100 ANOS DA REVOLUÇÃO QUE ABALOU O MUNDO

A Revolução Russa de 1917 marcou uma era inteira e ainda mostra o caminho a seguir. Até 1917, parecia natural achar que o capitalismo duraria para sempre; que os trabalhadores estavam condenados eternamente a serem miseráveis e explorados; que as mulheres não teriam nunca o direito ao divórcio, a decidir sobre seu próprio corpo; e que muitos pobres seguiriam se matando em guerras que não lhes diziam respeito, mandados por senhores proprietários de fortunas e donos de países inteiros.

Mundo - 7 de novembro de 2017

A Revolução Russa de 1917 marcou uma era inteira e ainda mostra o caminho a seguir. Até 1917, parecia natural achar que o capitalismo duraria para sempre; que os trabalhadores estavam condenados eternamente a serem miseráveis e explorados; que as mulheres não teriam nunca o direito ao divórcio, a decidir sobre seu próprio corpo; e que muitos pobres seguiriam se matando em guerras que não lhes diziam respeito, mandados por senhores proprietários de fortunas e donos de países inteiros.

Depois da Revolução socialista de 1917, o mundo assistiu entusiasmado e assustado a este mundo antigo sendo posto no lixo, ao mesmo tempo em que surgia outro mundo, baseado na igualdade, no emprego para todos, na democracia verdadeira aos trabalhadores, na saúde e educação para toda a população. A mudança da vida de milhões de pessoas em 1917, infelizmente, foi abortada e traída por um golpe dado por setores do próprio partido Bolchevique, o partido revolucionário responsável por dirigir o processo heróico e extraordinário da Revolução Russa.

Os traidores da revolução, com Stálin como líder, contaram com a adesão de milhares de oportunistas recém integrados ao partido, mas, mesmo assim, só conseguiram dar o golpe na direção revolucionária do partido e nos conselhos dos trabalhadores (soviets) porque a Revolução não conseguiu se expandir para outros países. E, como tudo que não avança, a revolução retrocedeu.

Foi a derrota do proletariado a nível mundial que permitiu a degeneração da Revolução Russa, mas, ainda assim, o stalinismo precisou cometer um banho de sangue, com o assassinato de milhões de revolucionários e operários de base, para que os traidores ficassem com o poder.

Isso prova 2 coisas: a) é possível acabar com o capitalismo e implantar uma sociedade sem exploração; b) uma nova sociedade não vai se deturpar se triunfar no mundo inteiro. O único “antídoto” contra a burocratização é a extensão da revolução a todo mundo, na chamada Revolução Permanente, como defendia Trotski, herói revolucionário.

Somente a revolução permanente e sua vitória em âmbito mundial, destruindo o capitalismo, poderiam garantir as conquistas dos trabalhadores, e, ao isso não ocorrer, abriu-se o caminho para a burocratização e a degeneração da própria revolução russa, isolada e combatida pelo capitalismo do planeta inteiro. Não há atalhos nem caminho fácil. Mas os bolcheviques mostraram, há 100 anos, que ele é possível. Um século depois, vemos que ele é ainda mais necessário!

Calendário da Revolução de 1917

09/01 – Aniversário do Domingo Vermelho, que iniciou a Revolução de 1905. Greve em Petrogrado com 150 mil operários

14/02 – Aberta sessão da Duma, parlamento russo. 800 mil operários em greve em Petrogrado

23/02 – Dia internacional da mulher. Greve e manifestações em Petrogrado. Começa a Revolução de Fevereiro

27/02 – Greve geral, começada 2 dias antes, vira insurreição popular. Soldados fazem motim e se aliam a operários. 1ª reunião do soviet de Petrogrado

02/03 – 1º governo provisório, com príncipe Lvov, apoiado pelo soviet. Kerenski é ministro

03/04 – Lênin chega a Petrogrado. No dia seguinte, apresenta as Teses de Abril aos bolcheviques

20 e 21/04 – Jornadas de Abril. Lutas contra a continuação da guerra “até o final” defendida pelo governo

28/04 – Soviet de Viborg, principal bairro operário de Petrogrado, cria Guarda Vermelha

05/05 – 2º governo provisório, o 1º de coligação burguesa e operária. Lvov ainda é presidente

18/06 – ordem de Kerenski, então ministro militar, 2 dias antes, para “ofensiva geral”, é respondida por manifestação de 500 mil, com palavras de ordens bolcheviques: “Abaixo os ministros capitalistas”

03,04 e 05/07 – Jornadas de Julho. Regimentos armados nas ruas. Primeiros tiroteios. “Todo poder aos Soviets”

06/07 – Fracasso da ofensiva russa. Ordem de prisão a Lênin e Zinoviev, que passam à ilegalidade

23/07 – Prisão de Trotski

24/07 – 3º governo provisório, com a direção de Kerenski, menchevique (partido operário oportunista)

26 a 31/07 – 6º Congresso bolchevique resolve fusão com Mejraiontsi, partido de Trotski

12/08 – Greve geral contra Kerenski

25/08 – General russo, Kornilov, marcha contra Petrogrado, por um golpe de direita

31/08 – 1ª vitória bolchevique no soviet de Petrogrado. 1 dia depois Kornilov é preso

05/09 – 1ª vitória bolchevique no soviet de Moscou. Trotski é libertado 1 dia antes

09/09 – Soviet de Petrogrado assume maioria bolchevique.

19/09 – Soviet de Moscou elege maioria bolchevique

23/09 – Trotski é eleito presidente do soviet de Petrogrado. 2 dias depois forma-se 4º e último governo provisório, ainda dirigido por Kerenski

07/10 – Bolcheviques abandonam pré-parlamento, depois de dias de greves e motins

10/10 – Comitê Central bolchevique decide tomar o poder por 10 votos contra 2

21/10 – Comitê Revolucionário Militar (CMR), formado pelos soviets, declara-se soberano. Duplo poder

24/10 – Ordem de prisão a bolcheviques envolvidos nas Jornadas de Julho. Kerenski chama tropas, e ninguém obedece.

25/10 – CMR ordena ocupar estações, pontes, telégrafos e dissolução do pré-parlamento. Trotski preside sessão do Soviet de Petrogrado que destitui governo provisório. Às 22:40 é aberto o 2º Congresso dos Soviets, que confirma a tomada do poder

26/10 – Às 2h da manhã toma-se o Palácio de Inverno e prende-se governo provisório. Decretos de Paz e sobre a terra. Abolida a pena de morte

A vitória dos trabalhadores sobre a exploração passou por muitos caminhos. Antes da revolução, os trabalhadores acreditaram no governo do príncipe, depois na “Frente Popular” do príncipe com apoio dos operários traidores, depois no governo dos operários traidores diretamente. Por fim, mentia-se para a classe trabalhadora sobre a realização de uma Assembléia Constituinte e amedrontava-se os que queriam mudar o país com o fato de que “só” eram maioria em Petrogrado e Moscou.

Os bolcheviques sempre foram minoria no movimento de massas, mesmo na Revolução que derrubou o czar em fevereiro, nas Jornadas de Abril e de Julho, na “guerra civil” contra Kornilov e até as vésperas da tomada do poder. Os poucos bolcheviques, em épocas de paz, eram, e só podiam mesmo ser, menores que os reformistas, os aproveitadores e os operários sem princípio. Quando a revolução se aproximava, porém, só os criticados e pequenos bolcheviques é que podiam dar as respostas corretas aos trabalhadores.

Os chamados operários “de esquerda”, mas que não defendiam a revolução até o fim, mostraram que, na revolução, quem desvia-se alguns centímetros da revolução cai na contra-revolução. Os que pareciam ser tão sensatos, saber tanto dialogar com a massa e fazer alianças para crescer, acabaram na linha de frente da defesa do capitalismo contra o poder dos trabalhadores. Muito deles chegando a pegar em armas contra a revolução socialista, a qual acusavam de provocação, golpe ou ultraesquerdismo.

O que diz Lênin: “a maioria ativa dos elementos revolucionários do povo de ambas as capitais é suficiente para arrastar as massas, para vencer a resistência do adversário, para destruir, para conquistar o poder e mantê-lo.”; “Também não é possível esperar a Assembléia Constituinte (…). Só o nosso partido tomando o poder pode garantir a convocação da Assembléia Constituinte e, tomando o poder, acusará os outros partidos de protelação, e provará a acusação.”; “O povo está cansado das vacilações dos mencheviques e dos socialistas revolucionários. Só a nossa força nas capitais arrastará os camponeses atrás de nós.” “é ingênuo esperar pela maioria formal. Nenhuma revolução esperou por isso”.

Fica evidente que as eleições, como defendem o PT e o PSOL, ou o zigue-zague entre frases revolucionárias e práticas eleitoreiras e anti-democráticas, são o oposto da luta sem tréguas de Lênin para tomar o poder e implantar um Estado dos Trabalhadores.

Por fim, Leon Trotski, em Conferência pronunciada na Dinamarca, explica:

“Sem a insurreição armada de 25 de Outubro de 1917, o Estado soviético não existiria. Mas a insurreição não caiu do céu. Para a Revolução de Outubro era necessário uma série de premissas (condições) históricas.”. Eram elas:

1) A podridão das velhas classes dominantes; 2) A fraqueza da burguesia para assumir o poder; 3) O caráter revolucionário da questão da terra; 4) O caráter revolucionário das nacionalidades oprimidas; 5) A importância social do proletariado.

Além disso, condições conjunturais excepcionais: 6) O aprendizado com a Revolução de 1905; 7) A radicalização por causa da 1ª Guerra Mundial.

Por fim, o MAIS IMPORTANTE: 8) O Partido bolchevique. Sobre a importância deste elemento, discursou: “habituaram-se a dar o poder e não a tomá-lo pra si. Trabalham pacientemente, esperam, perdem a paciência, sublevam-se, combatem, morrem, dão a vitória aos outros, são traídas, caem no desânimo, submetem-se, voltam a trabalhar. Assim é a história das massas populares sob todos os regimes. Para tomar com segurança e firmeza o poder nas mãos, o proletariado tem necessidade de um partido que ultrapasse de longe todos os outros partidos, não só na clareza de pensamento, mas também na decisão revolucionária.”

Toda conquista dos trabalhadores, no capitalismo, passa pela necessidade de acabar com o próprio capitalismo. No atual sistema, os trabalhadores não vão ganhar mais nada, só perder. Toda luta é para impedir retirada de direitos ou para conquistar avanços que, logo em seguida, serão retirados. Toda reivindicação, se levada a sério, termina por ser socialista, pois vai exigir, para ser conquistada e mantida, que se tome o poder e se construa o socialismo com os trabalhadores controlando cada um dos países.

Esta é a importância do exemplo da Revolução Russa, 100 anos depois. Junto com a Revolução que abalou o mundo, como celebremente escreveu John Reed, fazem aniversário, ainda que sejam bem mais velhos do que 100 anos, a fome, o desemprego, a violência, as ditaduras, as falsas democracias de falsos representantes do povo, a traição de dirigentes vendidos e carreiristas, que abandonam seus ideais para seguir o caminho mais fácil, mais simpático e que garanta mais conforto. Sem socialismo e novas Revoluções de Outubro, todo o sofrimento, a pobreza e a destruição não apenas não acabarão, como se tornarão ainda mais graves.

Por isso, nós comemoramos o centenário da Revolução Russa em 2017 não apenas para lembrá-la em dias de festa, mas para tomá-la como exemplo. Para o Movimento Revolucionário Socialista, cada greve, cada passeata, luta por moradia ou contra os ataques do governo Temer, tem um só propósito: ACABAR COM A EXPLORAÇÃO, COMO ACONTECEU NA RÚSSIA EM 1917, E CONSTRUIR UM GOVERNO REALMENTE DOS TRABALHADORES, POR MEIO DE CONSELHOS POPULARES, QUE DERRUBEM OS EXPLORADORES E SEJAM O 1º PASSO PARA UM MUNDO DIFERENTE, UM MUNDO IGUALITÁRIO, DE FARTURA E SOCIALISTA.

Entre no Movimento Revolucionário Socialista e ajude a organizar a luta pelo socialismo.