Bolsonaro perde 6 ministros num dia, os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica se demitem, e governo está mais fraco do que nunca.

Bolsonaro vem diminuindo seu índice de popularidade a cada nova pesquisa. Os trabalhadores, tendo votado em Bolsonaro (menos de 40% do total) ou não, sofrem com o aumento da inflação, das dívidas e do desemprego. A recessão econômica é profunda, e se soma à corrupção generalizada, envolvendo diretamente a família de Bolsonaro, e à carnificina da Covid-19, que vai ter matado mais de 500 mil brasileiros até o final do ano.

Nacional - 31 de março de 2021

Bolsonaro vem diminuindo seu índice de popularidade a cada nova pesquisa. Os trabalhadores, tendo votado em Bolsonaro (menos de 40% do total) ou não, sofrem com o aumento da inflação, das dívidas e do desemprego. A recessão econômica é profunda, e se soma à corrupção generalizada, envolvendo diretamente a família de Bolsonaro, e à carnificina da Covid-19, que vai ter matado mais de 500 mil brasileiros até o final do ano.

Mas não são apenas os trabalhadores que se colocam cada vez mais na oposição a Bolsonaro. A maior parte da burguesia (e a quase totalidade de seus setores mais importantes) já trabalha pelo fim do mandato de Bolsonaro antes de 2022 ou sua derrota nas eleições deste ano. A maioria dos grandes proprietários industriais, dos bancos e dos meios de comunicação já são críticos do governo, que não conseguiu entregar quase nada dos ataques neoliberais que prometeu. Em pouco mais de dois anos de governo, Bolsonaro não conseguiu aprovar nenhum grande projeto, só concluiu a votação de uma reforma (a da Previdência, que já vinha sendo preparada por Dilma e Temer há 5 anos), fez uma única privatização relevante (a da BR Distribuidora, ainda ano começo do mandato) e de demonstra incapaz de governar.

A estagnação econômica em 2019 e a recessão de 2020 (que continua em 2021) fizeram muitos burgueses falirem e outros reduziram muito sua taxa de lucro. Mesmo os que ganharam muito dinheiro veem Bolsonaro como um incompetente, corrupto e incapaz. Até o agronegócio se atritou com o governo após sucessivos episódios diplomáticos do governo, atrapalhando seus negócios com os países árabes e com a China. O resultado é que Bolsonaro ainda é apoiado por alguns pequenos burgueses mais ignorantes e tolerado por boa parte da burguesia mais pesada e relevante. Mas o grosso da burguesia já abandonou Bolsonaro!

O centrão tomou o governo para si, e Bolsonaro só quer evitar o impeachment

Sob pressão política do centrão (grupo político informal do Congresso, que reúne dezenas de partidos burgueses, que deu apoio aos governos de Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e agora Bolsonaro), o presidente Jair Bolsonaro anunciou num único dia, 29/03, a troca de seis ministérios.

A que teve maior repercussão foi a demissão do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Ele foi substituído pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto. Para a Casa Civil, foi deslocado o general Luiz Eduardo Ramos, que estava na Secretaria de Governo e a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assume a vaga de Ramos, com o centrão assumindo o controle da pasta que realmente decide alguma coisa. Flávia Arruda é uma deputada corrupta, esposa do conhecido ladrão José Roberto Arruda, político tradicional que sempre vendeu seu apoio aos mais diferentes governos.

Além do troca-troca entre os militares e de ter distribuído ao centrão ministérios e os milhares de cargos associados aos ministérios, Bolsonaro, enfim, demitiu Ernesto Araújo do cargo de chanceler. Esta é uma derrota violenta da ala mais fundamentalista do governo, que faz o discurso anticomunista e defende que a Terra é plana.

Bolsonaro vem recuando sem parar. Desde o começo de seu governo, ele anuncia medidas, que depois volta atrás ou desmente. Quando quis enfrentar o STF, foi rechaçado e acumula uma derrota atrás da outra na cúpula do judiciário. E, quando teve a oportunidade de nomear um ministro ao STF, não nomeou ninguém “terrivelmente evangélico” como havia dito, e sim Nunes Marques, um ministro comum como os demais, só ainda um pouco mais desqualificado. Em relação ao legislativo, foi da mesma forma: cedendo uma coisa atrás da outra. Agora, até no executivo, sob seu comando, Bolsonaro está perdendo o controle.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem o poder de iniciar a discussão de algum dos mais de 70 pedidos de impeachment já protocolados junto ao Congresso, vinha atacando Bolsonaro e disse que “remédios políticos amargos” e até “fatais” poderiam ser usados caso o governo seguisse numa “espiral de erros”.

Antes de demitir 6 ministros em um dia, Bolsonaro já tinha sido obrigado a prometer a liberação de bilhões em emendas parlamentares e a demitir o general Pazuello no Ministério da Saúde, substituindo-o pelo médico cardiologista Marcelo Queiroga. Junto desta troca humilhante para o governo, que assumiu seu fracasso diante da pandemia, Bolsonaro teve que mudar o discurso antivacinas e entregou seu governo ao centrão numa bandeja de prata. Ele só pede uma coisa: que não iniciem seu processo de destituição através do impeachment.

Renúncia coletiva nas Forças Armadas mostra que nem a cúpula militar agüenta Bolsonaro.

Pela primeira vez na História, os três comandantes das Forças Armadas pediram renúncia conjunta por discordar do presidente da República. Todos reafirmaram que os militares não participarão de nenhuma aventura golpista, e a saída coletiva após a demissão do ministro da Defesa abre a maior crise das Forças Armadas com um governo, desde a demissão do então ministro do Exército, Sylvio Frota, em 1977 pelo ditador Ernesto Geisel.

Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) se demitiram, dentre outras coisas, por se recusarem a fazer manifestações políticas a favor do governo. Mas é evidente que a saída dos militares ocorrer junto da queda de popularidade do governo, da ameaça de impeachment e da escalada de mortes pela pandemia não é uma coincidência. O governo nunca este tão fraco e nestas horas os ratos abandonam o navio.

Parte da “esquerda” oportunista não tardou em apresentar a saída dos militares como um risco de “agitação nos quartéis” à véspera da data considerada oficial para o golpe militar de 1964, festejado por alguns militares em 31/03 (apesar de ter corrido em 1º de abril, também considerado popularmente, desde antes, como o dia da mentira). Por esta versão fantasiosa dos oportunistas de “esquerda”, a saída dos militares seria um prenúncio de um autogolpe de Bolsonaro, para implantar a ditadura e o fascismo que partidos como PT, PCdoB, PSOL e PCO anunciam há 5 anos.

A verdade é que estas pseudoanálises já eram ridículas em 2018, tentando criar uma dicotomia entre os “golpistas, fascistas e ditadores” x os “democratas, defensores do povo e progressitas”, quando, na verdade, há um único programa burguês, neoliberal, pró-imperialista, privatista e de retirada de direitos, comum a todos os partidos no Congresso. O que já soava patético em 2018, em 2021 é pior ainda.

Não há um único setor burguês a favor de um golpe militar, nem qualquer apoio nas massas e sequer nas Forças Armadas. A ladainha do PT, PSOL e demais partidos e grupos é apenas para justificar suas traições de classe e a política de Frente Ampla burguesa para disputar as eleições de 2022; agravando a capitulação grosseira que foi o voto em Haddad (PT) no 2º turno das eleições de 2018, as mil alianças burguesas ocorridas em municípios nas eleições de 2020 e a chapa para votar em Baleia Rossi para a Câmara dos Deputados em 2021.

É hora de derrubar Bolsonaro/Mourão! O momento é de ofensiva, e não de medo!

A luta de classes é dinâmica e a correlação de forças entre as classes não é unilateral nem linear, e em tudo há contradições. Por isto, sempre pode ocorrer medidas que pareçam ser de força de um governo, por mais fraco que ele seja. A ausência de mobilizações massivas dos trabalhadores também impede que Bolsonaro seja derrubado e que fique mais nítido o quanto o governo está fraco.

Mas, apesar das relativas contradições para um governo fraco, de que ainda existem muitos ataques (que sempre vão existir) e da ausência de lutas, não resta dúvidas que é Bolsonaro quem está acuado e não a classe trabalhadora.

Os partidos e correntes que vêm com a narrativa do golpe em 2016, que levou à vitória do fascismo em 2018 e mais um monte de teorias estapafúrdias não se levam a sério em nenhum momento. É pura análise-justificativa, quando a descrição do que está ocorrendo não passa de uma forçação de barra, uma justificativa, para seu únco e grande propósito: preparar-se para as próximas eleições.

Não fosse assim, e se realmente acreditassem em suas teses catastrofistas, estes setores oportunistas e traidores da “esquerda” teriam que estar, neste momento, preparando a resistência armada ao golpe com que tentam assustar suas bases. Ou, mais no seu estilo, teriam que estar organizando a fuga do país, viver em esconderijos, etc. Mas é claro que nenhum destes grupos faz isto, e, ao contrário, só pensam nos votos em 2022, sendo que o golpe fantasioso que alegam poder ser deflagrado impediria qualquer eleição.

Os trabalhadores precisam eliminar estes dirigentes burocratas, medrosos e traidores do meio da nossa classe. O momento não é de se esconder. Nem de se juntar a João Doria, Luciano Huck e outros inimigos. Não estamos na defensiva e não devemos ficar inertes. A hora é de ir para a ofensiva. Bolsonaro nunca esteve tão fraco, isolado e ameaçado de ser derrubado como agora.

É urgente construir uma Greve Geral por tempo indeterminado até a derrubada de Bolsonaro e de seu vice, Mourão. Chega do massacre de milhares de mortos por Covid sem vacinas! Chega de desemprego, retirada de direitos, fome e inflação! É hora de sair às ruas para derrubar este governo.