Coletes Amarelos incendeiam a França e obrigam Macron a recuar do imposto de combustíveis!

Desde 17 de Novembro, que a população francesa vem tomando as ruas do país e iniciou uma jornada de luta histórica contra a alta dos tributos sobre combustíveis. Derrotado por meio da ação direta, além de recuar sobre este imposto, o presidente Macron congelou os preços do gás e da eletricidade durante os próximos meses, e ainda terá que fazer mais do que isso para tentar acalmar a cólera das centenas de milhares de manifestantes que não mais aguentam a queda de poder aquisitivo e já exigem a derrubada do presidente francês.

Mundo - 10 de dezembro de 2018

Desde 17 de Novembro, que a população francesa vem tomando as ruas do país e iniciou uma jornada de luta histórica contra a alta dos tributos sobre combustíveis. Derrotado por meio da ação direta, além de recuar sobre este imposto, o presidente Macron congelou os preços do gás e da eletricidade durante os próximos meses, e ainda terá que fazer mais do que isso para tentar acalmar a cólera das centenas de milhares de manifestantes que não mais aguentam a queda de poder aquisitivo e já exigem a derrubada do presidente francês.

O movimento espontâneo e sem liderança organizada representa as camadas médias da sociedade francesa, mas já é o porta-voz dos anseios de amplos setores. O movimento se organiza através de assembleias e não é dirigido por qualquer partido ou sindicato, algo que o torna menos vulnerável às traições das direções sindicais e reformistas, ou de qualquer conciliação com o governo. A fagulha que incendiou essas manifestações foi a alta dos tributos sobre os combustíveis, e se tornou um movimento popular contra a queda geral do nível de vida, nas palavras dos manifestantes franceses: “nossas demandas são muito maiores do que esta suspensão. Nós queremos melhor distribuição de renda, aumento salarial e não existe qualquer garantia que este imposto não voltará daqui a seis meses”.

O preço do diesel já tinha aumentado 23% nos últimos 12 meses e Macron planejava aumentar 6,5% no diesel e 2,9% no petróleo a partir de 1 de Janeiro de 2019. Além da luta econômica, o movimento tomou a dianteira política, exigindo a queda de Macron. O presidente viu sua popularidade despencar desde que assumiu o governo quando tinha 60% de apoio, e agora se vê encurralado com apenas 23%. Do outro lado, o movimento dos coletes amarelos conta com 78% de simpatia do povo francês.

No 08/12, pelo 4o sábado consecutivo, novamente os conflitos entre os manifestantes e a polícia tomaram proporções quase insurrecionais. No palco da ação direta das massas surgiam barricadas em chamas, carros incendiados, bombas de molotovs e chuvas de pedras contra as forças de repressão; já do lado da polícia, os disparos de gás lacrimogêneo, veículos blindados e um total de 89 000 efetivos mobilizados. O resultado da repressão até o momento foi de 4 mortes e 1 700 prisões. Como impacto econômico dentro da França, estima-se um total de 4 bilhões de euros em prejuízos.
O fato é que o coletes amarelos conquistaram um grande triunfo político, que literalmente abriu as portas para acabar de vez com o governo Macron, o qual dizia “que não cederia diante das pressões”. Os que não cederam foram os “Gilets Jaunes” que colocaram em xeque o regime democrático burguês, não só na França, mas na União Europeia. O questionamento sobre o presidente francês iniciou uma nova fase das lutas no velho continente. A prova disso foram as mobilizações radicalizadas na Bélgica, Servia, Espanha, Itália e demais países da região, contagiada pelo exemplo do proletariado da França.

 

 

Vista da praça da República durante o ato do dia 08/12/2018

 

 

 

O apoio massivo que os coletes amarelos conquistaram se expressa na adesão de setores organizados dos trabalhadores, como os ferroviários e os trabalhadores da saúde, que começaram a participar em peso das marchas. Isso sem falar na participação dos estudantes, que tomaram nesta semana mais de 100 escolas em repúdio à reforma educacional.

As bases dos trabalhadores organizados obrigaram a CGT a convocar uma mobilização para o dia 14. Algo que pode se converter numa unificação com os coletes amarelos e os setores mais organizados do proletariado francês para superar os diques de contenção da burocracia sindical. Da ultradireita – Le Pen – à centro esquerda – Melenchon – o acordo é o mesmo: sustentar o regime com saídas institucionais como a dissolução da assembleia nacional ou a convocação de um referendo.

Os acontecimentos da Comuna de Paris há quase 150 anos nunca deixaram de assombrar os imperialistas franceses. E agora esta unidade proletária e estudantil relembra os melhores momentos do Maio Francês de 68, colocando novamente o regime em desespero. Este é o momento de desenvolver as assembleias para se tornarem conselhos populares, as bases da nova instituição dos trabalhadores na construção do único sistema que atende às demandas das massas exploradas: o socialismo.