Congresso da CSP-Conlutas reafirma a necessidade da Revolução Socialista no Haiti

No 3º Congresso da CSP-Conlutas, a unica tese que tratava do Haiti foi apresentada pelo MRS e aceita por consenso no plenário geral. A expressão da Barbárie nas Americas se expressa com maior amplitude neste país que sofre constantemente com a ocupação das tropas da ONU.

Sindical - 16 de outubro de 2017

No 3º Congresso da CSP-Conlutas, a unica tese que tratava do Haiti foi apresentada pelo MRS e aceita por consenso no plenário geral. A expressão da Barbárie nas Americas se expressa com maior amplitude neste país que sofre constantemente com a ocupação das tropas da ONU.

Confirma abaixo a resolução aprovada:

RESOLUÇÃO SOBRE HAITI

Considerando que:

– O Haiti está ocupado por tropas imperialistas ou a serviço do imperialismo desde 2007.

– A Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) foi não apenas integrada, mas comandada, pelo Brasil na maior parte deste crime contra os trabalhadores e a soberania do Haiti.

– Esta ocupação brasileira, depois da invasão do país pelos Estados Unidos, iniciou no governo Lula, foi continuada por todo o mandato de Dilma e mantida até há pouco por Temer, completando 10 vergonhosos anos.

– O Haiti era um país livre até ser invadido em 2004, ainda que repleto de conflitos e extremamente pobre.

– Hoje, o país está ainda mais miserável e destruído depois de 13 anos, e ainda segue ocupado por exércitos estrangeiros e com o governo sendo escolhido conforme determina o imperialismo.

– A bandeira do Brasil tremulou, junto de outros invasores que levaram ainda mais morte, opressão e doenças, como a cólera, ao país mais pobre das Américas.

– Bairros da capital Porto Príncipe, como Cité Soleil, são uma enorme favela onde sobrevivem cerca de 300 mil pessoas, convivem com tanques e militares que simulam “integração social” apenas como uma forma de tentar amenizar a realidade de serem responsáveis por manter a população “pacífica” diante das epidemias, da destruição e da fome, provocadas pela ocupação estrangeira.

– A “Missão de Paz” nunca lutou contra um exército inimigo, e teve raros confrontos com traficantes ou grupos ligados ao crime comum. Em 10 anos, a ocupação militar brasileira no Haiti, antecedida pela invasão imperialista capitaneada pelo Estados Unidos, e que ainda segue presente, serviu apenas para dar segurança ao governo golpista instalado no país após a deposição do presidente eleito anteriormente.

– Além de defender o governo corrupto e ilegal, as tropas brasileiras serviram para impedir greves, manifestações e protestos de uma população que vive esfomeada, sem emprego e sem liberdade, com esgoto correndo a céu aberto, construções demolidas, lixo por toda parte e miséria sem fim.

– As tropas tinham o papel de combater as “gangues”, nome dado a quem quer que não se resumisse ao papel de aceitar o inferno do país sem reação, ou sorrindo diante de camisetas do futebol brasileiro, como as imagens da imprensa fabricavam, sem mostrar as crianças desnutridas, as famílias sem casa e a morte por todos os lados. Enquanto isso, os militares reprimiram e reprimem os saques por comida, as manifestações de rua e quem, legitimamente, tenta expulsar os invasores imperialistas ou capachos do imperialismo, como os brasileiros.

– O Haiti foi o primeiro país da América Latina a se tornar independente, a primeira república e o primeiro país de todas as Américas onde a escravidão foi abolida. E nada disso foi feito por brancos ou setores que “libertaram” os escravos, e sim por eles mesmos. O Haiti foi primeiro e o único local em que os escravos assumiram o poder, derrubando o governo e o regime anterior, a partir de uma revolução popular.

– O preço deste exemplo e desta vitória espetacular, no entanto, foi cobrado na forma de isolamento do país, boicote econômico, invasão espanhola e divisão da ilha de São Domingos em dois países (hoje, a República Dominicana), e a cobrança de uma astronômica “indenização” à França.

– Desde então, o Haiti, que já foi o maior produtor de açúcar do mundo e era um grande gerador de riqueza, se manteve um país muito pobre.

– O imperialismo mudou a tática para explorar o Haiti, mas seguiu tomando suas riquezas. No século XX, o país foi dominado pela ditadura familiar de Papa Doc e Baby Doc, e afundou ainda mais na miséria profunda. Mais recentemente, entre 1986 e 2004, o Haiti teve 15 presidentes, e os golpes (muitos deles estimulados desde o exterior), se tornaram comuns.

– A ocupação da ONU, que instalou a Minustah em 1º de junho de 2004, passada ao controle brasileiro em 2007, foi mais um duro ataque contra os haitianos. Naquele momento, o então presidente, Jean Bertrand Aristide, era derrubado pelos Estados Unidos, numa agressão apoiada pelo governo Lula no Brasil, que participou do golpe e, depois, chefiou a ocupação militar.

– Depois de 13 anos de invasão e 10 anos da ocupação brasileira, após sucessivos adiamentos, finalmente, os soldados brasileiros saem do país – pela porta dos fundos!

– Os trabalhadores do Haiti ainda precisam expulsar o conjunto das tropas agressoras, e, mais do que nunca, é urgente uma nova revolução dos explorados, dos negros, dos sem liberdade e que passam fome…

– Nos últimos anos, protegidos pelas armas dos militares do Brasil e de outros países, grandes empresas voltaram a instalar fábricas e negócios no Haiti, usando uma mão de obra sem direitos trabalhistas e com salários miseráveis, muitas vezes em condições análogas à escravidão.

 

O 3º Congresso da CSP-Conlutas resolve:

– Fazer da expulsão das tropas militares estrangeiras uma agitação permanente e prioritária da central, combatendo a rapina da América Latina, as verdadeiras invasões golpistas do imperialismo e o genocídio negro.

– Exigir a condenação e punição criminal aos responsáveis pela invasão e ocupação do Haiti nestes 13 anos, desde Bush e demais líderes imperialistas, até Lula, Dilma e Temer, que comandaram o genocídio da Minustah durante 10 anos.

– Reforçar e dar um amplo caráter de campanha nacional e internacional à solidariedade aos haitianos. Os trabalhadores do Haiti já mostraram sua força em outros momentos. E devem ter o apoio incondicional dos trabalhadores do restante do mundo, a começar pelos brasileiros, país de onde partiu boa parte da repressão contra os haitianos.

– Lutar junto aos haitianos pela derrubada do governo do Haiti, pela liberdade do país e contra as novas formas de escravidão que atingem o país.

– Organizar comitês de apoio ao Haiti, para angariar fundos financeiros, ajuda alimentar, médica e militar para a resistência popular haitiana.

– Ajudar na construção da luta contra o capitalismo no Haiti e no mundo todo! A História do Haiti mostra de modo trágico que só a revolução das massas pode mudar a vida, mas que é preciso ir além e extirpar o capitalismo, coletivizar a riqueza, garantir o poder a organismos populares e internacionalizar a revolução. Sem levar esta luta até o final, nada de duradouro será conquistado pelos trabalhadores em parte alguma do planeta.