Às vésperas do que deveria ser uma forte campanha salarial, governo Temer vai desmontando a Caixa!

O processo de desmonte da Caixa continua a todo vapor. Iniciado no governo Dilma, que foi responsável por 3 Planos de Aposentadoria Antecipada e congelou o chamamento de novos empregados por concursos, a chamada “reestruturação” da Caixa foi retomada com força por Temer.

Nacional | Sindical - 22 de agosto de 2017

O processo de desmonte da Caixa continua a todo vapor. Iniciado no governo Dilma, que foi responsável por 3 Planos de Aposentadoria Antecipada e congelou o chamamento de novos empregados por concursos, a chamada “reestruturação” da Caixa foi retomada com força por Temer.

Dilma havia anunciado a privatização parcial Caixa no final de 2014, o que nunca pôde fazer; mas entregou o banco com cerca de menos 6 mil empregados e a privatização por meio de correspondentes bancários, lotéricos e imobiliários no auge. No que pese a reestruturação, foram centenas de colegas com perda de função e diminuição de salários que chegaram a menos 70% do que se recebia antes. Áreas foram fechadas e vagas foram cortadas em todo o país.

Pois Temer já vai deixando o mesmo legado, e a Caixa já está arrebentada por dois processos de desmonte consecutivos. O atual governo reiniciou a reestruturação de onde ela havia parado, e ainda introduziu a demissão “voluntária” de empregados, naquela fórmula de “quem pode se demita, senão vai sobrar o inferno em agências lotadas sem empregados”. Muitos aderiram aos dois Programas de Desligamento Voluntário Extraordinários (PDVEs), criados por Temer. Foram 4645 desligamentos no primeiro e mais de 2000 no segundo, fechando em torno de 7 mil empregados a menos, sem nenhuma reposição.

Com menos de 90 mil empregados, depois de chegar a 101 mil e prometer contratar mais 5 mil funcionários, Dilma e Temer fizeram a Caixa chegar ao fundo do poço. A sobrecarga de trabalho, os adoecimentos e as filas intermináveis para os clientes são as conseqüências desse desmonte.

E não são apenas menos empregados para ainda mais trabalho. É que a carreira profissional está sendo jogada no lixo. Muitas áreas que permitiam a ascensão profissional, além de funções em agências, estão sendo extintas, fundidas ou simplesmente tendo funções cortadas. Se Dilma eliminou cerca de 500 funções, Temer já se aproxima disso, e quer ultrapassar esta marca. Somente em julho deste ano, na última das enormes mudanças ocorridas, foram iniciadas a extinção de filiais e a migração de trabalhadores, com 131 unidades internas e administrativas sendo fechadas em todo o país. Um corte de mais de 30%!

Enxugamento por um lado; assédio sobre o outro.

Além de fechar unidades e mandar embora milhares de bancários, a “reestruturação” inclui superexplorar os trabalhadores que permanecerem. O normativo interno RH 205, agora prevê a ampliação do programa Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) para todos os empregados com função. Isso quer dizer que o assédio e a pressão por metas será ainda maior, com a ameaça explícita de perda de função, e de salário, para todos que não forem sugados até o limite.

O futuro é sombrio, e também há a possibilidade de fechamento de agências, como ocorrido no Banco do Brasil. A elitização do atendimento da Caixa, onde os menos endinheirados já fazem parte de um “varejão”, onde as esperas ultrapassam uma ou duas horas para serem atendidos, enquanto os gerentes se dedicam apenas a poucos e rentáveis clientes, convive com o desmonte das baterias de caixa e dos empregados nos setores de FGTS e programas sociais.

Todos estes ataques não começaram agora, mas se somam a uma realidade já bastante precária e já estão tornando insuportável o trabalho dentro da Caixa. Mas os trabalhadores teriam a oportunidade de enfrentar tudo isso por meio da campanha salarial, que já deveria estar deflagrada a esta altura do calendário. Uma poderosa greve nacional poderia reverter este processo e impor a recomposição de empregados por meio de concursos. Poderia garantir mais salário, mais direitos e a defesa do Saúde caixa e do fundo de previdência – FUNCEF -, já que ambos também estão seriamente ameaçados.

Mas a Contraf, direção nacional dos bancários, ligada à CUT, não vai fazer nada disso, e segue declarando que é muito bom que não haja greve neste ano, e que nem sequer vai entregar uma pauta de reivindicações, pois o acordo fechado em 2016, feito por dois anos, já assegura um reajuste, que deve ser pouco mais de 4%!

Por vergonhosos 4% e alguns décimos, a burocracia sindical quer amarrar as mãos dos bancários e permitir que o desmonte da Caixa e demais bancos siga a todo vapor. Mais do que nunca, é necessário reagir. Romper e combater ainda mais a Contraf/CUT, junto com a luta contra os banqueiros e o governo Temer. Eles são parte de um mesmo ataque, que terá que ser detido e enfrentado pela base e com ações ainda mais em oposição a todos eles.