2 anos de pandemia depois, o dia internacional da mulher mostra a continuidade da opressão de gênero e um aumento da desigualdade.

Os dois anos de pandemia de covid-19 deterioraram as condições de vida das mulheres no mundo todo, especialmente a saúde mental, o retorno à vida profissional e o aumento da violência de gênero. A agência ONU Mulheres publicou, em novembro de 2021, uma investigação baseada nos depoimentos de 16.154 mulheres em 13 países de renda média (Colômbia, Ucrânia, Marrocos, Bangladesh, dentre outros). Do total, 45% disse ter sido vítima de violência desde o início da pandemia. A incerteza econômica, o fechamento de escolas ou a sobrecarga mental do trabalho doméstico criaram um ambiente propício ao conflito intrafamiliar. A investigação da ONU revela que duas em cada cinco mulheres sentiram o impacto negativo da pandemia em sua saúde mental.

Mulheres - 7 de março de 2022

Os dois anos de pandemia de covid-19 deterioraram as condições de vida das mulheres no mundo todo, especialmente a saúde mental, o retorno à vida profissional e o aumento da violência de gênero. A agência ONU Mulheres publicou, em novembro de 2021, uma investigação baseada nos depoimentos de 16.154 mulheres em 13 países de renda média (Colômbia, Ucrânia, Marrocos, Bangladesh, dentre outros). Do total, 45% disse ter sido vítima de violência desde o início da pandemia. A incerteza econômica, o fechamento de escolas ou a sobrecarga mental do trabalho doméstico criaram um ambiente propício ao conflito intrafamiliar. A investigação da ONU revela que duas em cada cinco mulheres sentiram o impacto negativo da pandemia em sua saúde mental.

A sobrecarga mental do trabalho doméstico causa maiores riscos de estresse e depressão entre as mulheres do que entre os homens. Essa sobrecarga mental foi reforçada pelo teletrabalho, cuidados com os filhos em casa e restrições de mobilidade. Outro indicador são os estudos realizados sobre a mobilidade das mulheres. Durante os confinamentos, elas tiveram que informar as autoridades sobre seus movimentos (assim como os homens), mas também muitas vezes aos seus parceiros. Este contexto reduziu a confiança das mulheres, que agora “ousam menos se afastar” de suas casas, diz o estudo.

A adaptação ao teletrabalho também é difícil, em razão da intransigência dos patrões, e muitas empresas dificultam a conciliação entre teletrabalho e trabalho doméstico. Muitas mulheres foram forçadas a se demitir porque não conseguiam lidar com o duplo estresse de sua profissão e a sobrecarga mental dos cuidados domésticos. A análise da mobilidade feminina durante a pandemia mostra que elas passavam mais tempo nos afazeres domésticos do que no trabalho, em comparação com os homens e em comparação com a situação anterior à pandemia. Esses estudos revelam que “as desigualdades aumentaram, provocando um retrocesso de vinte anos”.

Em contrapartida, trabalhar em casa causou uma diminuição em casos de assédio sexual, por exemplo. Porém, no retorno ao escritório, por transporte público, os casos de assédio já retornaram e aumentou a sensação de insegurança. Três em cada cinco mulheres questionadas pelo estudo da ONU consideram que o assédio sexual no transporte aumentou em comparação com antes de 2020.

No Brasil, enquanto o desemprego masculino é de 9,0%, para mulheres chega a 13,9%!

O desemprego entre as mulheres costuma ser sempre mais alto que o dos homens. Assim como as mulheres recebem cerca de 20% a menos de salário e ocupam muito menos posições de chefia, mesmo tendo maior escolaridade média que os homens. Mas, na pandemia, esta situação ficou ainda pior. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a taxa de desemprego foi de 9,0% para os homens no 4ª trimestre de 2021, houve um desemprego de 13,9% para as mulheres.

A pandemia agravou ainda mais a desigualdade porque as primeiras a perder seus empregos ou fontes de renda foram as mulheres. Elas ocupam a maioria dos postos de trabalho como autônomas, vendedoras e com trabalhadoras de setores de serviço, atendimento ao público e comércio, os mais atingidos pela pandemia.

Quando o desemprego é analisado por cor ou raça, os resultados são semelhantes aos de gênero: o desemprego foi de 9% entre os brancos, e de 13,6% para os pretos e 12,6% para os pardos. Toda a classe trabalhadora é explorada, mas as mulheres e os negros são oprimidos e muito mais explorados. As trabalhadoras mulheres negras, então, sofrem a pior carga de ataques do capitalismo, que acentua seus efeitos durante os períodos de crise.

Não há capitalismo sem machismo e exploração das mulheres.

A frase já é repetida, mas, mais uma vez, não há o que comemorar neste 8 de março! A cada dia ainda são mais de 100 mulheres estupradas no Brasil.  Em pesquisa feita há apenas dois meses, três em cada 10 mulheres adultas revelaram que já foram ameaçadas de morte por um parceiro ou ex-parceiro. E as mulheres são violentadas de todas as formas: feminicídio, agressões físicas e verbais, estupros, abusos psicológicos e todo tipo de opressão e violência!

Mulheres seguem sendo mortas e violentadas por serem mulheres, pelo machismo estrutural e pela sociedade patriarcal! Mortas pelo capitalismo, que necessita do machismo para se manter!

Como escrevemos no 8 de março de um ano atrás: “Só a luta juntamente com a classe trabalhadora é capaz de destruir este sistema que oprime as mulheres. A única saída das mulheres é a ação direta! A luta nas ruas, na ação combativa, a AÇÃO FEMINISTA! A luta das mulheres é de toda a classe trabalhadora e de todos os oprimidos que são vítimas do capitalismo!”. Esta tarefa segue ainda mais atual!

– Salários iguais já, com cota mínima de 50% para as mulheres nas empresas públicas e privadas, incluindo os cargos de chefia.

– Tolerância zero com a violência contra a mulher. Prisão inafiançável de todos os abusadores e agressores de mulheres, e confisco de seus bens para reparação às vítimas.

– Creche pública para todas as crianças até a idade escolar, em tempo integral e com turno inverso!

– Políticas públicas para que as mães possam ter trabalho. Pleno emprego para as mulheres.

– Criação de lavanderias e restaurantes públicos e gratuitos, pela libertação do trabalho doméstico.

– Assistência social e saúde de qualidade às famílias.

– Legalização do aborto. Pelo aborto legal, seguro e gratuito.

– Liberdade reprodutiva, com contraceptivos para não engravidar, apoio à mulher que quiser ter sua gestação (pré-natal, acompanhamento médico e condições financeiras garantidas) e acesso público e gratuito ao direito de laquear.

– É urgente um levante das mulheres e de toda a classe trabalhadora!

– FORA BOLSONARO! Fora Todos!