É hora do programa revolucionário e da organização classista pela base!

A crise capitalista é utilizada pelos governos e pela burguesia para atacar ainda mais os trabalhadores, mas nem por isso a classe trabalhadora deixou de lutar. Nos últimos anos, quanto mais crise, mais ataques, mas mais lutas são travadas. Vivemos na época imperialista, caracterizada justamente por crises, guerras e revoluções – nada que descreva tão bem a situação cada vez mais polarizada socialmente no mundo.

Nacional - 18 de outubro de 2017

A crise capitalista é utilizada pelos governos e pela burguesia para atacar ainda mais os trabalhadores, mas nem por isso a classe trabalhadora deixou de lutar. Nos últimos anos, quanto mais crise, mais ataques, mas mais lutas são travadas. Vivemos na época imperialista, caracterizada justamente por crises, guerras e revoluções – nada que descreva tão bem a situação cada vez mais polarizada socialmente no mundo.

As respostas à crise por parte do reformismo e da “esquerda” institucional são mais do mesmo. Quando são eleitos, governam como neoliberais; quando são oposição, só falam em “golpe”, se tornam os maiores defensores das instituições, do Estado burguês de direito e atuam de forma “bem comportada” com quem ataca os trabalhadores e raivosa contra a esquerda que os desmascara e defende a revolução.

Os trabalhadores, em sua maioria, porém, já não acreditam mais nas saídas eleitorais, e entendem que “eles são todos iguais”. É assim no Brasil, na Argentina, no México, na Europa… E, descrentes na esquerda traidora, os trabalhadores estão indo às lutas, vivendo um ascenso internacional, com derrubadas de governos, greves gerais e até processos revolucionários em curso.

No Brasil, atingido em cheio pela crise, tanto os ataques cresceram de ritmo, desde o governo Dilma e prosseguidos agora com Temer, como as lutas de resistência também se multiplicaram. O fato das lutas serem essencialmente “defensivas”, no sentido de lutarem para não haver perdas, não anula o fato de que os trabalhadores saíram da passividade de períodos anteriores, e hoje lutam em mais setores, de forma mais radicalizada e mais unificada. A Greve Geral no Brasil, após quase 30 anos, prova isso.

A luta das mulheres está em efervescência, com coletivos feministas, atos de rua e uma propaganda e agitação contra o machismo que atinge milhões de trabalhadoras, cada vez mais conscientes de seus direitos e dispostas a lutar. Negros, LGBT+ e demais oprimidos também têm aumentado suas lutas. A juventude, que foi a vanguarda dos levantes populares e estudantis de 2013, voltou a tomar a frente das lutas em 2016, com uma onda histórica e sem precedentes de ocupação de escolas e universidades, em defesa do ensino público de qualidade e contra os cortes de verba.

Apesar das lutas serem maiores e mais frequentes, as direções de massa impedem, restringem e traem todas as lutas que podem, limitando a capacidade e o poder de mudanças das lutas dos trabalhadores. A subida de Temer ao poder não modificou, qualitativamente, a postura traidora da CUT, CTB, UNE, MST e demais organizações oportunistas e de conciliação de classes.

Por isso, é urgente defender a mais ampla unidade de ação da classe trabalhadora contra os ataques capitalistas, com uma campanha de agitação na base, nas nossas categorias, nas bases da CUT, CTB, Força Sindical e demais centrais a serviço dos patrões, e diretamente sobre a massa explorada mais pobre, nos bairros, locais de grande concentração e setores precarizados, a serviço de uma Greve Geral por tempo indeterminado para derrubar Temer, o Congresso e seus ataques.

Precisamos lutar em unidade, mas combater permanentemente todas as direções oportunistas, como única forma de destravar as lutas e permitir que a classe trabalhadora tenha a força necessária para conquistar o poder e impor o atendimento de suas demandas, através de um programa de luta da classe trabalhadora, cujo eixo deve ser combater as reformas neoliberais, os cortes de verba e as privatizações.

Para isso, temos que impulsionar uma ampla campanha em defesa do emprego, contra as demissões e fechamento de postos de trabalho; ao mesmo tempo, contra a precarização do trabalho e pelo fim da terceirização. Lutar por reajustes que reponham o poder de compra dos trabalhadores, enfrentando a inflação real sentida pelos trabalhadores; pela redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias, para haver menos horas trabalhando, com mais postos de trabalho; em defesa dos serviços públicos, contra os planos de “austeridade” do governo; por investimentos em saúde, educação (10% do PIB já!), transporte, moradia e segurança.

Assim como lutar pela reestatização imediata, sem indenização e sob controle dos trabalhadores e do povo, de todo o sistema financeiro; empresas privatizadas ou estratégicas; do transporte público; do sistema de saúde privado; e de todo o ensino privado do país. Devemos lutar contra a repressão, em defesa do direito de livre organização, de greve e de manifestação. Contra a criminalização dos movimentos sociais, a perseguição aos ativistas e a violência policial.

Para aplicar este programa, é preciso impor o não-pagamento da dívida pública, e o investimento desse dinheiro num plano de obras e serviços públicos que garanta emprego para todos e atenda às necessidades dos trabalhadores. É mais do que necessário organizar os trabalhadores pela base, em comitês de fábrica e por empresa, mas também conselhos populares por emprego; contra a violência policial; pela legalização das drogas, como medida de combate ao crime; contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia; e qualquer pauta que possa mobilizar os explorados e oprimidos contra Temer, o Congresso, o Judiciário e o capitalismo como um todo.

Os trabalhadores já não aguentam mais ser enganados e procuram uma saída diferente de tudo que está aí. A nossa tarefa é organizar, dar um programa revolucionário a esta enorme insatisfação e aos inúmeros exemplos de luta que já estão sendo feitas.