Enfrentamentos com grupos de extrema-direita nos EUA retomam velhos ensinamentos: “Com o fascismo não se discute. Com o fascismo se combate”.

Uma pequena cidade no Estado da Virgínia acabou de se tornar palco de um enorme enfrentamento físico entre grupos de extrema direita “supremacista” e anti-fascistas. Charlottesville - cidade com aproximadamente 45 000 habitantes - comoveu não só os Estados Unidos como o mundo inteiro nestes últimos dias pelo grau elevado do conflito político. Para se ter dimensão da radicalização social deste dia (12/08/2017), além da dezenas de feridos, 1 mulher foi morta por atropelamento durante o conflito.

Mundo - 21 de agosto de 2017

Uma pequena cidade no Estado da Virgínia acabou de se tornar palco de um enorme enfrentamento físico entre grupos de extrema direita “supremacista” e anti-fascistas. Charlottesville – cidade com aproximadamente 45 000 habitantes – comoveu não só os Estados Unidos como o mundo inteiro nestes últimos dias pelo grau elevado do conflito político. Para se ter dimensão da radicalização social deste dia (12/08/2017), além da dezenas de feridos, 1 mulher foi morta por atropelamento durante o conflito.

Segundo diversas fontes Norte Americanas, essa foi a maior marcha de racistas brancos dos últimos anos na qual se encontravam centenas de integrantes da organização mais tradicional neste assunto, o KKK ou Ku Klux Klan. A marcha por parte dos fascistas tinha por objetivo o repudio ao pedido de retirada da estátua de Robert E. Lee (1807 – 1870), o general mais importante do exército confederado (exército que defendia os escravistas do Sul durante a guerra civil norte americana), o qual é visto como um emblema de supremacia e poder branco. Enquanto ambos os lados se atacavam com suas bandeiras, escudos, capacetes e tacos de beisebol, um setor dos fascistas desfilava com fuzis semiautomáticos pelas ruas.

Uma breve ilustração sobre este conflito: https://www.youtube.com/watch?v=kQN7ApKL7AY

Obama e Trump: duas faces da mesma conveniência com o racismo e o fundamentalismo cristão

O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se apropria com cinismo ainda maior do mesmo discurso que Barack Obama utilizava para tentar “amenizar” os conflitos e tragédias que chocavam o país. Obama lamentava-se por horas e horas em coletivas de imprensa sobre os casos de assassinatos da comunidade negra pela polícia, agora, Trump discursa sobre a necessidade dos cidadãos americanos se amarem pelo bem nacional, colocando no mesmo plano os fascistas e rivais, a manobra se repete; o primeiro pela submissão direta ao aparato repressor Estatal e o segundo minimizando a ação deste grupo de ultra direita que o apoiou durante a campanha eleitoral devido a simpatia pela política xenófoba, misógina, anti operária e anti popular. Se bem que este discurso nem conseguiu se sustentar por 48 horas e Trump foi obrigado, tanto pela mobilização popular quanto pelas condenações midiáticas e diversas figuras governamentais (antes de Trump fazer o primeiro discurso sobre esta caso, o vice-presidente, Mike Pence, foi categórico na condenação aos grupos de extrema-direita), a ter que reconhecer e se posicionar contra a supremacia branca e todos os matizes do KKK.

Ao poder burguês não interessa qual é a cor que encabeça seu governo. O racismo e setores de extrema-direita continuarão a existir nos EUA enquanto o capitalismo não for destruído pela ação revolucionária da classe trabalhadora norte americana. A diferença neste momento histórico é que os setores de extrema-direta possuem, neste país, absolutamente nenhuma influência de massas para se colocar como alguma alternativa real de poder. O fato de terem que se mobilizar para tentar preservar um símbolo racista e serem escorraçados da cidade, combinado ao fato de serem derrotas pelas contra-marchas pelo país inteiro e o rechaço não só nacional, mas mundial do ocorrido, demonstra que a realidade esta muito mais à esquerda. Figuras emblemáticas da burguesia ao redor do mundo foram obrigadas a condenar este episódio devido a comoção que ecou pelos explorados.

Antecedentes que já traçam os próximos conflitos

Dias antes deste enfrentamento se desenvolveram sob momentos de tensão. O melhor exemplo foi quando centenas de supremacistas se juntaram no campus da universidade de Charlottesville numa estatua de Thomas Jefferson, um dos fundadores dos Estados Unidos. A partir deste local começaram as provocações, desfilando pelas ruas com tochas acesas, bem à moda do KKK e lançando as palavras de ordem: “A vida dos brancos importam” ou “Não nos substituirão”.

Este conflito não é um fato isolado, é a demonstração explícita dos grandes choques que se avizinham no marco da aguda polarização social que esta se desenvolvendo no coração do principal país do mundo, dinâmica esta que atravessa e envolve o planeta.

Conforme for aparecendo tanto nos EUA como em outros países organizações deste tipo, a única saída será seguir o exemplo dos anti fascistas norte americanos e as guerrilhas kurdas, os quais se organizam de forma desigual e combinada para exercer a legítima autodefesa. Se isto não for feito, o movimento fascista cresce para em algum momento estar em condições de cumprir com seu objetivo histórico, esmagar de maneira sangrenta o movimento de massas e as liberdades democráticas, da mesma maneira que fizeram Hitler, Mussolini, Franco e Cia. Não são os funcionários das instituições burguesas, nem a burocracia sindical, nem os votos de “esquerda” que serão as ferramentas eficazes pra acabar com os fascistas; esta tarefa recai sobre os ombros dos destacamentos operários e populares.

Ao calor do processo mundial de ascenso de lutas, crise capitalista e radicalização da vanguarda, se torna necessário erguer os mecanismos de auto defesa, pois como Trotsky explica: “Com Fascismo não se discute. Com o fascismo se combate”. A classe trabalhadora conta somente com suas forças e poderosas ferramentas de luta: a capacidade de organizar-se democraticamente em assembleias, parar a produção através das greves e organizar os piquetes de autodefesa. Este é o caminho a ser trilhado pelos revolucionários do mundo inteiro.