95 jovens mexicanos, na maioria mulheres, foram presos por lutar. A luta garantiu sua libertação, mas é necessário retirar todas as acusações aos estudantes de Mactumactzá e punir os agressores!

Em 18 de maio, 95 estudantes entre 18 e 20 anos, sendo 74 mulheres e 21 homens da Mactumactzá Rural Normal em Tuxtla Gutiérrez (estado de Chiapas) foram detidos pela Polícia Federal durante um protesto pelo direito à educação e acesso ao ensino superior. Os jovens faziam parte de um grupo de 250 alunos que protestavam pelo direito de fazer o vestibular presencial para o ano letivo 2020/2021, visto que muitos não têm acesso à internet em suas comunidades rurais, e o vestibular exclusivamente on-line vai elitizar ainda mais o acesso à universidade.

Internacional - 11 de junho de 2021

Em 18 de maio, 95 estudantes entre 18 e 20 anos, sendo 74 mulheres e 21 homens da Mactumactzá Rural Normal em Tuxtla Gutiérrez (estado de Chiapas) foram detidos pela Polícia Federal durante um protesto pelo direito à educação e acesso ao ensino superior. Os jovens faziam parte de um grupo de 250 alunos que protestavam pelo direito de fazer o vestibular presencial para o ano letivo 2020/2021, visto que muitos não têm acesso à internet em suas comunidades rurais, e o vestibular exclusivamente on-line vai elitizar ainda mais o acesso à universidade.

Os estudantes bloquearam o pedágio na estrada entre Chiapa de Corzo e San Cristóbal de las Casas, quando foram agredidos brutalmente pela polícia,que atacou com gás lacrimogêneo e agressões. O Estado mexicano prendeu os 95 jovens, sem antecedentes e, sem que tenham sido julgados, na prática já os condenou à tortura, estupros e violências de todo tipo, que sofreram na prisão federal para onde foram levados.

17 estudantes e mais 2 ativistas foram mantidos em prisão preventiva até 3 de junho, e todos os 95 são acusados de crimes de motim, quadrilha, roubo com violência, atentados à paz e à integridade física e patrimonial e ao Estado. O processo é uma farsa e uma série de ilegalidades foi cometida. Os 95 jovens foram transferidos para a prisão federal antes das 48 horas previstas na legislação, assim como foram torturados psicológica e fisicamente durante a noite toda. Há ainda, relatos de abuso sexual sofridos dentro da prisão.

Durante a prisão dos jovens estudantes, as 74 mulheres tiveram suas partes íntimas tocadas, com o pretexto de que estavam sendo revistadas. A violência contra a integridade da mulher é inadmissível! 74 mulheres jovens estudantes, presas por lutar por seus direitos, foram para uma prisão de segurança máxima, sendo estupradas, violentadas e abusadas desde então. Não podemos permitir nenhuma violência contra as mulheres!

Repudiamos veemente o ataque brutal sofrido pelos estudantes, na maioria mulheres, os quais foram violentados e continuaram sendo, ininterruptamente, dentro da prisão federal. Repudiamos a ação da polícia e do Estado! Repudiamos os ataques sofridos pelos estudantes que vêm ocorrendo há anos!

Todos os culpados devem ser punidos, e isso inclui os policiais responsáveis pelas agressões, os comandantes da polícia e o governador de Chiapas! Também são culpados de todos os crimes que foram e seguem sendo cometidos os agentes carcerários e responsáveis pelo sistema penal mexicano, incluindo os juízes, que são coniventes com práticas ilegais. Por fim, o presidente mexicano, López Obrador, é culpado, pois comanda a principal instituição do Estado mexicano, e, desde que chegou ao poder, manteve intacta a estrutura do narcotráfico, dos bandos paramilitares que aterrorizam a população e uma política de criminalização dos protestos sociais.

O ex-presidente PeñaNieto é culpado pelo desaparecimento de 43 estudantes de uma escola da comunidade rural de Ayotzinapa, ocorrido há quase 7 anos e pela impunidade dos assassinos destes jovens até hoje. Agora,o presidente López Obrador é igualmente culpado pela prisão e violações de direitos humanos dos 95 estudantes de Mactumactzá.

Esta e tantas outras situações mostram que as mudanças eleitorais se resumem a alterar quem são as quadrilhas que governam o país, mas sem reduzir seus crimes. O Estado burguês mantém suas instituições perseguindo, matando e prendendo cada vez mais trabalhadores, jovens, mulheres, imigrantes e todos aqueles que já são explorados e oprimidos cotidianamente, e que recebem a fúria da violência capitalista quando ousam protestar.

Mas outros estudantes e trabalhadores estão mobilizados e os ataques da burguesia e de suas instituições será respondido com luta! Graças à luta, primeiramente, 76 estudantes foram libertados! E, no dia 31/05, muitos manifestantes atacaram e queimaram as instalações do Instituto Nacional Eleitoral (INE) no estado de Chiapas, antes das eleições ocorridas em 6 de junho. A grande reivindicação era a libertação dos outros 19 presos de Mactumactzá que continuavam na cadeia.

Os protestos se mantiveram e fortaleceram, e conseguiram a libertação de todos os presos. Mas não é o suficiente: queremos a punição de todos os culpados e a garantia de que o vestibular possa ser feito presencialmente, permitindo a participação de todos os estudantes pobres e de famílias camponesas e proletárias.

– Retirada imediata de todas as acusações aos jovens de Mactumactzá!

– Punição severa a todos os policiais, carcereiros, juízes e políticos culpados diretamente ou indiretamente pelas agressões.

– Pelo direito ao vestibular presencial.

– Mais verbas para a educação, pelo acesso universal, público e gratuito à universidade para todos.