Brasil: o país dos desempregados

O Brasil fechou 2016 com 11,8 milhões de desempregados, em média, o que representa um aumento de 37% na comparação com 2015, quando a média foi de 8,6 milhões de desempregados. É o maior número registrado pela pesquisa, que começou a ser feita em 2012.

Nacional - 4 de março de 2017

O desemprego vem crescendo sem cessar há mais de 2 anos no Brasil. Com o país amargando uma severa recessão – a maior da História – e sem crescer há 7 anos, a conta dos desempregados chegou com força!

O Brasil fechou 2016 com 11,8 milhões de desempregados, em média, o que representa um aumento de 37% na comparação com 2015, quando a média foi de 8,6 milhões de desempregados. É o maior número registrado pela pesquisa, que começou a ser feita em 2012.

Se tomarmos apenas os números do final de 2016, e não só da média, veremos que a situação é ainda pior: eram  12,3 milhões de desempregados em 31/12/2016. O maior de todos os tempos! A taxa de desemprego no ano passado foi de 11,5%, em média, também a maior desde 2012. Em 2015, a taxa média de desemprego havia sido de 8,5%.

Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), coletada em 211.344 domicílios, em cerca de 3.500 cidades. O  desemprego, além de assustador, não para de crescer. Em apenas um ano, desde o final de 2015, subiu 36%!

Quem não perde o emprego, diminui o salário!

Na média anual, o rendimento médio real (ajustado pela inflação) dos trabalhadores caiu 2,3% entre 2015 e 2016, de R$ 2.076 para R$ 2.029. Isso significa que, com cada vez mais gente desempregada e “concorrendo” aos empregos que sobram, os que mantêm o emprego são aqueles de salário mais baixo, ou que aceitam reduzir o salário, ou não receber aumento, em troca de não serem demitidos. Esta massa de desempregados, a quem Marx chamava de “exército industrial de reserva”, pressiona os salários para baixo. Junto a isso, empresários aproveitam a crise e demitem empregados mais antigos – com maiores salários e direitos – e recontratam por salários mais baratos.

Diante de um cenário tão terrível para os trabalhadores, cresce o número de pessoas que precisa apelar para trabalhar por conta própria. Já são 22,1 milhões de pessoas nesta situação, sem carteira assinada, direitos trabalhistas e garantia de renda. O número de trabalhadores domésticos também cresceu novamente, para depois se estabilizar em 6,1 milhões de pessoas. Multiplicam-se os bicos e empregos precários, temporários e por pouco mais que nada.

Outro fenômeno que cresce em razão do aumento do desemprego e da persistente ausência de vagas e recessão da economia é o chamado desalento. Ele consiste na desistência das pessoas de buscarem uma vaga, por acreditarem que não conseguiriam emprego. Depois de vários meses ou mais de ano procurando emprego sem encontrar, muitos trabalhadores abandonam a procura, por desesperança, depressão ou simplesmente falta de dinheiro para pegar ônibus e metrôs em busca de voltar a trabalhar com um salário.

O aumento no desalento evitou que o desemprego fosse ainda maior, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Caso contrário, a taxa de desemprego teria ficado em 12,4% no terceiro trimestre, em vez dos 11,8% registrados pela Pnad. Neste momento, já temos 13% de desempregados, se incluirmos estas pessoas, que são desempregados mesmo, apenas não sendo computados.

Entre trabalhadores desempregados (que ainda insistem em procurar emprego ou que desistiram) e os que não têm emprego algum, mas fizeram algum tipo de serviço remunerado precário ou temporário (e que o IBGE não conta na estatística), temos cerca de 35 milhões de brasileiros sem renda fixa, a maior parte sem renda alguma, e quase todos sem direitos sociais, trabalhistas ou previdenciários.

Assim, vemos que a tragédia do desemprego não atinge apenas os milhões de desempregados e suas famílias. Toda a classe trabalhadora é afetada negativamente, com menor poder de resistência aos ataques desferidos contra todos, com pressão pela redução ou congelamento de salários e com a deterioração acelerada da economia, do orçamento e dos investimentos sociais. Em um país de desempregados, são reduzidos os recursos para a saúde, a educação, a construção de moradias, obras de infraestrutura, segurança, etc.

Greve Geral por um plano de emergência dos trabalhadores!

Defendemos uma mudança radical na economia e na política do país como forma de acabar com a mazela do desemprego. Só com a expropriação, sem indenização, do sistema financeiro, do agronegócio e das grandes empresas, sob controle dos trabalhadores, daria condições de uma vida digna a todos os explorados sob o capitalismo. Isso só poderá ocorrer por meio de uma revolução, que se torna cada vez mais urgente!

No entanto, de forma emergencial, em conjunto com a luta pela derrubada do capitalismo, é fundamental lutar por medidas que enfrentem a crise de sobrevivência a que dezenas de milhões de brasileiros estão submetidos; atolados em dívidas e sem perspectiva de futuro. É fundamental aplicar um plano imediato de: obras públicas de infraestrutura, transporte e saneamento com a contratação massiva de operários; retomada e ampliação da construção de moradias, gratuitas e sob controle dos trabalhadores; reforma agrária radical; e redução da jornada de trabalho para 36h semanais, sem redução de salários.

Somente com medidas emergenciais e concretas se poderá deter o desemprego e acabar com a recessão econômica. Estas ações, obviamente, não serão implantadas pelo governo Temer, nem serão defendidas por nenhum dos partidos burgueses, do PT ao PSDB, passando por PMDB, DEM, etc. Para isso, é necessário impor pelas ruas este plano. Somente uma Greve Geral por tempo indeterminado e um conjunto de ações de rua, ocupações e protestos é capaz de, na marra, aplicar estas medidas, por sobre os governos, os partidos burgueses, o Congresso e a Justiça- sempre a serviço dos patrões.

Fora Todos! Eles são todos iguais e as eleições não mudam nada! Greve Geral já!