As lutas históricas no mês de abril na República Dominicana.

Para os revolucionários, o mês de abril tem datas importantíssimas, como ocorreu recentemente com a comemoração do aniversário da Revolução dos Cravos, em 1975, em Portugal. Em 1917, as Teses de Abril escritas por Lênin colocaram na ordem do dia a luta pela tomada do poder na Rússia, corrigindo a linha do Partido Bolchevique e adotando a posição de oposição revolucionária ao governo de Kerenski, preparando a vitória do proletariado na revolução socialista que correria em outubro daquele ano.

Internacional - 27 de abril de 2021

Para os revolucionários, o mês de abril tem datas importantíssimas, como ocorreu recentemente com a comemoração do aniversário da Revolução dos Cravos, em 1975, em Portugal. Em 1917, as Teses de Abril escritas por Lênin colocaram na ordem do dia a luta pela tomada do poder na Rússia, corrigindo a linha do Partido Bolchevique e adotando a posição de oposição revolucionária ao governo de Kerenski, preparando a vitória do proletariado na revolução socialista que correria em outubro daquele ano.

Na República Dominicana, este mês também marca dois acontecimentos históricos da luta de classes. Neste abril, comemoramos 56 anos da “façanha nacional de 1965” e 37 anos da revolução de 1984 contra o governo de Jorge Blanco. A ocasião destes aniversários é propícia para extrair as lições que os dois eventos deixam.

1- O dia 1º de abril de 1965 foi um levante contra o governo golpista de setembro de 1963. As massas mobilizadas exigiam o retorno do democraticamente eleito Juan Bosch em dezembro de 1962.

2- Desde a morte do ditador Trujillo, as Forças Armadas se dividiram e como o método de mobilizações é capaz de fazer milagres, o crack se aprofundou, a tal ponto que levou os jovens oficiais das Forças Armadas a distribuírem suas armas entre os combatentes que os demandaram e em outros casos foram apreendidos por meio de assaltos organizados contra os quartéis da polícia em bairros e comunidades populares. Houve muitos casos em que pessoas que portavam armas legalmente foram aos “comandos constitucionalistas” para entregá-las voluntariamente.

3- Por isso, em apenas quatro (4) dias, a luta heroica conseguiu derrotar o poderoso exército contrarrevolucionário criado por Trujillo e os Estados Unidos.

4- A capital do país passou a ser controlada política e militarmente pelos “constitucionalistas”. Em outras palavras, os partidários do retorno à constituição de 1962 e do retorno do presidente Bosch ao governo.

5- Os militares que estiveram ao lado do povo e as grandes massas mobilizadas foram unificados nas muitas “trincheiras de honra” que foram criadas.

6- Na verdade, o poder político ficou nas mãos do povo, pois o principal instrumento que garantia o governo imperialista burguês, como é o aparelho militar, foi desarticulado.

7- O outro instrumento é o ideológico. Não havia como convencer as massas armadas a voltarem à “normalidade democrática” quando em 1962 o governo pelo qual ele votou foi derrubado por um setor corrupto dos militares, da burguesia, da Igreja, dos latifundiários e do imperialismo norte-americano.

A INVASÃO YANQUES LEGALIZADA PELA OEA E ONU.

1- Naquela época, os Estados Unidos intensificavam sua agressão contra o heróico povo vietnamita e tentavam apertar o pescoço da Cuba revolucionária.

2- Diante disso, foram obrigados a planejar a intervenção militar na República Dominicana.

3- Contaram com a OEA e a ONU. Eles criaram a “Força Interamericana de Paz” para legitimá-la.

4- A FIT era formada por Brasil, Honduras, Paraguai, Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, a grande maioria controlada por tiranos e o governo dos Estados Unidos era liderado por Lyndon Johnson, presidente representante do Partido Democrata.

5- No fatídico 28 de abril, mais de 42 mil soldados entraram em Santo Domingo, afogando os anseios libertários da grande maioria

6- Já o havia feito em 1916 para controlar o território e submeter a ilha à sua tutela, pois um ano antes invadiram território na vizinha República do Haiti.

7- Grandes lideranças saíram da façanha nacional de abril de 1965. Mencionaremos apenas alguns dos muitos nomes da lista: o Coronel de Abril Francisco Alberto Caamaño, Coronel Rafael Fernández Domínguez, Ilio Capocci, um soldado italiano que abraçou a causa nacional, Piky Lora, uma lutadora, Amaury German Aristy, o poeta haitiano Jacques Viau Renaul, que deu a vida em defesa da soberania dominicana, e muitos outros combatentes.

8- Mas os protagonistas foram os trabalhadores, camponeses e massas populares que se mobilizaram tentando “tomar o céu de assalto”.

9- Observemos que militantes de outras nacionalidades aderiram à luta armada e, sem querer, o feito patriótico de abril de 65 foi um ato de profundo conteúdo internacionalista. É uma lei da luta de classes. As grandes epopeias unem homens e mulheres, independentemente da nacionalidade, contra aqueles que atacam a independência nacional e a soberania dos povos.

ABRIL 1984.

1- Os povos se levantam e a cada momento localizam seus inimigos.

2- Em 1965 foi contra um governo tirano e um exército invasor. Uma luta democrática torna-se anti-imperialista na perspectiva socialista.

3- Em 1984 enfrentou um regime democrático liderado por Jorge Blanco do Partido Revolucionário Dominicano.

4- Enquanto a cidade estava de férias da Páscoa, ela anunciou um acordo com o FMI e suas correspondentes medidas de fome, mas assim que os trabalhadores voltaram do feriado para casa, revoltas espontâneas começaram.

5- “Fora FMI e quem o trouxe” foi a palavra-de-ordem unificadora. Milhares foram às ruas de cidades e comunidades e, nesse cenário, foram surgindo organizações de lutas. Os Comitês de Luta Popular – CLP – dirigiram o processo de onde surgiram centenas de ativistas.

6- Mas desta vez os aparatos repressivos ficaram com o governo. E o PRD, que estava atuando em abril de 65, sabia, por experiência própria, que tudo poderia se repetir. E eles se prepararam.

7- O governo e seu partido movimentaram todas as suas máquinas e jogaram o aparato repressivo nas ruas. Centenas foram assassinados, presos e perseguidos, e eles conseguiram esmagar o processo e impor a sua política.

8- O governo se recuperou. Mas ele ficou muito enfraquecido. Jorge Blanco, ao deixar a presidência em 1986, foi para a Venezuela fugindo da Justiça sob a acusação de corrupção e assassinatos. O PRD, social-democrata, inicia o caminho da divisão interna, e hoje só resta sua sigla. A luta de classes é implacável e coloca todos em seus devidos lugares.

AS LIÇÕES

1- As leis das sociedades modernas não saem da nossa cabeça. Eles surgem dos confrontos entre as classes e os setores de classe, alguém os interpreta teoricamente e ajuda a tirar lições e ganhar experiência para processos posteriores. Em outras palavras, para as teorias de revoluções e contrarrevoluções.

2- Os dois meses de abril fazem parte do legado histórico do povo dominicano. Em ambos os processos, os trabalhadores, as massas populares e camponesas desempenharam um papel espetacular.

3- Em abril de 65 surgiram direções que conduziram as massas armadas, mas com graves limitações programáticas e políticas.

4- O PRD, o 14 de junho – 14J, o Movimento Popular Dominicano-MPD, se colocaram à frente das lutas que derrotaram o exército de Trujillo, mas eram lideranças nacionalistas, sem clareza programática. Eles não se prepararam para a ocupação militar estrangeira, que finalmente conseguiu reconstruir a contrarrevolução.

5- Em abril de 1984, as massas se rebelaram espontaneamente. Não havia como unificá-las na mesma direção e sentido. Era contra um governo democrático-burguês eleito com muitos votos.

6- Em ambos os processos, houve a ausência de uma direção revolucionária, que pudesse mensurar as perspectivas e se preparar para liderar o movimento de massa para a tomada do poder.

7- Havia a possibilidade de fazê-lo, mesmo em meio ao caráter espontâneo do abril, mas os rumos que estavam ou que estavam surgindo, tinham os limites das classes que representavam e do caráter nacionalista de suas concepções políticas e programáticas.

UMA REVOLUÇÃO NACIONAL E DIREÇÕES INTERNACIONAIS DEVEM SER CONSTRUÍDAS.

1- A melhor forma de homenagear ambos os processos e seus grandes dirigentes e mártires é lutar pela construção de um partido operário nacional e internacional experimentado na luta de classes e preparado para dirigir as enormes mobilizações que as massas fazem em cada um dos países e em escala planetária.

2- Esta luta implica enfrentar os governos e regimes burgueses e imperialistas, democráticos ou ditatoriais, e ao mesmo tempo as direções reformistas e de colaboração de classes, que penetram no movimento operário e nas massas, impedindo-os de construir as suas próprias organizações independentes e que consigam fazer toda vitória servir para avançar mais ainda.

3- Essa é a nossa grande tarefa. É a do MRS e de todos aqueles que reivindicam lutadores pelo socialismo.