Categoria dos Correios realiza uma grande greve que foi desmontada e traída pelo PT, PCdoB e PSTU

A Empresa de Correios e Telégrafos é uma das que está na lista de prioridades de Bolsonaro e Paulo Guedes para ser privatizada. Tentam vender a imagem de uma estatal falida. O que é uma mentira, a medida que os Correios ainda geram muito lucro sem depender em nada de dinheiro do governo ou público. E além disso, possui um caráter social garantindo logística campanhas de vacinação, ENEM, processos eleitorais entre outros.

Sindical - 19 de setembro de 2019

A Empresa de Correios e Telégrafos é uma das estatais que está na lista de prioridades de Bolsonaro e Paulo Guedes para ser privatizada. Tentam vender a imagem de uma estatal falida. O que é uma mentira, a medida que os Correios ainda geram muito lucro sem depender em nada de dinheiro do governo ou público, pois é auto sustentável. E além disso, possui um caráter social garantindo logística, campanhas de vacinação, ENEM, processos eleitorais, entre outros.

Nesta campanha salarial, a proposta do governo consistia em retirar conquistas históricas da categoria, como; diminuição do valor do vale alimentação e aumento do compartilhamento do funcionário, diminuição do valor do adicional noturno, do valor do trabalho em dias de repouso remunerado, fim do vale cultura, fim do auxílio necessidades especiais e mais uma enxurrada de retirada de direitos, além de oferecer um reajuste pífio de 0,8%.

Internamente, os trabalhadores e trabalhadoras já sentiram que no que depender de Bolsonaro, a meta é extinguir direitos e vender os Correios para a iniciativa privada. Contra tudo isso, pela base da categoria o clima é de muita revolta e aflição em relação ao nosso futuro. A resposta a tudo isso foi a construção pela base de uma das maiores greves da história.

Fentect/CUT e FINDECT/CTB fizeram de novo um teatro e entregaram nossa campanha salarial

O atual acordo coletivo de trabalho deixou de ter validade a partir do dia 1º de agosto. Depois de diversas tentativas de negociação do comando de greve, a única proposta apresentada foi a de retirada de direitos, sem falar do total desrespeito dos representantes da empresa que sequer compareceram em diversas reuniões.

Diante disso, o TST entrou na mediação e propôs que o acordo se estendesse até o dia 10 de setembro. Mesmo após as direções do movimento aceitarem o adiamento da greve obedecendo ao TST, a direção dos Correios, ao fim do dia,  recusou a proposta do TST e iniciou um terrorismo de que estávamos sem ACT, afirmando que poderiam reduzir nossos direitos em detrimento do que fora assinado no contrato de trabalho.

*Mesmo com essa afronta, o que fizeram as direções da CUT e CTB ? *

Adiaram para o dia 10 a greve nacional, mesmo após o governo declarar que não arredaria pé.
Pela base da categoria se exigia uma forte luta nacional, e que este ano, ela fosse unificada com todos os sindicatos deflagrando greve em um mesmo dia. A tentativa de adiar, por parte da burocracia, se consolidou. Porém, impôs que todos os 36 sindicatos deflagrassem greve juntos, o que não ocorria há anos.

No dia 10 de Setembro, os Correios pararam de Norte a Sul. E com forte adesão, inclusive nos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasilia, Rio grande do Sul e Minas Gerais. A força da greve se demonstrou e fez com que a cúpula da empresa ingressasse com pedido de dissídio no TST, já no dia seguinte. Os mesmos que rejeitaram a proposta do TST agora, aceitavam que o mesmo julgasse nosssa Greve. O TST, novamente propôs o desmonte da greve, com a desculpa de extender o ACT até 2 de outubro, onde julgariam nossas reivindicações e a proposta da ECT e de Bolsonaro.

Com todo o país parado em uma forte greve unificada, a FENTECT em sua totalidade de correntes, bem como a FINDECT, orientaram de forma criminosa e covarde a categoria a recuar e acabar com a greve, abrindo assim, mão da maior pressão que podemos fazer sobre o judiciário e o governo que é demonstrar nossa força de luta.

O TST atuou em todas as greves dos Correios no sentido de atender as demandas do governo de plantão. Foi assim com as propostas de retirada de direitos feitas nos governos do PT, que também levavam a negociação a dissídio ao invés de propôr um acordo minimamente aceitável. E assim será também diante do governo Bolsonaro.

Nós, do Movimento Revolucionário Socialista, entendemos que essa é mais uma prova irrefutável do quanto estas federações não nos servem mais como organismos de luta. Defendemos que esse era o momento de intensificar a greve, chamando as demais categorias a se somarem na Luta para que de fato o governo fosse abalado.

O resumo é que as mesmas direções que há anos vêm nos traindo, chamaram uma greve de fachada, e que na prática apenas queria dar uma resposta para a base que exige que se lute, pois está vendo seus direitos indo pro ralo. Entraram em greve porque nada estava garantido e propuseram sair, sem nada garantido.

Poderia, inclusive, com pressão, antecipar o julgamento do TST ou exigir a garantia de que nenhum direito fosse retirado.
Mas, não…Optaram por entregar a greve, desmobilizar a categoria e deixar tudo na mão de um tribunal que sabemos ser contra a classe trabalhadora.

É necessário chamar as coisas pelo nome e dizer a verdade á categoria: mais uma vez, a categoria foi traída pelos mesmos de sempre, como vemos repetidamente feito um filme de sessão da tarde.

Os militantes do PSTU, através na CSP Conlutas, capitularam e se negaram a disputar a continuidade da Greve pela base

As direções como a CUT e CTB, não nos espanta que tenham tomado tal postura. Na construção da tão necessária Greve Geral em defesa da previdência, já demonstraram que não querem travar uma luta para derrotar, de fato, Bolsonaro. Querem sangrar o Governo, sem chamar a classe trabalhadora á uma luta mais contundente, visando apenas o calendário eleitoral do próximo período. Deixam de lutar, pois no fim, querem que nossos problemas se resolvam nas próximas eleições. Sabemos que por este caminho só perderemos, pois somente a luta real, com greve, piquetes, resistência e enfrentamento, nos trará conquistas e nós permitirá avançar.

E mais assustadora foi a posição dos militantes do PSTU dentro da CSP Conlutas. No dia em que ocorreriam as assembléias em todos os estados, inclusive, onde possuem oposição e outros onde são a direção do sindicato, propuseram a mesma coisa que a burocracia sindical tradicional: O fim da greve.

E pior ainda, fizeram isso com um falso discurso de radicalidade, de que não estavam encerrando a greve, e sim, suspendendo. O que na prática real é a mesma coisa, orientaram as assembléias a encerrar a Greve. E falamos isso, pois seria uma tática possível se a constatação fosse que a Greve estava fraca e já desmontada. Porém, com os 36 sindicatos parados, era necessário fazer uma guerra e uma ampla campanha pela continuidade da greve em unidade nacional.

Lançaram uma nota cheia de justificativas para o recuo. Imputam toda  culpa na CUT e CTB, porém, tiveram a mesma postura. Não contentes em defender o fim da Greve nas assembléias,  ainda lançaram material no país todo orientando a categoria a seguir, por sua vez, a orientação da CUT e CTB.

Isso acontece porque o PSTU perde sua independência de classe na medida que entra nas entidades á base de chapões, em conjunto com a burocracia sindical. Como forma de manter os cargos e não entrar em atrito com as direções traidoras, acabam capitulando e se tornando mais do mesmo.

Pensamos que ainda é tempo de os companheiros fazerem uma dura e verdadeira autocrítica, pois a essência da existência dessa central é servir como um polo que derrote essas burocracias e não que permaneça como eternos aliados. Isso pode nos levar a grandes derrotas e grandes traições. É hora de romper.

Á quem servem as federações (FENTECT E FINDECT) a CUT e a CTB?

Durante os governos do PT, vimos essas entidades se transformarem em porta-vozes do governo. Sabotaram todas as greves importantes, em especial, a do plano de saúde. Foram responsáveis por assembléias golpistas para assinar acordos rebaixadíssimos, como o bienal em 2009.

Porém, com a chegada do governo Bolsonaro, muitos imaginaram que agora essas direções travariam uma luta de verdade, contra um governo que eles mesmos dizem, e nós concordamos, quer liquidar com nossos direitos. Sabemos que os governos anteriores também  fizeram o mesmo, e lutamos por vezes, sem essas federações, em greves heróicas, com muitas bases passando por cima dessa conciliação de classe. E hoje, percebemos que mesmo diante do novo governo se negam a lutar. Isso ocorre porque estas federações não pertencem mais aos trabalhadores, elas pertencem ás burocracias sindicais que vivem de parasitar nos sindicatos, buscando liberações e cargos dentro da empresa, como a história recente destes representantes nos prova.

É hora de construir um bloco combativo na categoria de Correios, que sirva de contraponto a essas direções. Chamamos a todos os lutadores e lutadoras da categoria que estão cansados destes teatros e traições a vir construir uma alternativa de luta e pela base.

MRS – CORREIOS