Depois de 3 meses da data base, TST bate o martelo sobre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria sem recuperação de dezenas de direitos perdidos nem ganho real

Os trabalhadores dos Correios esperavam há semanas uma decisão por parte do TST acerca do ACT. A mediação foi um pedido da FENTECT/CUT e da FINDECT/CTB, que desmontaram a greve com apenas 24h de mobilização. Desde que as direções sindicais abriram mão da luta e jogaram a sorte da categoria na mesa da Justiça, em pleno processo de privatização dos Correios, 3 meses se passaram, com os trabalhadores adoecendo trabalhando de graça aos sábados e sem reajuste, enquanto a inflação aumenta o preço de tudo.

Sindical - 23 de novembro de 2021

Os trabalhadores dos Correios esperavam há semanas uma decisão por parte do TST acerca do ACT. A mediação foi um pedido da FENTECT/CUT e da FINDECT/CTB, que desmontaram a greve com apenas 24h de mobilização. Desde que as direções sindicais abriram mão da luta e jogaram a sorte da categoria na mesa da Justiça, em pleno processo de privatização dos Correios, 3 meses se passaram, com os trabalhadores adoecendo trabalhando de graça aos sábados e sem reajuste, enquanto a inflação aumenta o preço de tudo.

O reajuste de 9,75% nos salários e vale alimentação ajuda todos nós a pagarmos as contas atrasadas que se acumulam. Mas já iremos receber o aumento com perdas salariais! De 1/8 até hoje, a inflação já acumulou mais de 4%! Nosso contracheque, mesmo reajustado, terá zero de aumento real, e já terá mais de 4% de perdas!

O retorno do pagamento de adicional de 15% a quem trabalha aos sábados é uma conquista da categoria. Mas todo o ano em que trabalhamos de graça ficou por isso mesmo, após os sindicatos traidores permitirem isso no ano passado. Da mesma forma, o plano de saúde manteve todos seus ataques. Seguimos sem o adicional de 70% das férias. E dezenas de cláusulas que seguem perdidas.

A decisão do TST pode parecer boa à primeira vista, comparada aos últimos acordos horríveis assinados pelas federações e pelo Sintect/RS.

Sobre os sábados, derrubada a obrigatoriedade do pagamento de adicional de 15%, começaram a chamar todos do operacional a trabalhar aos sábados. O adicional do sábado é um direito conquistado pela categoria. Retomá-lo é fazer justiça.

Mas o mais grave de não ter havido uma luta direta em 2021 e da burocracia sindical ter abandonado a greve e jogado tudo para a Justiça, é que a ameaça da privatização segue colocada para os próximos meses!

Além de estarmos doentes, sobrecarregados, com salários arrochados e sem direitos, corremos o risco de perdermos nossos empregos! Por isso, é um grave erro que as federações e o Sintect/RS façam festa para uma proposta que mal repõe a inflação. Na luta, teríamos força para arrancar muito mais.

É hora de se mexer! O TST é patronal. Se concedeu alguma coisa, é sinal que podemos muito mais

Todo trabalhador dos Correios que participou das últimas campanhas salariais sabe de que lado está o TST, que chegou ao cúmulo de julgar algumas greves abusivas. Foi o TST quem mudou o Correios Saúde sem mensalidades para o atual Postal Saúde com mensalidades. Tanto o TST é nosso inimigo, que, em outros anos, foi a própria patronal quem pediu a intermediação da Justiça.

Mas agora foi o próprio movimento sindical quem delegou as reivindicações para o TST. Claro que podemos solicitar intermediações judiciais, mas este deve ser o último recurso, pois nosso terreno é o das lutas! É nas greves que conseguimos tudo que temos!

A verdade é que as duas federações morreram pra luta! Chamaram uma greve nacional unificada, mas, no dia das assembleias que deflagrariam a greve, recuaram e chamaram um único dia de paralisação.

O judiciário nunca deu nada de graça, tudo que os trabalhadores conquistaram foi com muita luta. Mas o Sintect/RS e as federações hoje preferem ficar na mordomia, sem os riscos de lutar, e vivendo das verbas da taxa negocial, tomada do bolso do trabalhador.

O desmonte da greve para esperar o TST enfraquece a categoria. É a mesma lógica que leva a que os únicos esforços contra a privatização sejam reuniões e notas contra os senadores.

Os senadores são parte do que há de mais podre e corrupto na política. Embora tenhamos que fazer toda a pressão sobre eles, entregar a luta e jogar nosso futuro sempre no TST e nos parlamentares é um absurdo. É preciso apostar na ação direta junto à população. Construir nos bairros comitês em defesa dos Correios e contra as privatizações. Unificar a luta com as demais categorias que estão enfrentando processos de privatização, como bancários e petroleiros. E utilizar todas as táticas necessárias, mas sem esquecer que a linguagem que o patrão entende é quando os trabalhadores mostram na prática o valor da sua força de trabalho.

A postura de aceitar tudo calado e sempre esperar pelo TST tem nos levado somente a derrotas nos últimos anos.

Não à privatização. Se o Senado votar, o Correio vai parar!

Pela reposição de todas as perdas salariais, incluindo os 4% dos últimos 3 meses.

Redução da jornada de trabalho para 36h semanais!

Trabalho ao sábado somente como hora extra com adicional de 100%.

Pela reintegração de todos nossos direitos perdidos! Que o plano de saúde volte à gratuidade e condições anteriores!