A identidade de gênero deve ser um direito!

Identidade de gênero significa com qual gênero a pessoa sente pertencer (homem, mulher, andrógine, neutro, entre muitos outros). A comunidade LGBTQIA+ defende o pertencimento e a auto identificação, além de defender não pertencer/identificar com nenhum (agênero e rótulos similares).

Opressões - 17 de outubro de 2017

Identidade de gênero significa com qual gênero a pessoa sente pertencer (homem, mulher, andrógine, neutro, entre muitos outros). A comunidade LGBTQIA+ defende o pertencimento e a auto identificação, além de defender não pertencer/identificar com nenhum (agênero e rótulos similares).

A polêmica gira em torno de aspectos mesquinhos e argumentos vazios que não contribuem em nada para os avanços da sociedade, muito menos individualmente com pessoas deste setor.

Avanços como casamento/união estável jurídica ou adoção por casais do mesmo gênero foram conquistas importantíssimas e a base de muita luta. E ainda que essas conquistas representem também uma conquista de espaço, o Brasil é o quinto país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo, perdendo apenas para alguns países de fundamentalismo religioso; estes assassinatos geralmente são de mulheres trans, travestis ou de outras pessoas transfemininas.

Além destes trágicos dados, há poucas semanas houve também um grande retrocesso em Brasília, onde um juiz legalizou terapias de “reorientação sexual”, o que essencialmente trata pessoas não-hétero (gays, lésbicas, bissexuais, assexuais, pansexuais, arromânticas, etc.) como doentes.

Há exatos 27 anos, a homossexualidade saiu do Código Internacional de Doenças, e deixou de ser citada como “homossexualismo”. Essa sentença representa um ataque as bandeiras do movimento, que há anos luta por igualdade civil, direito ao corpo, livre orientação sexual e livre identificação de gênero, mas principalmente contra a criminalização e violência.

Porém, é preciso avançar nas pautas, uma vez que as pessoas mais atingidas são pobres e/ou que pertencem à classe trabalhadora. São as vítimas de violência, de desemprego e da falta de saúde, além do aspecto da opressão. Ou seja, diferente de quem tem dinheiro, são pessoas oprimidas e exploradas.

Os dados são assustadores. Em 2016 foram 343 mortes no Brasil, elevando o mesmo ao topo dos países que mais matam por discriminação anti-LGBTQIA+ nas Américas. O desemprego também subiu 18% referente ao mesmo período do ano passado. Duas entre cinco empresas dizem que “não contratariam gays”. Uma grande parcela deste setor encontra-se às margens da sociedade, morando nas ruas, trabalhando com sexo ou ainda em situação de encarceramento, em situação degradante, sem condições mínimas de qualidade de vida.

Estes preconceitos são de aspecto moral, e não influenciam somente no fator psicológico das pessoas, mas também economicamente, como apontam os dados. A burguesia se utiliza destas “divisões ” da nossa classe para melhor explorar, com justificativas nefastas, como também faz com mulheres ou com pessoas negras em geral.

A saída para esta situação infelizmente não está em eleger representantes para formular leis ou emendas, até porque algumas leis já existem e não são cumpridas. A justiça nem mesmo reconhece algumas delas, principalmente  quando são solicitadas em favor da nossa classe. Jean Willis (PSOL), por exemplo, foi eleito como promessa de mudança para a comunidade LGBTQIA+, mas infelizmente a política de conciliação de classes deste partido tem prejudicado mais do que ajudado a conquistar direitos.

Não podemos mais tolerar uma sociedade que se utiliza de gênero, cor, raça, religião ou qualquer outro argumento espúrio para explorar mais, criminalizar ou excluir.  É preciso romper com o capitalismo, o maior responsável por toda a exploração e opressão existente. Construir movimentos independentes do velho e do novo governismo, eles são iguais e não defendem nossas bandeiras. E construir marchas e dias de luta que não se resumam somente a festas, o que é uma característica das paradas gays/LGBT/livres/etc. por todo o país; além da festa precisam carregar a indignação, as reivindicações e as bandeiras do movimento. Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres!