Eleição no Japão demonstra a fragilidade do Regime Democrático Burguês

No dia 22 de outubro, foram realizadas as eleições legislativas antecipadas pelo reeleito primeiro ministro Shinzo Abe. Esta ressonante vitória da coalizão governamental (Partido Liberal Democrata e Komeito), por mais expressiva que seja, não encontra o devido eco entre os trabalhadores japoneses.

Mundo - 21 de dezembro de 2017

No dia 22 de outubro, foram realizadas as eleições legislativas antecipadas pelo reeleito primeiro ministro Shinzo Abe. Esta ressonante vitória da coalizão governamental (Partido Liberal Democrata e Komeito), por mais expressiva que seja, não encontra o devido eco entre os trabalhadores japoneses.

Shinzo Abe, político de direita conservador no poder desde 2012 entra pra história do Japão como sendo o líder mais duradouro no país após a segunda guerra mundial, podendo continuar no cargo até 2021. Não foi por acaso que Abe convocou as eleições em Setembro para serem realizadas em Outubro. Diante uma onda de escândalos de corrupção envolvendo diretamente Abe e sua esposa, combinado ao aumento de tensão entre a Coreia do Norte o cenário caótico da opinião publica o favoreceu nesta manobra.

Em Julho, a popularidade do primeiro ministro despencou para 26% devido ao caso de corrupção que favorecia um amigo sobre licença de atividade econômica numa zona especial. Chegando perto daquilo que os japoneses chamam de “zona da morte” – quando um político fica abaixo de 20% de aprovação -, Abe conseguiu se manter na corda bamba graças aos estáveis resultados econômicos que obteve. Neste breve intervalo de tempo, aproveitando-se do medo geral da população envolvendo a Coreia do Norte, o primeiro ministro dissolve a câmara baixa do parlamento (correspondente ao Congresso Nacional no Brasil) no interesse de conseguir a maioria necessária para aplicar toda a agenda governamental.

Enfrentando uma oposição destroçada por conflitos internos, não foi difícil para a coalizão governamental vencer as eleições garantindo a maioria de 2/3 das vagas no parlamento. Das 465 vagas, 313 foram ganhas pelo governo abrindo as vias de implementar diversas propostas, dentre estas: reforma constitucional, retorno completo à energia nuclear, fortificação da segurança nacional em especial contra a Coreia do Norte e modificações nas políticas sociais internas.

Abstenções revelam a crise do regime

Os dados dos resultados eleitorais aparecem em primeira vista como algo fortificante ao regime democrático burguês nipônico, nada mais falso quando observado as demais variáveis deste processo. No Japão o voto não é obrigatório, assim uma parte da população “normalmente” nem sente vontade de participar do processo eleitoral, o diferencial neste caso é que as abstenções chegaram ao segundo patamar mais alto no período pós-segunda guerra, estimada em 46,31%.

Logo após os resultados eleitorais serem divulgados, novas pesquisas de opiniões foram realizadas demonstrando grandes contradições: grande parte da população japonesa tem frustração e repudio com o governo do primeiro ministro em função da proposta de Abe querer mudar o Artigo 9 da Constituição, na qual afirma-se que o Japão Renuncia à Guerra. Atualmente o Japão possui forças de auto defesa e recentemente criou uma espécie de mini marinha para ajudar aliados em operações marítimas. Com esta mudança na Constituição o Japão poderia constituir um exército regular orientado ao ataque.

Outra pesquisa apontou que 51% dos entrevistados não queriam que Abe continuasse no poder. Ou seja, muitos dos que votaram em Abe o fizeram na ausência de uma alternativa consolidada que apresenta-se uma melhor opção.

Certamente que com esta composição o governo japonês terá grandes facilidades na condução do país, mas a reforma constitucional, por exemplo, precisa passar por referendo popular, estágio este extremamente difícil do governo manobrar.

Em linhas gerais, a população japonesa repudia grande parte da plataforma política do governo. Os movimentos anti guerra, pela expulsão das bases militares norte americanas e contra a utilização da energia nuclear ganham peso nesta região do pacífico. Outra grande demonstração contra o governo ocorreu em junho, quando foi aprovada a lei anti-terror para os jogos Olímpicos de 2020 que intensifica a vigilância sobre o conjunto da população com a justificativa de prevenir terrorismo, algo similar ao que Dilma fez em 2016.

Mesmo na terceira maior economia do mundo a luta de classes toma nova intensidade colocando as instituições do Estado Burguês em questionamento lançando diversos setores da classe trabalhadora em constante conflito contra seus respectivos governos. A crise econômica não deixa de atormentar as grandes economias imperialistas demonstrando que as bases da sociedade burguesa estão ruindo no confronto com o ascenço dos trabalhadores.

 

Fora Abe!

Pela Retirada Imediata das Tropas Norte Americanas do Japão!

Pela Manutenção do Artigo 9 da Constituição Japonesa!

Abaixo a utilização de energia nuclear! Pela utilização das fontes renováveis de energia!