Congresso da Conlutas foi machista, racista e LGBT+fóbico

O recente congresso da CSP-Conlutas, realizado no meio de outubro, foi uma demonstração inequívoca do quanto o discurso pode ser diferente da prática. Reunindo cerca de 2000 pessoas, na sua maioria mulheres, negros, LGBT+ e indígenas, na forma específica ou combinada destes setores oprimidos, o congresso da central, cujas mesas eram quase sempre dirigidas por homens, não permitiu que uma única resolução dos oprimidos fosse sequer colocada em votação!

Sindical - 21 de novembro de 2017

O recente congresso da CSP-Conlutas, realizado no meio de outubro, foi uma demonstração inequívoca do quanto o discurso pode ser diferente da prática. Reunindo cerca de 2000 pessoas, na sua maioria mulheres, negros, LGBT+ e indígenas, na forma específica ou combinada destes setores oprimidos, o congresso da central, cujas mesas eram quase sempre dirigidas por homens, não permitiu que uma única resolução dos oprimidos fosse sequer colocada em votação!

Em 4 dias de congresso, o debate sobre gênero, etnia e orientação sexual estava resumido a um único e reduzido painel. Nem isso foi feito. O painel que ocorreria durante o dia foi transferido para a última noite, para ser novamente desmarcado. Acabou substituído por um espaço ínfimo na manhã do último dia, apenas para que houvesse saudação de dirigentes nacionais relacionadas aos temas. Nenhum debate em plenário. Nem sequer os já elitizados e burocráticos painéis aconteceram. Mas foi ainda pior…

Os grupos de discussão, onde o tema da opressão teria que dividir espaço com debates sobre concepção sindical, balanço da central, reorganização sindical, estatuto e moções, acabaram sendo orientados a proibir este debate! Os militantes do PSTU encaminharam a exclusão destes debates na maioria dos grupos, ou tentaram fazê-lo nos demais, sendo derrotados. A consequência foi a censura deste debate para a maioria dos participantes. E, mesmo a minoria que conseguiu debater – derrotando a política de proibição determinada pelo PSTU e parte do PSOL – e chegou a votar e aprovar resoluções para irem ao plenário, foi surpreendida com uma nova censura quando as resoluções foram para a plenária final. PSTU e PSOL, por unanimidade na comissão de sistematização, seguindo a posição das direções destes partidos, vetaram qualquer votação sobre resoluções contra o machismo, o racismo e a LGBT+fobia. Um escândalo!

Infelizmente, a maioria do MML e de grupos feministas internos à CSP-Conlutas, bem como dos dirigentes do Quilombo Raça e Classe, e daqueles que organizam a luta da comunidade LGBT+ se calaram diante disso tudo. As direções destes movimentos mostraram que, antes de defender o programa e o espaço dos oprimidos, estão submetidas à política reformista dos partidos aos quais pertencem, e que são excelentes no discurso, mas péssimos na hora de colocar em prática, praticando e reproduzindo as opressões que tanto condenam.

Só a revolução pode libertar os oprimidos e os explorados, mas a luta para combater as agressões racistas, machistas e LGBT+fóbicas é todo dia. Infelizmente, durante os 4 dias do congresso da CSP-Conlutas ela teve que ser dada contra a maioria da direção da própria central. E nem todos se dispuseram a dar esta batalha de verdade, quando se tratou de garantir os espaços, o respeito e a democracia ignorados por seus próprios companheiros.