracia, da social-democracia e da Internacional Comunista. (nota nossa: a Internacional Comunista, apesar do nome, era internacional dos stalinistas, já completamente traidora e que havia conciliado com Hitler antes da 2a Guerra Mundial).

Depois do esmagamento da Comuna de Paris, uma reação sufocante durou cerca de oito anos. Após a derrota da Revolução Russa de 1905, as massas operárias mantiveram-se presas de estupor por quase o mesmo período de tempo. Entretanto, nesses dois casos, tratava-se apenas de derrotas físicas, determinadas pela relação de forças. Na Rússia tratava-se, além disso, de um proletariado quase virgem. A fração dos bolcheviques contava, então, com apenas 3 anos de idade. A situação era completamente diferente da Alemanha, onde a direção pertencia a poderosos partidos, contando um deles com 70 anos de existência e o outro com cerca de 15. Esses dois partidos, que possuíam milhões de eleitores, encontraram-se moralmente paralisados antes da luta e renderam-se sem combater. Jamais houve na História semelhante catástrofe. O proletariado alemão não foi derrotado pelo inimigo em um combate: foi abatido pela covardia, abjeção e traição de seus próprios partidos. Não é de espantar que tenha perdido a fé em tudo o que estava habituado a crer há quase três gerações. A vitória de Hitler, por sua vez, reforçou Mussolini.

O insucesso real do trabalho revolucionário na Itália e na Alemanha é apenas o resultado da pol(tica criminosa da social-democracia e da I. C.. (…) Os chefes emigrados são na maioria agentes do Kremlin e da GPU desmoralizados até a medula dos ossos, ou antigos ministros sociais-democratas da burguesia que esperam, por algum milagre, que os operários Ihes devolvam seus postos perdidos. Pode-se imaginar, um só instante, esses senhores no papel de chefes da futura revolução “antifascista”?

(…) Tanto desse ponto de vista, como de outros, Stálin é apenas um auxiliar de Goebbels!

(…) A “Frente Popular” na emigração é uma das variedades mais nefastas e mais traidoras de todas as frentes populares possíveis. Significa, no fundo, a nostalgia impotente de uma coalizão com uma burguesia liberal inexistente. Se ela tivesse algum sucesso, apenas prepararia uma série de novas derrotas do proletariado à maneira espanhola. É por isso que a impiedosa critica da teoria e da prática da “Frente Popular” é a primeira condição de uma luta revolucionária contra o fascismo.

Isto não significa, evidentemente, que a IV Internacional rejeite as palavras de ordem democráticas. Ao contrário, elas podem em certos momentos ter um enorme papel. Mas as fórmulas da democracia (liberdade de reunião, de associação, de imprensa etc.) são, para nós, palavras-de-ordem passageiras ou episódicas no movimento independente do proletariado e não um laço corrediço democrático passado em torno do pescoço do proletariado pelos agentes da burguesia (Espanha). A partir do momento em que o movimento tomar qualquer caráter de massas, as palavras-de-ordem transitórias misturar-se-ão às palavras-de-ordem democráticas: os comitês de fábrica aparecerão, e é preciso ver isso antes que os velhos pelegos se tenham lançado, de seus escritórios, à edificação de sindicatos; os conselhos cobrirão a Alemanha antes que se tenha reunido em Weimar uma nova Assembleia Constituinte. O mesmo se dará na Itália e em outros países totalitários ou semitotalitários.

O fascismo lançou esses países no campo da barbárie política. Mas não modificou seu caráter social. O fascismo é um instrumento do capital financeiro e não da propriedade latifundiária feudal. O programa revolucionário deve apoiar-se sobre a dialética da luta de classes, que é válida também para os países fascistas e não sobre a psicologia dos falidos amedrontados. A IV Internacional rejeita com asco os métodos de mascarada política aos quais recorrem os stalinistas, antigos heróis do “terceiro período”, para aparecer ora com máscaras de católicos, de protestantes, ora de judeus, de nacionalistas alemães, de liberais unicamente com o fim de esconder seu próprio rosto pouco atraente.

A IV Internacional aparece sempre e em todos os lugares sob sua própria bandeira. Ela propõe abertamente seu programa ao proletariado dos países fascistas. Desde agora os operários avançados do mundo inteiro estão firmemente convencidos de que a derrubada de Mussolini, de Hitler, de seus agentes e imitadores produzir-se-á sob a direção da IV Internacional.”

As palavras de Trotsky escritas em 1938 ainda ecoam, 80 anos depois! Quantos novos stalinistas e social-democratas hoje não escondem seu programa, suas bandeiras e suas cores, não se transformam em católicos, evangélicos e liberais para ganhar votos e esconder seu próprio rosto pouco atraente? Nós, ao contrário, não deixamos de lutar pelas bandeiras democráticas, mas as combinamos com as bandeiras transitórias ao socialismo, as palavras-de-ordem da revolução dos trabalhadores. Sem qualquer frente ou capitulação eleitoral aos burgueses que estiveram à frente do país nos últimos 20 anos, entre PSDB e PT, hoje juntos “pela democracia”, com o apoio de FHC, Alberto Goldman e outros líderes tucanos á campanha de Haddad.

Stalin foi um auxiliar de Goebbels e Haddad é um auxiliar de Bolsonaro, cuja candidatura e possível eleição se deverão à covardia, abjeção e traição dos próprios partidos que se dizem de esquerda, incluindo o PT, PCdoB e PSOL.

Aderir à campanha de Haddad, assim como ter aderido à campanhas de Ciro Gomes, ambas burguesas, neoliberais e de projetos que massacraram a classe trabalhadora por onde passaram, é fazer o jogo da burguesia, desarmar os trabalhadores e, esta posição sim, abrir o caminho para um risco fascista no futuro.