Bolsonaro Eleito! É Hora de Lutar!

Bolsonaro foi eleito com 55% dos votos válidos. São 57 milhões de pessoas, na imensa maioria trabalhadores, que votaram em uma saída machista, racista, homofóbica e neoliberal. Mas que fizeram isso não por apoiar estas ideias, mas pensando estar votando contra a corrupção e a violência, que assolam a classe trabalhadora e se refletem na morte dos jovens, na insegurança das mulheres e na falta de verbas para a saúde e educação.

Nacional - 29 de outubro de 2018

Nem rir, nem chorar. Compreender e lutar!

Bolsonaro foi eleito com 55% dos votos válidos. São 57 milhões de pessoas, na imensa maioria trabalhadores, que votaram em uma saída machista, racista, homofóbica e neoliberal. Mas que fizeram isso não por apoiar estas ideias, mas pensando estar votando contra a corrupção e a violência, que assolam a classe trabalhadora e se refletem na morte dos jovens, na insegurança das mulheres e na falta de verbas para a saúde e educação. As eleições são um campo propício para a mentira, pois o papel e o microfone aceitam tudo. Infelizmente, mais uma vez, os trabalhadores foram enganados e teremos um governo inimigo dos trabalhadores em 1º de janeiro.

No entanto, estes trabalhadores que elegeram Bolsonaro em massa não são nossos inimigos. Inimigos são Bolsonaro, seu vice, Mourão, e os líderes políticos e empresariais da sua campanha. Como são inimigos os líderes das candidaturas de Haddad, Ciro Gomes, Alckmin, etc. À imensa maioria dos eleitores de Bolsonaro, temos que propor lutar juntos conosco, pois a sociedade é dividida em classes e não em dois blocos partidários e submissos ao capitalismo, como querem fazer crer os dirigentes do PT. A partir de agora, a guerra não é PT e eleitores de Haddad x Bolsonaro e seus eleitores. A guerra é de classes: trabalhadores x banqueiros, empreiteiros, latifundiários e grandes empresários.

Quase todos os eleitores de Bolsonaro foram vítimas do neoliberalismo e da corrupção dos governos do PSDB e do PT, e votaram nele por exclusão. Discordamos desta escolha eleitoral, mas eles também são explorados e voltarão a sofrer nas mãos de Bolsonaro. Não adianta nada agirmos com arrogância ou agressão contra outros explorados como nós, que votaram num inimigo de classe como tantas outras vezes e tantos outros partidos já foram eleitos por quem agora será oposição.

A luta é de classes! Nós, os 99%, contra eles, o 1% que governa o Brasil desde sempre e que mandou em absolutamente todos os governos que existiram, de todos os partidos. São as professoras, os pedreiros, os agricultores, as bancárias, os metalúrgicos, as comerciárias, a juventude pobre e todos os explorados e oprimidos, que votaram em Haddad, Bolsonaro ou fizeram parte da multidão de não-votos (que bateu recorde novamente, com 42,5 milhões de pessoas), que deverão, juntos, combater todos os patrões: o governo de Bolsonaro em 1º lugar, mas também a oposição que ajudou a criar Bolsonaro quando esteve no poder.

O momento é de unir os trabalhadores contra todos eles; contra Bolsonaro, o PSL, o MDB, o PSDB, o PT, o PDT e todos os que há décadas assaltam os cofres públicos, retiram nossos direitos, vendem nosso patrimônio e empobrecem cada vez mais nosso país. Devemos estar juntos contra a Reforma da Previdência, as privatizações, o arrocho fiscal e os ataques a direitos civis que serão propostos!

O filósofo Espinoza disse “nem rir nem chorar, mas compreender”. Tantas outras vezes, os revolucionários e trabalhadores combativos foram postos a esta prova: não sucumbir ao desânimo e à paralisia, tão equivocados e inúteis para quem quer mudar a vida e o mundo, quanto a falsa sensação de alegria e entusiasmo que muitos outros estão sentido.

A esperança de mudança e de um governo honesto com Bolsonaro vai se dissipar muito cedo, diante de um governo que, desde o 1º dia, será repleto de corruptos e que atacará os direitos de 99% dos brasileiros (eleitores de Bolsonaro, inclusive). Da mesma forma, aqueles que estão desiludidos e frustrados devem vir conosco para a luta! Só a luta muda a vida e não são, nem nunca foram, as eleições o momento de mudança.

Estamos juntos com todos aqueles que temem uma escalada de preconceito e violência dos opressores, e que por isso votaram em Haddad. Infelizmente, esta já é a realidade e a violência contra mulheres, negros e LGBTQs só aumentou nos governos FHC, Lula, Dilma e Temer. Nem um nem outro candidato estaria do nosso lado nesta questão. Mas Bolsonaro deu declarações que exigem nosso enfrentamento desde já, e chamamos especialmente os oprimidos a estarem na linha de frente contra este governo neoliberal. Somos solidários e fazemos parte desta resistência, mas não é em eleições de cartas marcadas, e sim na ação direta e com nossa auto defesa podemos acabar com este massacre que já nos atinge e só tende a piorar dentro do capitalismo, seja o governo que for.

O PT e o PSDB também governaram para banqueiros e empreiteiros, e atacaram profundamente os trabalhadores; Bolsonaro vai tentar manter e aprofundar este caminho. Mas os trabalhadores reagiram e derrotaram iniciativas que os atacavam nos governos FHC, Lula, Dilma e Temer. Juntos, somos muito fortes, e as lutas têm sido cada vez mais frequentes no país. É possível derrotar Bolsonaro e o Congresso!

Nem Bolsonaro nem o PT! Unir os trabalhadores para lutar contra todos os ataques!

Somos oposição a este governo desde já, mas também não confiamos nem estaremos em qualquer frente com aqueles que também mataram, roubaram e atacaram direitos dos trabalhadores. PSL, PT, PSDB, PMDB e etc. são, apesar de todas suas diferenças, partidos dos patrões, dos banqueiros e inimigos dos trabalhadores. Estaremos nas ruas em unidade de ação com quem for, como estivemos nas ruas com quem fosse contra a ditadura, contra Sarney, contra Collor, contra FHC, contra Itamar, contra Lula, contra Dilma e contra Temer!

Mas uma coisa é a unidade de ação na rua, onde devem estar todos que querem lutar por um ponto em comum: derrotar os ataques de Bolsonaro, atualmente. Outra coisa seria submeter nossa independência de classe e nosso programa para emancipar a classe trabalhadora e libertar os oprimidos da opressão a qualquer programa burguês ou projeto eleitoreiro.

Esta não é a nossa luta. Nossa luta não é para escolher quem vai gerenciar os negócios da burguesia contra o povo; é para derrubar todo este sistema, onde eles são todos iguais, e que sejam os explorados a governar por si mesmos. Uma revolução é o que precisamos! Chega de a cada 4 anos mudar a cor do chicote, pois as costas são sempre as mesmas a apanhar: as nossas.

Os trabalhadores devem estar unidos! Paz entre nós e guerra aos senhores! O mundo não vai se acabar a partir de 1o de janeiro, mas tampouco vai melhorar. Nem rir nem chorar. Temos que compreender corretamente e aprender com os erros já cometidos. A saída vira apenas dos próprios trabalhadores, e devemos lutar! Porque só a luta muda a vida!

MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO SOCIALISTA