Atletas negros dos EUA enfrentam Trump e o patriotismo imperialista

Os conflitos entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e alguns dos principais astros da liga norte-americana de basquete (NBA) e da mais importante liga de futebol americano do mundo (NFL) revelou quanto o racismo ainda é gigantesco nos EUA, e quanto o capitalismo odeia a luta antirracial e tenta punir seus membros.

Negros | Opressões - 20 de novembro de 2017

Os conflitos entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e alguns dos principais astros da liga norte-americana de basquete (NBA) e da mais importante liga de futebol americano do mundo (NFL) revelou quanto o racismo ainda é gigantesco nos EUA, e quanto o capitalismo odeia a luta antirracial e tenta punir seus membros.

Desde os anos 60, quando os negros se rebelaram contra o racismo e o capitalismo nos EUA, com a luta pelos direitos civis cada vez mais se aproximando da esquerda e do partido negro e próximo do marxismo “Panteras Negras”, os esportes são mais um terreno deste combate. Nas Olimpíadas do México, em pleno 1968, ano de revoluções do Vietnã à França, e que marcou o assassinato de Martin Luther King nos EUA, apenas 3 anos depois do assassinato de Malcom X, atletas negros dos EUA desafiaram o imperialismo.

Ao ganharem suas medalhas, os corredores Tommy Smith e John Carlos, após terminarem a corrida dos 200 metros em primeiro e terceiro lugar, respectivamente, quando subiram ao pódium, ergueram seus punhos e não cantaram o hino dos EUA, em protesto contra o país que massacrava os negros. Na mesma época, o lendário boxeador Muhammad Ali se recusou a servir no exército americano pelo mesmo motivo, e chegou até a ser condenado à prisão. Agora, os esportistas negros norte americanos dão exemplo novamente.

Tudo começou com Colin Kaepernick, então quarterback da equipe de futebol americano do San Francisco 49ers, que na pré-temporada do ano passado se recusou a levantar durante o hino em repúdio ao “tratamento que os negros recebiam nos EUA”, inspirando outros atletas da liga. “Eu não vou levantar para demonstrar orgulho pela bandeira de um país que oprime pessoas negras e pessoas de cor”, afirmou na ocasião. Desde então, o protesto passou a ser repetido por dezenas de jogadores, até levar Donald Trump a exigir a proibição do gesto e a punição dos atletas. “Se os fãs se recusassem a ir às partidas até que os jogadores deixassem de faltar com o respeito à nossa bandeira e ao nosso país, veríamos uma mudança rápida. Que sejam demitidos ou suspensos”, afirmou Trump.

A declaração do presidente gerou mais manifestações. As dezenas se transformaram em centenas de jogadores de futebol americano que se ajoelharam, sentaram ou simplesmente não participaram da cerimônia de execução do hino na rodada deste fim de semana. Atletas do Seattle Seahawks e do Tennessee Titans ficaram no vestiário durante o hino, horas após o Pittsburgh Steelers fazer o mesmo em Chicago. Os jogadores do Chicago Bears se posicionaram à margem do campo com os braços cruzados, assim como o quarterback Tom Brady, estrela do New England Patriots, e seus companheiros de equipe. O intérprete do hino na partida Seahawks x Titans ajoelhou-se no fim da performance, assim como o cantor do hino no jogo Lions x Falcons, que ainda levantou o punho.

As manifestações também ecoaram em outros esportes. Na noite de sábado, Bruce Maxwell se tornou o primeiro jogador da liga de beisebol americana (MLB) a se ajoelhar durante o hino nacional. Também no sábado, Trump retirou o convite para o Golden State Warriors, atual campeão da liga americana de basquete (NBA), visitar a Casa Branca, depois que Stephen Curry, um dos ídolos da equipe, dizer que não queria participar da solenidade em uma forma de protesto às declarações do presidente. O astro de basquete LeBron James, que joga pelo Cleveland Cavaliers, disse: “Ir para a Casa Branca era uma honra. Até Trump aparecer…”. Músicos como Stevie Wonder, John Legend e Pharrell Williams também demonstraram solidariedade aos atletas e aderiram aos protestos, fazendo manifestações durante seus respectivos shows no fim de semana. “Esta noite, eu me ajoelho pela América”, disse Stevie Wonder, ficando de joelhos no palco.

 William Waack e os pretos

Enquanto o racismo é combatido nas ruas e nas quadras e campos mundo afora, muitos racistas ainda se sentem à vontade para cometer crimes à luz do dia. Ou mesmo em frente às câmeras. O âncora do Jornal da Noite da Globo, William Waack, um dos jornalistas mais famosos e com poder na Globo, teve um vídeo do ano passado divulgado na internet, em que aparece reclamando de um motorista que disparou a buzina do carro antes de uma entrada ao vivo para uma reportagem, dizendo “É preto. Isso é coisa de preto”. E dando risada.

A indignação diante da cena criminosa fez Waack ser afastado temporariamente pela emissora. Mas nem foi demitido nem foi processado. Nós defendemos que o jornalista racista seja preso imediatamente, pois isto é crime! E que ele e a Globo sejam condenados a pagar uma indenização, revertida às associações de luta contra o racismo. Ele, por ter cometido o crime, e a Globo por ter sido cúmplice e abafado a agressão.

O episódio mostra quem é William Waack, mas não só isso. Mostra que a Globo e as demais emissoras, assim como os principais jornais e revistas estão infestados de racistas! E a mídia é apenas parte de um conjunto de superestruturas capitalistas, do Parlamento e dos governos até a Justiça e a polícia, em que o racismo é institucionalizado.

Waack, que, mesmo sendo criticado por ser um liberal burguês, sempre foi considerado um jornalista sério, culto e preparado, ao disparar um racismo chulo, grosseiro e ordinário, mostra que pode até mudar a aparência do racismo, mas, perfumado ou com cheiro de lixo, ele é o mesmo racismo, criminoso e indissociável dentro do capitalismo.