#ELESNAO! A enxurrada de 40 milhões de não-votos mostram que uma grande parte população já entendeu que o problema maior não é um candidato ou outro: é o sistema! [11ª Parte]

Dentro do equívoco colossal de considerar que o Brasil possa estar às portas de ingressar num regime fascista, a "esquerda" reformista comete um crime político imenso, que pode gerar graves consequências e custar caro aos trabalhadores diante de uma ameaça real de fascismo que venha a nos atingir - o que sempre será possível, ao menos como hipótese teórica, enquanto o capitalismo não for destruído e substituído por um Estado dos trabalhadores.

Nacional - 24 de outubro de 2018

11ª Parte da série “Balanço das Eleições 2018” 

Fascismo se combate com comitês armados de autodefesa do proletariado

Dentro do equívoco colossal de considerar que o Brasil possa estar às portas de ingressar num regime fascista, a “esquerda” reformista comete um crime político imenso, que pode gerar graves consequências e custar caro aos trabalhadores diante de uma ameaça real de fascismo que venha a nos atingir – o que sempre será possível, ao menos como hipótese teórica, enquanto o capitalismo não for destruído e substituído por um Estado dos trabalhadores.

Este crime político é deseducar os ativistas de que o fascismo se combate com voto e discurso pacifista. Isto é preparar o campo para o massacre do proletariado, que seria destroçado por um fascismo que realmente viesse a existir, pois ao invés de resistência, ele se depararia com pacifistas pregando voto, flores e educação como forma de defesa da democracia, sob rajadas de metralhadoras, bombas e tanques esmagando o que estivesse pela frente.

O fascismo ou mesmo uma ditadura que não chegasse ao ponto do fascismo, mas que impusesse a perseguição em massa dos militantes, cassação de liberdades civis, censura, fechamento de instituições da democracia burguesa, etc., seria responsável por milhares de execuções e outras dezenas de milhares de prisões e torturas; no mínimo.

O que dizem PT, PSOL, PCdoB, PCB, parte do PSTU, inúmeros anarquistas (os anarquistas nunca votaram tanto como nesta eleição… sempre nos patrões e burgueses, como Haddad, Marina e Ciro/Katia Abreu)?  Dizem que há fascismo iminente, e que a “resistência” é votar 13-Haddad. Isto é tão oportunista e fora da realidade hoje em dia, significando uma rendição e capitulação extremas ao bloco burguês da quadrilha do PT; como é um desserviço à conscientização de classe e “ensina” que o fascismo é combate com “paz e amor”. É a pavimentação para um fascismo futuro, hoje inexistente e fantasmagórico, mas que um dia pode vir, e encontrará covardes e militantes virtuais e inúteis, se este discurso prevalecer.

Também é o mesmo risco contido na fábula de Esopo chamada “O Menino e o Lobo”, onde o menino, de tanto gritar “lobo” sem haver lobo nenhum, quando precisou gritar de verdade não foi levado a sério.

Já demonstramos que não existe a mínima condição de que passemos a um regime fascista ou que entremos numa ditadura no próximo período, e que a eleição de Bolsonaro é incapaz, por si mesma, de mudar o regime político do país. Igualmente, provamos que já existe uma carnificina contra negros, mulheres, indígenas e LGBTQs, e que esta matança e agressões em massa são intrínsecas ao capitalismo, vêm tragicamente aumentando em todos os governos (inclusive nos do PT) e vão seguir terríveis com Haddad ou Bolsonaro, sem que uma das opções seja menos burguesa, ou mais capaz de frear ou de fazer aumentar estes indicadores.

Mas, por um instante, apesar da falta de base em fatos concretos, de precedente histórico e de condições materiais atuais para isso, vamos imaginar que estamos prestes a cair no fascismo ou numa ditadura… Perguntamos aos frenéticos “combatentes antifascistas”, que “dão suas vidas para conseguir mais alguns votos”, vamos aos comitês armados de autodefesa?

Sim, porque não há combate sério a bandos militares e paramilitares, que se recusam a intervir através da democracia-burguesa (que já é assassina, genocida e truculenta, mas tem limites legais), sem uma resposta tão ou ainda mais violenta como auto-defesa! O fascismo existe para acabar com qualquer resistência à exploração capitalista e para poder trucidar qualquer oposição dos trabalhadores – é uma saída de violência total contra nossa classe. Os trabalhadores, portanto, só têm um modo de enfrentar o fascismo: com seu próprio armamento e enfrentando e derrotando fisicamente os fascistas!

Poderíamos explicar infinitamente isso, desenhar e passar horas tratando do que é evidente. Mas é melhor deixar que Trotsky, o grande revolucionário russo, explique. N “O Programa de Transição”, ele dedica um capítulo inteiro à tática para enfrentar o fascismo, que na época era real.

Diz Trotsky: “Os reformistas incutem sistematicamente nos operários a idéia de que a sacrossanta democracia está assegurada da melhor maneira quando a burguesia está armada até os dentes e os operários desarmados.

O dever da IV Internacional é acabar, de uma vez por todas, com esta política servil. Os democratas pequeno-burgueses – inclusive os sociais-democratas, os stalinistas e os anarquistas – tão mais fortemente gritam a respeito da luta contra o fascismo quanto mais covardemente capitulam diante dele. Aos bandos do fascismo somente podem opor-se com sucesso destacamentos de operários armados que sintam atrás de si o apoio de dezenas de milhões de trabalhadores. A luta contra o fascismo começa não na redação de um jornal liberal, mas na fábrica e termina na rua. Os pelegos e os guardas particulares nas fábricas são as células fundamentais do exército do fascismo. Os PIQUETES DE GREVE são as células fundamentais do exército do proletariado. É de lá que é necessário partir. Por ocasião de cada greve e de cada manifestação de rua, é necessário propagar a idéia da necessidade da criação de DESTACAMENTOS OPERÁRIOS DE AUTO DEFESA. É necessário inscrever esta palavra-de-ordem no programa da ala revolucionária dos sindicatos. É necessário formar praticamente os destacamentos de auto defesa em todo o lugar onde for possível a começar pela organizações de jovens e conduzi-los ao manejo das armas.

A nova onda do movimento de massas deve servir não somente para aumentar o número de destacamentos, mas ainda para unificá-los por bairros, cidades, regiões. É necessário dar uma expressão organizada ao ódio legítimo dos operários pelos pelegos e bandos de gangsters e de fascistas. É necessário lançar a palavra-de-ordem de MILICIA OPERÁRIA como única garantia séria para a inviolabilidade das organizações, reuniões e imprensa operárias.

É somente graças a um trabalho sistemático, constante, infatigável e corajoso na agitação e propaganda, sempre em relação com a experiência das próprias massas, que se podem extirpar de sua consciência as tradições de docilidade e passividade; educar destacamentos de combates heróicos, capazes de dar o exemplo a todos os trabalhadores; infringir uma série de derrotas táticas aos bandos da contra-revolução; aumentar a confiança em si mesmos dos explorados e oprimidos; desacreditar o fascismo aos olhos da pequena burguesia e abrir o caminho da conquista do poder pelo proletariado.

Engels definia o Estado como “destacamentos de pessoas armadas”. O ARMAMENTO DO PROLETARIADO é o elemento constituinte indispensável de sua luta emancipadora. Quando o proletariado o quiser, encontrará os caminhos e os meios de armar-se. A direção, também neste domínio, incumbe, naturalmente, às seções da IV Internacional.” Os negritos são nossos.

Pronto. Assim, considerando que todas as análises marxistas que fazemos estejam erradas, e que o espectro do fascismo seja realmente a representação de um fascismo real que em poucas semanas se abaterá sobre nossa classe, fazemos um chamado: construamos nossos comitês de auto-defesa armados! Quem mais estará conosco?